quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Iniciada produção de arroz no Açude Orós


(Iguatu) Nesta época, o verde do arrozal nas várzeas do Açude Orós contrasta com outras áreas do sertão cearense que está seco e as famílias enfrentam falta de água. Nas áreas irrigadas, começou há um mês o cultivo de arroz. Na safra deste ano, de acordo com estimativa dos produtores, houve uma redução de 30% da área plantada em comparação com 2011, quando foram plantados 2 mil hectares. Em 2012, as águas estão distantes das vazantes. A Ematerce ainda não estimou a área cultivada deste ano. O preço do produto anima os produtores. A saca de 60 quilos é comercializada por R$ 40,00. No ano passado, nessa mesma época, era vendida por R$ 18,00.

A localidade de Cajás, em Iguatu, é um dos locais onde se observa agricultores FOTO: HONÓRIO BARBOSA

De acordo com dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Açude Orós, o segundo maior do Ceará, acumula 86% de sua capacidade. A bacia do reservatório estende-se por vasta área nos Municípios de Iguatu e de Quixelô. Favorece o cultivo de arroz irrigado no segundo semestre de cada ano, que os produtores denominam de verão. O plantio começa a partir de julho e a colheita ocorre após quatro meses e meio.

Intensificação

No Município de Iguatu, o cultivo de arroz nas várzeas do Açude Orós tem se intensificado nas localidades de Cajás, Carrapicho e Serrote. Todos os anos, centenas de produtores rurais seguem a sistemática de plantio. À medida que a água vai baixando, deixando descoberta as terras férteis, os agricultores iniciam o plantio, que vai avançando até o fim de agosto.

Se a água ficar muito distante das várzeas há dificuldades de plantio e o custo de produção torna-se mais elevado. A captação de água dos canais de terra é feita com o uso de bombas elétricas. "Para este ano serão necessários três tombos (transferências) para que a água possa irrigar as terras cultivadas", disse o produtor Valmir Alves do Carmo. "O custo será maior".

Em 2011, nesta época do ano, o nível das águas do Açude Orós estava mais elevado, favorecendo o trabalho dos produtores de arroz. Valmir do Carmo e Francisco Pedro Alves formaram parceria e cultivaram 30 hectares, na localidade de Cajás. A área é menor em relação ao que foi plantado no ano passado. "Tivemos que reduzir cerca de 20 hectares", contou Valmir do Carmo.

No ano passado, Valmir e Pedro Alves colheram 270 toneladas de arroz. "A produção foi excelente, mas o preço estava baixo e nos derrubou", contou. "Neste ano, está ocorrendo o inverso. O preço está bom, mas a produção vai cair porque as áreas de plantio foram reduzidas". O temor da maioria dos produtores é que o preço sofra uma redução a partir de novembro, quando começa a colheita da safra irrigada. "Em 2008, a saca de 60 quilos era vendida por R$ 45,00 e no tempo da colheita caiu para R$ 35,00".

Contribuição

O agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa, disse que o cultivo de arroz nas várzeas do Açude Orós é uma atividade que se estende desde a construção do reservatório, gera emprego e renda no campo e, apesar das sucessivas crises em decorrência do elevado custo de produção, contribui para manter a família do agricultor no campo.

Em algumas áreas, a produtividade é considerada boa em média de oito mil quilos por hectare. Os produtores reclamam da falta de assistência técnica. "A gente vai tentando acertar sozinho", disse Pedro Alves. O plantio é feito com base na experiência acumulada ao longo das décadas. Os produtores reclamam do custo do adubo químico à base de ureia, da energia elétrica e do serviço de preparo de terra (aração) com uso de tratores de particulares.

Neste ano, os produtores estão preocupados com um fenômeno que está ocorrendo. De acordo com os arrozeiros, o vento forte que está soprando desde o mês passado impede que a folha fique úmida. "O vento está acabando com o arroz, não deixa a planta puxar água e a folha está seca, avermelhada", observou Valmir do Carmo. "O nosso temor é que isso provoque queda na produção".

Lucro

O produtor Antonio Alves reclama que o trabalho é pesado e o lucro é pouco por causa do custo de produção que permanece elevado. "Ao final, o ganho é pouco", frisou. Miguel Serafim, produtor rural nas várzeas do Açude Orós solicita apoio governamental. "O Governo deveria olhar para nós, dar assistência e manter o preço do arroz atual até o período da colheita".

No várzeas do Açude Orós, a cada ano, há uma variação das áreas de cultivo de acordo com o nível da água acumulada. Isso faz com que os produtores se desloquem no período de plantio, arredando terras no entono do reservatório. Essas áreas são verdadeiros celeiros de produção no Ceará no segundo semestre, período em que não ocorre chuva no sertão. No período chuvoso, não dá para plantar nessas áreas que podem ficar alagadas e encobertas, variando segundo intensidade das precipitações.

Mais informações:

Escritório da Ematerce
Município de Iguatu
Centro-Sul
Telefone: (88) 3581. 9478

DIÁRIO DO NORDESTE
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

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