(Iguatu) Nesta época, o verde do arrozal nas várzeas do Açude
Orós contrasta com outras áreas do sertão cearense que está seco e as famílias
enfrentam falta de água. Nas áreas irrigadas, começou há um mês o cultivo de
arroz. Na safra deste ano, de acordo com estimativa dos produtores, houve uma
redução de 30% da área plantada em comparação com 2011, quando foram plantados
2 mil hectares. Em 2012, as águas estão distantes das vazantes. A Ematerce
ainda não estimou a área cultivada deste ano. O preço do produto anima os
produtores. A saca de 60 quilos é comercializada por R$ 40,00. No ano passado,
nessa mesma época, era vendida por R$ 18,00.
A localidade de Cajás, em Iguatu, é um dos locais onde se
observa agricultores FOTO: HONÓRIO BARBOSA
De acordo com dados da Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (Cogerh), o Açude Orós, o segundo maior do Ceará, acumula 86% de sua
capacidade. A bacia do reservatório estende-se por vasta área nos Municípios de
Iguatu e de Quixelô. Favorece o cultivo de arroz irrigado no segundo semestre
de cada ano, que os produtores denominam de verão. O plantio começa a partir de
julho e a colheita ocorre após quatro meses e meio.
Intensificação
No Município de Iguatu, o cultivo de arroz nas várzeas do
Açude Orós tem se intensificado nas localidades de Cajás, Carrapicho e Serrote.
Todos os anos, centenas de produtores rurais seguem a sistemática de plantio. À
medida que a água vai baixando, deixando descoberta as terras férteis, os
agricultores iniciam o plantio, que vai avançando até o fim de agosto.
Se a água ficar muito distante das várzeas há dificuldades
de plantio e o custo de produção torna-se mais elevado. A captação de água dos
canais de terra é feita com o uso de bombas elétricas. "Para este ano
serão necessários três tombos (transferências) para que a água possa irrigar as
terras cultivadas", disse o produtor Valmir Alves do Carmo. "O custo
será maior".
Em 2011, nesta época do ano, o nível das águas do Açude Orós
estava mais elevado, favorecendo o trabalho dos produtores de arroz. Valmir do
Carmo e Francisco Pedro Alves formaram parceria e cultivaram 30 hectares, na
localidade de Cajás. A área é menor em relação ao que foi plantado no ano
passado. "Tivemos que reduzir cerca de 20 hectares", contou Valmir do
Carmo.
No ano passado, Valmir e Pedro Alves colheram 270 toneladas
de arroz. "A produção foi excelente, mas o preço estava baixo e nos
derrubou", contou. "Neste ano, está ocorrendo o inverso. O preço está
bom, mas a produção vai cair porque as áreas de plantio foram reduzidas".
O temor da maioria dos produtores é que o preço sofra uma redução a partir de
novembro, quando começa a colheita da safra irrigada. "Em 2008, a saca de
60 quilos era vendida por R$ 45,00 e no tempo da colheita caiu para R$
35,00".
Contribuição
O agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa, disse que o cultivo de
arroz nas várzeas do Açude Orós é uma atividade que se estende desde a
construção do reservatório, gera emprego e renda no campo e, apesar das
sucessivas crises em decorrência do elevado custo de produção, contribui para
manter a família do agricultor no campo.
Em algumas áreas, a produtividade é considerada boa em média
de oito mil quilos por hectare. Os produtores reclamam da falta de assistência
técnica. "A gente vai tentando acertar sozinho", disse Pedro Alves. O
plantio é feito com base na experiência acumulada ao longo das décadas. Os
produtores reclamam do custo do adubo químico à base de ureia, da energia
elétrica e do serviço de preparo de terra (aração) com uso de tratores de
particulares.
Neste ano, os produtores estão preocupados com um fenômeno
que está ocorrendo. De acordo com os arrozeiros, o vento forte que está
soprando desde o mês passado impede que a folha fique úmida. "O vento está
acabando com o arroz, não deixa a planta puxar água e a folha está seca,
avermelhada", observou Valmir do Carmo. "O nosso temor é que isso
provoque queda na produção".
Lucro
O produtor Antonio Alves reclama que o trabalho é pesado e o
lucro é pouco por causa do custo de produção que permanece elevado. "Ao
final, o ganho é pouco", frisou. Miguel Serafim, produtor rural nas
várzeas do Açude Orós solicita apoio governamental. "O Governo deveria
olhar para nós, dar assistência e manter o preço do arroz atual até o período da
colheita".
No várzeas do Açude Orós, a cada ano, há uma variação das
áreas de cultivo de acordo com o nível da água acumulada. Isso faz com que os
produtores se desloquem no período de plantio, arredando terras no entono do
reservatório. Essas áreas são verdadeiros celeiros de produção no Ceará no
segundo semestre, período em que não ocorre chuva no sertão. No período
chuvoso, não dá para plantar nessas áreas que podem ficar alagadas e
encobertas, variando segundo intensidade das precipitações.
Mais informações:
Escritório da Ematerce
Município de Iguatu
Centro-Sul
Telefone: (88) 3581. 9478
DIÁRIO DO NORDESTE
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
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