quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ORÓS - Encontro de experiências de chuva

HONÓRIO BARBOSA

Poeta e músico Zé Vicente organiza o encontro dos agricultores, que ele prefere chamar de guardadores de experiências populares, e não profetas das chuvas, como são conhecidos em outras regiões do Estado

Natureza indica bom inverno

Orós As observações populares sobre plantas, animais e ventos podem indicar características da quadra invernosa que se aproxima no Ceará. No Sítio Aroeiras, na zona rural de Orós, na região Centro-Sul, um grupo de agricultores participou do 4º Encontro dos Guardadores de Experiências Populares de Chuva e de Sementes no Sertão. A iniciativa, do projeto Sertão Vivo, objetiva manter a tradição e a memória dos antepassados que, nos meses de dezembro e janeiro, costumavam fazer previsões acerca do inverno.

Aos poucos, os agricultores vindos dos sítios vizinhos chegam ao Sítio Aroeiras. Cada um traz suas observações feitas nos últimos dias. Conversam entre si, trocam ideias e fazem uma roda de conversa informal sob a sombra de uma frondosa aroeira. O autor do projeto é o poeta e músico Zé Vicente, que logo faz um aviso: "Não é uma reunião de profetas, mas de guardadores de experiências populares, para manter viva a história, o costume do sertanejo".

Neste ano, a preocupação é de todos, embora a maioria acredite que no sertão haverá boas chuvas. O tempo permanece quente, não houve registro de precipitações na segunda quinzena de dezembro e nos primeiros dias deste janeiro.

"Teremos um inverno tardio, mas será muito bom", comentou o agricultor Antônio Alcântara, 78 anos, que desde criança acompanhava os avôs em suas experiências de previsão sobre as chuvas. Ele se baseia no vento Aracati, que sopra sobre o sertão vindo do litoral.

O agricultor Hélio Barros participa desde o terceiro encontro e entra logo na conversa. "A gente que anda pelo mato vê a formiga, o cupim e faz acertos e erros, mas digo que, quando chove em novembro, o inverno é ´desmantelado´", observou. "Neste ano, as chuvas só a partir de março". O agricultor e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Pedro Edimir Bezerra, solta um lamento profundo pela mudança dos tempos. "O homem desmatou muito, coloca veneno em tudo que é plantação, mata bichos e a natureza mudou", frisou. "Não é mais como antes e isso prejudica as experiências que os nossos pais faziam".

José Nilson Oliveira, agricultor do Distrito de Guassussê, acredita que "logo, logo, o inverno vai começar". Depois de ouvir o relato de experiências dos amigos, sentencia: "A chuva chega já, já, e muito forte", disse. "Não há porque ficar preocupado e é só esperar um pouco mais que vai cair muito água".

Mais informações:

Projeto Sertão Vivo
Coordenação Zé Vicente
Município do Orós
Região Centro-Sul

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

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