Ceará só fica atrás do Maranhão em todo o País em domicílios com parede externa feita de taipa revestida ou não
O Ceará ainda pode ser considerado um lugar de extremos. Em uma era marcada pelos avanços tecnológicos, o Estado consegue acompanhar, em parte, esse processo, contudo, ao mesmo tempo, mantém um problema secular à mostra: as precárias construções com suas paredes externas feitas de taipa.
De acordo com o Censo 2010, 93.847 domicílios cearenses eram desse tipo (sendo 58.038 de taipa revestida e 35.809 não revestida). Isso representa, conforme o IBGE, 3,9% de todas as residências do Estado.
O resultado classificou o Ceará como a segunda unidade da Federação com mais edificações desse tipo. Ficou atrás apenas de outro nordestino, o Maranhão, disparado na primeira posição com 339.097 domicílios construídos nessas condições.
O levantamento do tipo de parede externa por parte do IBGE ao longo dos censos demográficos de cada década é mais do que uma mera definição econômica. É um indicador clássico para se caracterizar as condições habitacionais, de bem-estar e porque não dizer de saúde da população, já que há uma estreita relação com o controle da doença de Chagas (nas paredes sem revestimentos é mais comum encontrar o Barbeiro, inseto transmissor).
O gerente de Planejamento e Supervisão do IBGE no Ceará, Paulo Cordeiro Duarte, reconhece que ainda resistem uma grande quantidade de imóveis com paredes de taipa. "A maior parte ainda está no interior em lugares ermos e mais desabitados".
Alvenaria
Por outro lado, conforme o estudo censitário de 2010, o Ceará tinha 1,991 milhão de seus domicílios com paredes externas construídas de alvenaria com revestimento, o melhor tipo indicado na pesquisa. Isso representa 84% do total de residências. O índice é maior que a média nordestina (81,2%). Contudo, só três estados do Nordeste obtiveram percentual inferior: Maranhão (53,8%), Piauí (67,2%) e Bahia (84%). Os demais superaram o Ceará em índices de domicílios particulares permanentes com paredes externas de alvenaria revestida, com destaque para Paraíba (89% )e Rio Grande do Norte (89,6%).
Reviravolta
Apesar do Ceará ainda possuir um dos maiores contingentes de moradias de taipa, essa realidade vem sendo transformada. No interior do Estado, onde é maior o número de casas de taipa, o Programa Minha Casa, Minha Vida, executado em parceria com as prefeituras, tem assumido uma importância ainda maior.
Foi por meio do Programa que a auxiliar de limpeza, Miriam Silva, do Município de Orós, conseguiu uma casa de alvenaria. Casada e com três filhos, ela morou durante 26 anos em uma casa de taipa, só conseguindo mudar sua realidade em março do ano passado.
"Eram muitos os problemas de morar na casa de taipa. Não tinha esgoto nem pia, tínhamos que lavar a louça em uma bacia. Além disso, apareciam muitos bichos e insetos por causa das paredes, como ratos e baratas", conta a Miriam.
Segundo ela, a falta de emprego e de um renda maior impediram a família de trocar de casa antes. "Não tínhamos como. Então, quando eu soube que a Prefeitura de Orós estava cadastrando pessoas para receberem as casas, eu fui fazer o meu cadastro e consegui ser beneficiada. Essa casa pra mim foi tudo. Eu sempre sonhava em ter uma casa melhor, mais limpa e organizada. Então, foi ótimo conseguir essa casa", completa.
DHÁFINE MAZZA /ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTERES
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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