terça-feira, 5 de abril de 2011
Cariri registra avanços em transplantes de órgãos
Juazeiro do Norte. O Cariri comemora avanços na área médica. São 200 transplantes renais realizados desde 1994, quando foi iniciado os trabalhos com pacientes renais. Uma Jornada Médica e outra na área de Enfermagem reuniram profissionais da região e as maiores autoridades da área para debater sobre o tema.
O trabalho pode avançar para outras áreas voltadas para transplantados de córnea e fígado. O Cariri, com a marca alcançada, depois de Fortaleza e Recife, é um dos centros que mais transplantou ao longo dos últimos anos, e o primeiro centro credenciado para realizar transplantes de rins no interior do Norte e Nordeste.
Uma das grandes dificuldades ainda tem sido a conscientização dos doadores, mas esse trabalho, segundo autoridades da área, poderá mudar com o envolvimento maior dos profissionais e um trabalho de educação com a sociedade. As jornadas ocorreram no último fim de semana.
Autoridades no tema
E não só os profissionais da área médica estiveram presentes na Jornada, como estudantes de Medicina, e também pacientes transplantados há mais de 10 anos, que receberam homenagens especiais pela comemoração. Um dos médicos que compõe a equipe no Cariri e presidente da Jornada Médica de Transplantes da região do Cariri, Valêncio Carvalho, classifica esse momento como uma ousadia, por trazer personalidades no tema em nível nacional. "Isso demonstra o impulso que a região tem tido na área de transplantes", diz.
Apesar do trabalho iniciado em 1994, efetivamente, segundo o médico, foi incrementado dez anos depois. Ele destacou a oportunidade também para os estudantes, como meio de ter mais formadores de opinião acerca da doação de órgãos. "A quantidade de doação no Cariri ainda é muito pequena, e esperamos melhorar esse potencial", afirma Valêncio Carvalho. Ele destaca o potencial da região para aumentar o número.
O presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, Ben-Hur Ferraz Neto, destaca a importância de regras pré-definidas para a realização de transplantes nas regiões do País seguindo critérios.
Ele diz que o processo de regionalização é possível, mediante estudo da situação real de cada Estado, beneficiando os doentes. "Desde que as regras sejam claras e estabelecidas previamente", explica. Ele ressalta não ser possível colocar em risco a conquista da transparência do sistema. "Hoje todo mundo tem a certeza de que ninguém passa na frente do outro por questões econômicas", diz.
Ben-Hur classifica a ação do Cariri como um grande passo no desenvolvimento do transplante na região e no interior do Estado. No que diz respeito aos transplantes renais, segundo ele, têm ocorrido de forma muito adequada. "Vejo que tem que dar outros passo e, a médio prazo, se estabelecer transplantes de coração de fígado e outros necessários na região", afirma.
Para isso, conforme ele, há a necessidade de investimento e modernização da saúde. Ele avalia que as campanhas devem ser ampliadas, bem como é preciso uma melhor coordenação dentro dos próprios hospitais, para identificar e cuidar dos potenciais doadores.
Melhoramentos
As etapas onde existem pontos críticos estão sendo melhoradas aos poucos, segundo o médico. As captações dos órgãos acontecem em Barbalha e os transplantes ocorrem no Hospital Dr. Raimundo, no Crato. "Hoje somos referência no interior", destaca ele.
O presidente da Jornada afirma que atualmente já acontecem transplantes de córnea na região e há uma perspectiva positiva para os transplantes de fígado. Mesmo assim, ele destaca que quem for doar órgãos na região, há condições de serem captados fígado, rins e córneas. No caso das córneas, os transplantes podem ocorrer no Hospital São Francisco, no Crato, e Hospital Santo Inácio, em Juazeiro do Norte. As cirurgias para os transplantes hepáticos ocorrem em Fortaleza.
O médico vê com otimismo a vinda do Hospital Regional do Cariri e esse equipamento poderá ser uma fonte importante de captação de órgãos, e futuramente até permitir a instalação de serviço de transplante. A estatística de êxito dos transplantados é considerada, de acordo com Valêncio, dentro das expectativas nacional e internacional. "As drogas que existem lá foram são as mesmas que existem na região, com os mesmos números e as modalidades de sobrevida, em torno de 95 a 97%", salienta.
O estudante de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Rommy Pinto Lopes, destaca o evento como um marco científico para o desenvolvimento da ciência. "Essa área é um alvo da Medicina muito interessante e a necessidade da população é muito grande". Rommy aplica essa realidade para um futuro promissor na região, principalmente no sentido de conscientização dos que iniciam na área e da própria população.
A dona-de-casa Luciene Rodrigues de Sousa foi um a das cinco primeiras pacientes a receber um novo rim. Ela diz que conquistou uma nova vida, mas ainda teve que realizar durante dois anos hemodiálise, período em que teve a filha Vitória, em 2004. Um ano depois recebeu o órgão de sua irmã, que veio de São Paulo, especialmente para realizar a cirurgia. "Não tive dificuldade de espera porque assim que ela soube que os meus rins estavam sem função, disse que seria a minha doadora".
Fique por dentro
"Doe de Coração"
Dentro do processo de conscientização da sociedade, campanhas são fundamentais, para educar e sensibilizar quanto à dação de órgãos. A Fundação Edson Queiroz e a Universidade de Fortaleza (Unifor), com o apoio do Sistema Verdes Mares, desenvolvem a campanha Doe de Coração, com o objetivo de promover a conscientização pela doação voluntária de órgãos, em benefício das pessoas que estão na fila de espera por um transplante. A campanha tem auxiliado de forma significativa para o aumento no número de doadores no Estado, que em 2008 ganhou o Prêmio Amigo do Transplante e foi contabilizado, nesse período, o total de 739 doadores.
Em 2010, segundo a Associação Brasileira de Transplantes e Órgãos (ABTO), o Ceará, no primeiro trimestre de 2010, obteve o segundo melhor desempenho no País na doação de órgãos. O movimento Doe de Coração reafirma seu propósito inicial de contribuir para uma maior conscientização sobre o tema doação de órgão, dando-lhe maior visibilidade.
Avanços
"Os transplantes no Cariri acontecem de maneira adequada. É um grande passo"
Ben-Hur Ferraz Neto
Pres. da Assoc. Brasileira de Transplantes de Órgãos
"O Cariri é o centro que mais transplantou e o 1º credenciado no interior do NE"
Valêncio Carvalho
Pres. da Jornada Médica de Transplantes do Cariri
MAIS INFORMAÇÕES
Associação dos Amigos e Pacientes Renais do Cariri (AAPRC)
Rua Todos os Santos, 592, Juazeiro do Norte (CE), telefone: (88) 3512.3519
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
CENTRO-SUL
Doadores de medula superam índice
Iguatu. De um cadastro de apenas 4.500 pessoas, no Hemocentro desta cidade, foram localizados três doadores compatíveis para medula óssea. É um índice que supera as estatísticas oficiais e a probabilidade de que para cada grupo de 100 mil doadores há apenas um compatível. O bom resultado foi comemorado pela direção e pelos técnicos locais, mas a falta de informação e o temor fazem com que muitos não aceitem ser futuros doadores.
No ano passado, a campanha para incentivar doadores de medula óssea foi intensificada pelo Hemocentro local, que atende 25 Municípios das regiões Centro-Sul, Vale do Salgado, Inhamuns, Sertão Central e Vale do Jaguaribe. O cadastro de doadores dobrou em relação a 2009 e chegou a quase cinco mil. "Conseguimos três doadores compatíveis", comemora o enfermeiro responsável pelo setor de Captação de Doadores, Emanuel Martins. "Isso demonstra que o nosso ´sangue é bom´".
O índice de doadores compatíveis foi elevado tendo como base as estatísticas nacionais e supera o de muitas capitais e de grandes cidades no Brasil. "É um dado surpreendente", disse Martins. "Com menos de cinco mil cadastros conseguimos três doadores compatíveis".
Na região, há cerca de 650 mil moradores. Ainda há muito que avançar e ampliar o rol dos doadores. A campanha esbarrou no medo e no desconhecimento da população. Quando da doação de sangue, os técnicos dos hemocentros dão informações e indagam se a pessoa aceita fazer parte do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). A maioria, após ser esclarecida, confirma.
Ser doador de medula óssea no Brasil é bem mais simples do que a maioria das pessoas pensa. Inicialmente é feita uma coleta de 10ml de sangue por técnicos dos hemocentros. O procedimento é fácil, seguro, sem risco para o paciente. O sangue coletado é enviado para um banco nacional com dados do doador no Ministério da Saúde.
Seu sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), teste de laboratório para identificar suas características genéticas que podem influenciar no transplante. Seu tipo de HLA será incluído no cadastro. Os dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se houver compatibilidade com algum paciente, outros exames serão necessários e se for confirmada, a pessoa será consultada para confirmar que deseja doar.
A rede de hemocentros não tem informações sobre a confirmação da compatibilidade, se realmente houve a doação e sobre o paciente receptor. São dados sigilosos. "O nosso papel é de atualizar o cadastro dos doadores, que podem mudar de endereço, e de localizá-los quando necessário", disse Martins.
Diário do Nordeste
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
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