segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ceará é destaque em empresas de inovação tecnológica

No Ceará também se produz ciência e tecnologia. A extração de óleo das vísceras da tilápia para aplicação nas indústrias de rações balanceadas e biodiesel e o bio-processamento de resíduos na carcinicultura são exemplos
Na área de inovação tecnológica, o Ceará já dispõe de vários projetos e tecnologias que seguem os princípios da sustentabilidade econômica, social e ambiental. A extração de óleo das vísceras da tilápia, que pode ser utilizado em rações animais (aves e suínos) e na produção de biodiesel é uma delas. Além de evitar a poluição do ambiente, a tecnologia desenvolvida pela Piscis ganha ainda mais importância porque o Estado é o maior produtor de tilápia do Brasil, com 20 mil toneladas/ano.

O proprietário da Piscis, André Siqueira, explica que essa tecnologia pode ser aplicada para outros peixes, como carpa e pacu, produzidos em grandes quantidades. A empresa de base biotecnológica, instalada na Incubadora Tecnológica do Centec (Intece), também está trabalhando o aproveitamento das vísceras da tilápia em produtos voltados para a agricultura e alimentação animal. Siqueira acrescenta que a produção do óleo, aproximadamente quatro toneladas/mês, ainda é pequena mas tem tudo para crescer. Segundo ele, tem muita demanda pelo produto que é rico em ômega 6.

Hoje a empresa atua junto aos produtores de Nova Jaguaribara/açude Castanhão. Com a expansão, pode chegar a outros centros produtores de tilápia como Orós e Região Metropolitana de Fortaleza. A Piscis coleta as vísceras da tilápia, que são poluentes, e processa extraindo o óleo, atualmente vendido a R$ 1.600 a tonelada para empresas que fabricam rações. Beneficiando o meio ambiente com produtos inovadores, a empresa cearense Piscis será um dos destaques da XI Conferência da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas de Inovação (ANPEI), que começa hoje e prossegue até a próxima quarta-feira, no Centro de Convenções de Fortaleza.

Outra tecnologia desenvolvida por cearenses, é a do bio-processamento de resíduos da carcinicultura. Por via microbiológica, que não agride o meio ambiente, a química industrial e doutora em biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RenorBio), Tecia Vieira Carvalho, e a professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vânia Maria Maciel Melo, conseguiram obter a quitina e a quitosana dos resíduos do camarão, especialmente da cabeça. A quitosana é largamente usada nas indústrias farmacêutica, de cosméticos, de alimentos e em biorremediação - para limpar áreas poluídas por petróleo e metais pesados.

Tecia conta que no desenvolvimento da tese também isolou uma mistura de pigmentos, proteínas e minerais que pode ser usada como ração de peixes e outros animais. Adianta que também foi feito o estudo de viabilidade técnica e econômica do processo. Esse trabalho gerou um projeto, em parceria com a empresa Aquacrusta Marinha Ltda, para implantação da primeira unidade de bio-processamento dos resíduos da carcinicultura em Acaraú. O projeto ganhou financiamento dos Recursos Humanos para Área Estratégica (RHAE) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para contratar quatro bolsistas. Também aprovado pelo Fundo de Inovação Tecnológica (FIT) da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) os parceiros esperam um financiamento, na faixa de R$ 200 mil, que junto com a contrapartida de R$ 120 mil da Aquacrusta vão permitir o funcionamento da unidade.

A tecnologia também estará na ANPEI e é de grande importância para o País, pois a carcinicultura é uma atividade crescente no Brasil, sendo o Ceará o segundo maior produtor, com cerca de 4,6 mil toneladas/ano. A grande quantidade de resíduos que a atividade gera pode ser transformada em produtos de valor comercial expressivo. De acordo com dados da Sigma Aldrich, os valores de mercado são US$ 1.424/kg de quitina, US$ 2.381/kg de quitosana e US$ 2.200/kg de astaxantina.



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ENTENDA A NOTÍCIA

Para quem busca tecnologias para o agronegócio, um dos caminhos é o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica e à Transferência de Tecnologia (Proeta), da Embrapa. Mais informações em www.sct.embrapa.br/proeta .


O Povo Online.
Artumira Dutra
artumira@opovo.com

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