Abandono nos asilos, falta de carinho, pressão psicológica e
descaso são formas de agressão que, muitas vezes, passam desapercebidas. A
violência não só física, como também psicológica, acomete idosos de todas as
faixas econômicas. Na maioria das vezes, a violência vem de pessoas da própria
família ou próximas ao idoso.
Somente em 2012, foram registradas 1.050 denúncias de
violência contra idosos no Ceará, conforme dados da Secretaria do Trabalho e
Desenvolvimento Social (STDS). As vítimas mais comuns são pessoas do sexo
feminino, com idade entre 70 e 79 anos. Os principais tipos de violência são:
negligência, violência psicológica e abuso financeiro.
Apesar do problema, muitas pessoas não procuram o Centro
Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciaprevi)
por medo, justamente porque o perfil mais comum é o do agressor que tem vínculo
familiar com a vítima de violência.
“O agressor pode ser o filho, o neto, e isso acaba impedindo
o idoso de fazer a queixa. Mas é bem mais comum que a denúncia venha de pessoas
que não são da família, como o vizinho ou até de funcionários de hospitais que
percebem o tratamento que é dado pelos familiares”, acrescenta a assistente
social Eveline Leite.
O que acontece com o agressor
Após a denúncia, uma equipe do centro vai até a casa da
família para averiguar a informação. “Não fazemos abordagem policial. A gente
chega e pergunta como o idoso está, se precisa de algum cuidado diferenciado,
para poder estabelecer um diálogo” explica a diretora do Ciaprevi, Audacir
Simões.
Quando é constatada a violência, os centros de saúde são
acionados para poder tratar o idoso. Em seguida, o agressor deve assinar um
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) informando que a ação não irá se repetir.
Em caso de abuso financeiro, o Ciaprevi tenta encontrar outro familiar que
fique responsável pelas finanças do idoso.
“Se ainda assim não tiver melhorado a situação, o processo é
encaminhado para uma delegacia ou, se for o caso, para o Ministério Público.
Mas nós continuamos acompanhando, para saber se já foi realizada audiência,
como ficou resolvido, para saber a evolução e, em seguida, encerramos o caso”,
afirma Simões.
Família também precisa de tratamento
Além de cuidar do idoso, o centro informa ainda que deve
tratar a família. Em caso de agressor que seja usuário de drogas, por exemplo,
o Ciaprevi tenta conseguir tratamento para ele; em uma família que esteja com
os laços afetivos comprometidos, o centro busca acompanhamento psicológico.
“O contexto familiar é cheio de coisinha que precisa ser
trabalhada. Não é apenas chegar e dizer: ‘você está preso’. Porque a pessoa não
é marginal, tem as dificuldades financeiras e o cansaço… às vezes uma só pessoa
cuida do idoso, e isso requer muita paciência, tem gente que fica sobrecarregada.
Então há situações em que a gente precisa trabalhar a família também”.
Telefone para denúncias: 0800.275.5555
Fonte: Jangadeiro Online
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