Aprendendo sobre design e modos de produção, dezenas de mulheres melhoram suas rendas familiares
Quixelô Mãos acostumadas a tarefas domésticas e à produção rural agora entrelaçam fios e fazem lindas peças em renda de filé em três localidades do entorno do Açude Orós - Jiqui, Ilha Grande, Lagoa do Pé da Serra e Paus de Leite da Carrancuda. O artesanato aos poucos está mudando a vida de 60 mulheres que sonham com o crescimento da renda familiar e da exportação dos seus produtos. Coragem e motivação para o trabalho elas têm de sobra, e batalham por novos caminhos para a venda dos vários modelos de renda.
O projeto começou a ser implantado nas comunidades rurais de Quixelô há três anos, mas faz uma década que algumas mulheres começaram a trabalhar na atividade artesanal. Atravessadores de Jaguaribe aprovaram a ideia e a proposta de trabalho.
"A gente recebia o material para confeccionar a renda e um ou dois modelos simples, básicos", conta a presidente da Associação de Artesãs do Quixelô, Gesilene Josino. "O ganho era pouco, mas foi o começo", comenta.
Jaguaribe é um dos centros produtores de artesanato no Ceará, com atividade crescente no centro urbano e em várias localidades rurais. É comum, nas casas, mulheres produzirem a renda de filé e bordados. Quixelô, Orós e Jaguaribe são Municípios vizinhos e, por isso, recebem a visita de atravessadores que incentivam donas de casa e jovens a produzirem peças.
Os compradores fornecem materiais e adquirem as peças sob encomenda. "O atravessador é um mal necessário", comenta a artesã Joelma Silva.
Algumas artesãs perceberam que o trabalho unido proporcionaria melhor renda, facilitaria a produção em maior quantidade e garantiria assistência de instituições ligadas ao setor. Após reuniões e debates sobre as dificuldades iniciais enfrentadas pelas artesãs da Bacia do Açude Orós, surgiu a ideia de formação da Associação de Piscicultores e Artesãs de Quixelô. Como o nome sugere, a entidade reúne produtores de peixe e de artesanato.
A Secretaria de Agricultura do Município e o Sebrae, por meio do escritório regional de Iguatu, passaram a apoiar a atividade no meio rural de Quixelô. Foram ofertados cursos e treinamentos sobre produção, modelos variados e designer moderno das peças para a conquista do mercado estadual e nacional.
"Vimos a importância desse grupo e o esforço de cada em melhorar as condições de vida", afirma a secretária de Agricultura, Marta Rocha. "Passamos a dar apoio logístico, ajudar no transporte e nas viagens".
O Sebrae foi um parceiro importante. "Trouxe profissionais que orientaram a produção, deram capacitação", frisa a artesã Gislene Costa. "Aprendemos e crescemos muito a partir dos treinamentos, pois, antes, os modelos das peças eram limitados", destaca. Outra instituição parceria é a Central de Artesanato do Ceará (Ceart). Há um ano que peças produzidas pelas artesãs de Quixelô estão em exposição na unidade. "Esse espaço é importante porque dá visualização e favorece as vendas", ressalta Gesilene Josino.
Em breve, o grupo deve receber kit de produção da Ceart, com máquinas, computadores e outros equipamentos. A atividade que chegou à zona rural de Quixelô por meio da artesã e atravessadora Isamar Pereira, de Jaguaribe, há uma década, está em crescimento e expansão.
Primeiros frutos
O esforço da presidente do grupo, Gesilene Josino, começa a dar os primeiros frutos. Recentemente, peças foram expostas e comercializadas na feira de artesanato Mão de Minas, em Belo Horizonte. Há vendas na Feira da Agricultura Familiar em Quixelô realizada a cada 15 dias.
O preço das peças varia de acordo com o tamanho e o material usado na confecção, fio ou linha de algodão. O caminho de mesa, por exemplo, custa de R$ 15,00 a R$ 30,00. Já a colcha de cama e cortina custam de R$ 150,00 a R$ 200,00. O tempo de produção de cada peça varia de três dias a duas semanas.
União
60 mulheres estão reunidas na Associação de Artesãs de Quixelô, através da qual têm acesso a cursos e treinamentos voltados à produção artesanal.
DIÁRIO DO NODESTE
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
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