Grandes reservatórios favorecem o ciclo das águas e influenciam a ocorrência de chuvas nos Municípios
Iguatu O acúmulo de água em grandes reservatórios tem influência significativa no aumento de precipitação em área que pode abranger vários Municípios. Levantamentos comparativos do índice de chuva antes e depois da construção do Açude Orós, na região Centro-Sul, e do Açude Castanhão, no Vale do Jaguaribe, as duas maiores barragens do Ceará, comprovam que houve elevação do índice de pluviometria nas cidades de Iguatu e Quixeramobim.
A pesquisa mais recente foi feita pelo presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, e incluiu o intervalo de tempo de oito anos antes e após a Construção do Açude Castanhão. O reservatório foi concluído em 2004 e é o maior do Ceará, com capacidade para acumular 6,7 bilhões de metros cúbicos. Entre 1996 e 2003, foram registrados no Município de Quixeramobim, em média, 654 mm. No período entre 2004 e 2011, a média pluviométrica foi de 772 mm. Houve, portanto, um aumento de 18%.
"Os dados confirmam que água atrai água", observa José Maria Pimenta. "O nosso levantamento é de apenas oito anos, mas o suficiente para apontar uma tendência de crescimento do índice pluviométrico no Município de influência do Castanhão". Para Pimenta, o levantamento não foi surpreendente, mas confirma estudos que demonstram influência de grandes espelhos de água em formação de microclima. "Mesmo em Israel, a área de faixa de 50km litorânea chove bem mais do que em outras localidades", frisa. "Onde há água, o clima é alterado para melhor".
Pimenta destaca que a agricultura de sequeiro - aquela que depende exclusivamente da chuva - é favorecida em áreas de influência dos grandes açudes no Ceará. "Reduz perdas do plantio e contribui para uma melhor distribuição geográfica da chuva", disse. "É mais um argumento a favor da política pública de construção de reservatórios". O presidente da Ematerce informou que os estudos vão continuar. "No período de 50 anos teremos uma leitura que permitirá melhor comparação entre a pluviometria antes e depois da construção do Castanhão.
Orós
É justamente o período de meio século de levantamento comparativo de ocorrência de chuva antes e após a construção do Açude Orós, que permite comprovar a influência do reservatório no quadro pluviométrico em Iguatu. A pesquisa foi feita em 1991, quando o reservatório completou 30 anos, pelo agrônomo Nicédio Nogueira, atual presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) do Estado do Ceará, e atualizado até dezembro passado.
Na época, o autor era técnico da Ematerce e secretário de Agricultura de Iguatu. "Havia uma discussão local sobre a influência do reservatório no aumento das chuvas em Iguatu", lembra. Outra questão era descobrir por que chove menos em áreas próximas a Acopiara, que não são beneficiadas pela direção dos ventos, os quais sopram de nordeste para sudoeste.
"Fui buscar dados na Sudene, Rede Ferroviária e na Funceme", contou Nogueira. "Fiz um levantamento a partir de 1912 e consegui constatar o que as pessoas falam por intuição ou observação", disse. A planilha revela que a média pluviométrica de 50 anos antes da construção do Açude Orós foi de 752mm e, após a obra, foi de 981mm. Uma diferença numérica de 229mm - ou um aumento de 30,44%.
A série histórica feita por Nicédio Nogueira revela que, em 15 dos 50 anos que antecederam a construção do Orós, houve precipitações acima da média. Após a construção do açude, houve 31 anos de chuvas superiores à média do Estado, que é de 700mm.
Outro dado revela que o número de anos que registraram chuvas acima de mil milímetros foi de apenas nove, enquanto, no período posterior, foram 23.
Nogueira lembra que o estudo comparativo que demonstrou a influência do Orós no aumento da pluviometria de Iguatu, feito há 20 anos, foi determinante para sugerir ao presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, a elaboração de um levantamento pluviométrico antes e após o Açude Castanhão.
"O ideal era que fossem feitas pesquisas sobre pluviometria em outros Municípios de influência desses dois reservatórios, para que tivéssemos uma melhor comparação", ressalta Nicédio Nogueira. Antes do Orós, em nove anos não houve registro de nenhuma chuva de julho a dezembro, enquanto que, nos 50 anos após o Orós, há chuvas todos os anos, no mesmo período.
Mais informações:
Ematerce Fortaleza
Fone: (85) 3101. 2416
Organização das Cooperativas do Brasil - Seção Ceará (OCB)
Telefone: (85) 3535. 3670
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
Funceme divulga prognóstico dia 20
Juazeiro do Norte No próximo dia 20, quando será encerrado o Workshop Internacional de Avaliação Climática do Semiárido do Nordeste, será divulgado o prognóstico das chuvas no Estado do Ceará. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), este será o último dia em que pesquisadores se reúnem para debater sobre clima, em evento que terá início no próximo dia 16, em Fortaleza. Por conta do fenômeno La Niña, a expectativa é que o inverno esteja garantido no Estado.
O evento, em sua 14ª edição, reúne pesquisadores e técnicos, incluindo os meteorologistas da Funceme, técnicos convidados da Ematerce, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) são convidados, além de representantes de nove escritórios de meteorologia do Nordeste, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), Estados Unidos e Europa.
Segundo a Funceme, a média chuvosa no Estado normalmente é divulgada no último dia do workshop. Uma das avaliações que serão realizadas refere-se à evolução da temperatura, desde outubro de 2011, do Oceano Atlântico, principalmente próximo ao Nordeste brasileiro. Mas, diante do que já foi avaliado referente ao La Niña, há uma forte tendência de que não haja chuva abaixo da média histórica. Os agricultores do interior, a exemplo do Cariri, aguardam mesmo as chuvas para iniciar o plantio.
A distribuição das sementes do Programa Hora de Plantar começaram na última segunda-feira, no Cariri, primeira região a receber a remessa, por conta da quadra invernosa iniciar primeiro. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, Antônio Alves da Gama, o Tota, afirma que ainda é grande o número de agricultores que procura a sede da Ematerce para buscar sementes selecionados para o plantio, mas muitos também se anteciparam em plantar com próprios recursos.
Mais informações:
Escritório da Ematerce
Praça Filemon Teles, S/N
Centro do Crato
Região do Cariri
Telefone: (88) 3521. 2835
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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