Em um fato político inédito, opositores se unem em torno de
uma coligação liderada pelo PT no município
Meruoca. Os eleitores deste município devem se apresentar no
próximo domingo para uma nova eleição para prefeito. Dois candidatos disputam
desta vez: Manoel Costa Gomes, conhecido por Aristides Gomes, concorre pelo
Partido dos Trabalhadores (PT), e Jorge Martins, pelo Partido Humanista da
Solidariedade (PHS). Os nomes foram definidos entre os dias 25 e 26 de março
deste ano, seguindo o calendário da Justiça Eleitoral. Esta será a primeira vez
que o município precisa convocar uma segunda eleição, assim como é o primeiro
pleito como resultado da Lei da Ficha Limpa no Estado, conforme destaca o chefe
do Cartório Eleitoral, Jeferson Maciel. Uma nova eleição é convocada sempre que
o candidato eleito com mais de 50% dos votos tem o registro negado ou quando é
cassado do cargo por alguma irregularidade.
As eleições do dia 5 de outubro do ano passado foram
disputadas por duas coligações. A chapa de João Coutinho Aguiar Neto (PT)
recebeu 5.094 sufrágios e a chapa com Herik (Herika) Zednik Rodrigues (PRB),
obteve 3.553 votos.
O candidato eleito, João Coutinho, que obteve 58,91% dos
votos, teve o registro da sua candidatura indeferido pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Como consequência, seus
votos foram anulados. Como a quantidade de votos nulos foi superior ao número
de votos válidos, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) marcou a data para um
novo pleito, como determina a legislação pertinente.
Nessa nova eleição, os partidos PT e PRB, que são rivais no
município, se uniram sob a mediação do governador do Estado, Cid Gomes, em uma
coligação, criando mais um fato inédito na história local.
A Coligação do candidato Aristides, formada pelo PT, PCdoB,
PRB, PDT e PMDB, é a mais expressiva na cidade, com cartazes, panfletos,
adesivos e até mesmo cartilhas sendo distribuídas na carreata do Dia do
Trabalhador. A aliança conta ainda com o apoio do governador, de todos os
prefeitos da região, incluído Veveu Arruda, de Sobral, e de ex-candidatos.
O estudante Vicente Gomes da Silva Neto, que votará pela
segunda vez, conta que essa coligação gerou confusão nos eleitores, mas o que
realmente importava é que a cidade está mais unida em sua decisão. "O
clima é quase unânime, o que deixa a cidade mais calma, sem confrontos
verbais".
Para o outro estudante, Daniel Barros, o clima na cidade tem
estado realmente mais calmo. "No começo gerou muita confusão entre os
eleitores, muita gente não entedia porque dois rivais se uniram, mas hoje já
está tudo mais calmo, e diria até mais definido. Antes a indecisão era
grande", conta.
Já com intenção segura de voto, ele diz que sente o eleitor
conterrâneo mais sereno e lembra que, na hora de escolher seu candidato, pesou
propostas e realidades, buscando aquele que dispõe de melhores condições para o
desenvolvimento do município.
A reportagem tentou entrar em contato com ambos os
candidatos, mas os dois se encontravam cumprindo agenda fora da cidade. Dentro
da sede do município não foram encontradas manifestações visuais do candidato
do PHS. Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que, na verdade, é
como se houvesse apenas um candidato na cidade, visto que Jorge quase não
aparece em propagandas, apenas cumpre agendas no contato direto com o eleitor.
Em Meruoca, estarão aptos a votar 10.295 eleitores, em 33
seções com urnas, distribuídas em 19 locais do município. O juiz da 106ª Zona
Eleitoral, Rafael Lopes do Amaral, vai dirigir a eleição, tendo como chefe de
cartório, Jeferson Maciel Pimentel, e como promotor eleitoral, Zenusto da Silva
Cardoso.
A Justiça Eleitoral, em parceria com a Advocacia-Geral da
União (AGU), entrará com uma ação contra o prefeito eleito em Meruoca, João
Coutinho Aguiar Neto. Ao todo, a Justiça Eleitoral irá cobrar o ressarcimento
de R$ 1,3 milhão, de 34 prefeitos cassados no País. Desse total, Meruoca e mais
cinco cidades ainda irão realizar um novo pleito.
FIQUE POR DENTRO
Custos com suplementares são R$ 96 mil
Desde o ano passado, a Justiça passou a entender que os
políticos indeferidos ou cassados são responsáveis pelos prejuízos causados
pela organização de um novo pleito, por isso devem arcar com os gastos da nova
eleição. Em 2012, foram cinco ações referentes a eleições suplementares
realizadas em 2011, que totalizaram, juntas, cerca de R$ 96mil a serem
devolvidos aos cofres da União. Dos cinco processos, somente os candidatos de
Jardim e Alcântaras foram condenados e tiveram os bens bloqueados, mas não
devolveram recursos porque ainda cabe recurso da decisão.
Mais informações
106ª Zona Eleitoral
Rua Monsenhor Furtado, S/N
Centro - Meruoca
Zona Norte
Telefone: (88) 3649.1255
JÉSSYCA RODRIGUES
COLABORADORA
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