quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Consumo de pescado já registra aumento de 50%


Iguatu Para os católicos, começou a Quaresma ontem. São 40 dias até o início da Semana Santa, com a celebração de Domingos de Ramos. Durante esse período, a Igreja prega o jejum, a oração e a caridade. A tradição recomenda o consumo de pescado, nas quartas-feiras e nas sextas-feiras. Nos próximos 45 dias, haverá o crescimento da venda de pescados de água doce e frutos do mar. Pelo menos, essa é a expectativa do setor.



Restaurantes e casas especializadas em comercialização de pescado vivem, portanto, a expectativa de crescimento do consumo de peixe nas próximas semanas. Ontem, por ocasião da Quarta-Feira de Cinzas já houve um aumento de 50% nas vendas. "A gente está vendendo bem, mas nesse período o consumo de pescado dobra", disse o empresário Ernani Lima. O setor apresenta uma estimativa de aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

A seca que castiga o Ceará desde 2012 ainda não afetou diretamente a produção de pescado nos grandes reservatórios, que mantém um nível de água acima de 50% da capacidade. Já a pesca em rios, córregos e pequenos açudes está comprometida porque não choveu.

O engenheiro de pesca e empresário, Roberto Bezerra, disse que o consumo médio de pescado entre o brasileiro ainda é reduzido em relação a outros países. "Está em cerca de nove quilos por habitante ano", frisou. Entretanto, a tendência é de crescimento. A cada ano, aumenta o consumo e a venda nas peixarias, apesar da acirrada concorrência no setor.

A empresária Marluce Lima, ontem pela manhã, comprou dois quilos de tilápia, no Pescado Guarany. "Aproveitei que hoje (ontem) pela manhã o comércio permanece fechado e decidi comprar pescado para o almoço da Quarta-Feira de Cinzas, que é uma tradição em nossa família", disse. "Até a Semana Santa, a gente come peixe às quartas e sextas-feiras". Em cidades do Interior do Estado, o consumo de pescados da água doce é bem maior em relação aos peixes oriundos do mar.

Um dos tipos mais apreciados é o tucunaré, mas que está escasso nos últimos três anos, na região Centro-Sul. Frito ou cozido, é o preferido entre a maioria dos consumidores.

Nos últimos meses, houve queda de cerca de 90% da quantidade de captura nos açudes públicos. No Açude Orós, o segundo maior do Ceará, os pescadores se queixam do "sumiço" do peixe. Essa reclamação ocorre também no Açude Trussu, em Iguatu, Muquém, em Cariús e Ubaldinho, em Cedro.

Na localidade de Barrocas, na bacia do Açude Orós, na zona rural de Iguatu, os pescadores dizem que desde 2011 está cada vez mais difícil pescar tucunaré. "Aqui na nossa comunidade a queda foi de 90%", disse o presidente da Associação de Pescadores, Evanilson Saraiva. "Praticamente desapareceu". O grupo pescava em média, por semana, 300 quilos de tucunaré, hoje caiu para 30 quilos.

Em decorrência da escassez do tucunaré, a tilápia vem ocupando espaço na mesa do cearense. Nos últimos dez anos, houve uma expansão de criatórios desse tipo de pescado. Dezenas de projetos foram instaladas em açudes da região Centro-Sul. A criação de tilápia em gaiolas representa uma importante fonte de renda para cerca de 500 famílias. No Açude Orós, a atividade cresceu consideravelmente e permanece em expansão. A produção regional estimada é de 150 toneladas por mês. Uma característica marcante é o trabalho feito de maneira associativa.

O número de gaiolas passou de 20 em 2004 para 3.500 em 2012, na bacia do Açude Orós. O reservatório hoje é um dos maiores produtores de tilápia do Ceará. Atualmente, são dez comunidades que têm unidades de produção, beneficiando quase 400 famílias da região.

No Centro-Sul, há associações de produtores de tilápia em gaiolas nos municípios de Cedro, Várzea Alegre, Lavras da Mangabeira, Cariús e Quixelô. Os grupos de produção recebem orientação técnica de engenheiros de pesca, veterinários e de zootecnistas. O índice de mortalidade médio é em torno de 5%. As doenças que comumente afetam o peixe são provocadas por fungos e bactérias, ocasionadas por estresse, mudança de temperatura da água e alimentação.

Na avaliação do coordenador do Centro de Vocação Tecnológica (CVT) de Orós, Paulo Landim, um dos entusiastas do projeto, o mercado é favorável e o êxito do empreendimento está relacionado com a capacidade de organização e de conhecimento dos produtores. "Há dificuldades, mas a atividade é lucrativa", frisou. "Os grupos que investem parte dos recursos conseguem crescer".

Um dos principais fatores para o crescimento da atividade de produção de tilápias em tanques-redes foram os financiamentos por meio do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil. Investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) asseguram os recursos necessários para a implantação das unidades produtivas.

Na localidade de Jurema, pioneira na região Centro-Sul em criação de tilápias em cativeiro, uma alternativa encontrada para ampliar a renda foi agregar valor ao pescado. Vários grupos estão transformando o peixe em novos produtos, como o filé, linguiça, "fishburguer", bolinha e a buchada que é um dos sucessos atuais de venda. "As vendas serão crescentes até a Semana Santa", observa o produtor, Francisco Rodrigues. O pescado produzido no Centro-Sul é vendido para o Cariri, Fortaleza e outros Estados do Nordeste. O Ceará é o maior produtor de tilápia e camarão do Brasil e também é um dos maiores consumidores.

Foto: Honório Barbosa

Mais informações

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Secretaria de Agricultura de Iguatu
Fone: (88) 3566. 7910
CVT de Iguatu - (88) 3581. 1503

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