Não há tempo que conforte algumas
dores. Nem explicações que acabem com a saudade dos que veem os seus
transformados em números de tristes estatísticas. No caso dos acidentes de
motocicleta, a cada ano são mais famílias marcadas pela perda. No ano passado,
foram 887 os mortos em ocorrências do tipo no Ceará, segundo o Departamento
Estadual de Trânsito. Uma média de mais de duas mortes a cada dia. O número é
243% maior que em 2002.
Cada unidade desses milhares
registra passagens de imprudência (própria ou dos outros) em ruas e estradas
cearenses, mas, acima disso, de inconformismo com a interrupção do percurso. O
POVO foi em busca de familiares de alguns dos motociclistas descritos em número
nas estatísticas e encontrou quatro histórias de saudade.
São dores como a da aposentada
Francisca Pereira de Souza Araújo. Até hoje, quase cinco meses depois de perder
o companheiro João, ao passar pelo local em que a moto “sobrou” na curva, ela
procura algo dele. Culpa da saudade.
Gravidade
Os acidentes de motocicleta são
mais graves - e, consequentemente, mais letais - que as ocorrências de carro
porque, em moto, a proteção do condutor é, basicamente, o próprio condutor. “(A
moto) não tem cinto, para-choque, o motociclista cai direto no solo”, lembra o
médico Lineu Jucá, cirurgião vascular do Instituto Doutor José Frota (IJF).
Jucá pesquisou o perfil das vítimas de acidente de motocicleta que dão entrada
no maior hospital de traumas do Ceará.
Para o médico, seria preciso considerar a
periculosidade das motocicletas na hora de conceder a habilitação para
conduzi-las. Jucá considera que a educação para o trânsito deveria ser conteúdo
escolar e todos os municípios deveriam ter departamento de trânsito. “Nenhuma
ação está sendo feita”, alerta, citando que a situação da violência do trânsito
é epidemia - especialmente quando o assunto são as motocicletas.
Porquê
ENTENDA A NOTÍCIA
A imprudência e os descuidos no
guidom (e também no volante) deixam cada vez mais famílias sem integrantes e
fazem com que os acidentes sejam considerados epidemia. Número de mortes em
acidentes de moto cresceu 243% em10 anos.
O povo
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