sexta-feira, 3 de maio de 2013

Meruoca terá nova eleição para prefeito no domingo


Em um fato político inédito, opositores se unem em torno de uma coligação liderada pelo PT no município

Meruoca. Os eleitores deste município devem se apresentar no próximo domingo para uma nova eleição para prefeito. Dois candidatos disputam desta vez: Manoel Costa Gomes, conhecido por Aristides Gomes, concorre pelo Partido dos Trabalhadores (PT), e Jorge Martins, pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Os nomes foram definidos entre os dias 25 e 26 de março deste ano, seguindo o calendário da Justiça Eleitoral. Esta será a primeira vez que o município precisa convocar uma segunda eleição, assim como é o primeiro pleito como resultado da Lei da Ficha Limpa no Estado, conforme destaca o chefe do Cartório Eleitoral, Jeferson Maciel. Uma nova eleição é convocada sempre que o candidato eleito com mais de 50% dos votos tem o registro negado ou quando é cassado do cargo por alguma irregularidade.

As eleições do dia 5 de outubro do ano passado foram disputadas por duas coligações. A chapa de João Coutinho Aguiar Neto (PT) recebeu 5.094 sufrágios e a chapa com Herik (Herika) Zednik Rodrigues (PRB), obteve 3.553 votos.

O candidato eleito, João Coutinho, que obteve 58,91% dos votos, teve o registro da sua candidatura indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Como consequência, seus votos foram anulados. Como a quantidade de votos nulos foi superior ao número de votos válidos, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) marcou a data para um novo pleito, como determina a legislação pertinente.

Nessa nova eleição, os partidos PT e PRB, que são rivais no município, se uniram sob a mediação do governador do Estado, Cid Gomes, em uma coligação, criando mais um fato inédito na história local.

A Coligação do candidato Aristides, formada pelo PT, PCdoB, PRB, PDT e PMDB, é a mais expressiva na cidade, com cartazes, panfletos, adesivos e até mesmo cartilhas sendo distribuídas na carreata do Dia do Trabalhador. A aliança conta ainda com o apoio do governador, de todos os prefeitos da região, incluído Veveu Arruda, de Sobral, e de ex-candidatos.

O estudante Vicente Gomes da Silva Neto, que votará pela segunda vez, conta que essa coligação gerou confusão nos eleitores, mas o que realmente importava é que a cidade está mais unida em sua decisão. "O clima é quase unânime, o que deixa a cidade mais calma, sem confrontos verbais".

Para o outro estudante, Daniel Barros, o clima na cidade tem estado realmente mais calmo. "No começo gerou muita confusão entre os eleitores, muita gente não entedia porque dois rivais se uniram, mas hoje já está tudo mais calmo, e diria até mais definido. Antes a indecisão era grande", conta.

Já com intenção segura de voto, ele diz que sente o eleitor conterrâneo mais sereno e lembra que, na hora de escolher seu candidato, pesou propostas e realidades, buscando aquele que dispõe de melhores condições para o desenvolvimento do município.

A reportagem tentou entrar em contato com ambos os candidatos, mas os dois se encontravam cumprindo agenda fora da cidade. Dentro da sede do município não foram encontradas manifestações visuais do candidato do PHS. Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que, na verdade, é como se houvesse apenas um candidato na cidade, visto que Jorge quase não aparece em propagandas, apenas cumpre agendas no contato direto com o eleitor.

Em Meruoca, estarão aptos a votar 10.295 eleitores, em 33 seções com urnas, distribuídas em 19 locais do município. O juiz da 106ª Zona Eleitoral, Rafael Lopes do Amaral, vai dirigir a eleição, tendo como chefe de cartório, Jeferson Maciel Pimentel, e como promotor eleitoral, Zenusto da Silva Cardoso.

A Justiça Eleitoral, em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU), entrará com uma ação contra o prefeito eleito em Meruoca, João Coutinho Aguiar Neto. Ao todo, a Justiça Eleitoral irá cobrar o ressarcimento de R$ 1,3 milhão, de 34 prefeitos cassados no País. Desse total, Meruoca e mais cinco cidades ainda irão realizar um novo pleito.

FIQUE POR DENTRO

Custos com suplementares são R$ 96 mil

Desde o ano passado, a Justiça passou a entender que os políticos indeferidos ou cassados são responsáveis pelos prejuízos causados pela organização de um novo pleito, por isso devem arcar com os gastos da nova eleição. Em 2012, foram cinco ações referentes a eleições suplementares realizadas em 2011, que totalizaram, juntas, cerca de R$ 96mil a serem devolvidos aos cofres da União. Dos cinco processos, somente os candidatos de Jardim e Alcântaras foram condenados e tiveram os bens bloqueados, mas não devolveram recursos porque ainda cabe recurso da decisão.

Mais informações

106ª Zona Eleitoral
Rua Monsenhor Furtado, S/N
Centro - Meruoca
Zona Norte
Telefone: (88) 3649.1255

JÉSSYCA RODRIGUES
COLABORADORA

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