O Sertão Central e Inhamuns foi a
macrorregião mais afetada com a estiagem, 45,8% abaixo da média
Se a seca, hoje, já castiga o sertanejo, a
tendência, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), é de piora
para esse segundo semestre. Com índices pluviométricos 37,7% abaixo da média, o
sertão pede socorro e 25 cidades já estão em colapso hídrico, vivendo com o
racionamento de água. Com o fim da quadra chuvosa, findam também esperanças de
tempo bom. Este ano está sendo ranqueado como o 9º mais seco desde 1951.
A avaliação da estação chuvosa, apresentada ontem, revelou que o Sertão Central
e Inhamuns foi a macrorregião mais afetada ficando 45,8% abaixo da média. O
esperado para essa localidade, entre os meses de fevereiro e maio, era de
502,9mm, mas choveu apenas 272,5mm.
O litoral de Fortaleza teve comportamento
semelhante, 45,5% abaixo. O normal era, para a Capital, de 806,1mm, sendo
observado só 439,5mm. Já o Litoral Norte foi a região menos atingida, com
índice de 27,8% abaixo da normalidade. A estimativa era 784,8mm, e choveu 566,9mm.
Ainda conforme a fundação, o mês mais crítico foi
o de março, com o percentual negativo de 61,8%. Já maio apresentou um desvio
positivo de 13,1%. "Não sabemos ainda como será o ano de 2014, só podemos
afirmar que os próximos meses serão mais complicados ainda", afirma o
atual presidente da Funceme, Eduardo Sávio.
Reservatórios
Diante do cenário, o jeito é lidar com a falta
d´água até dentro de casa. Com mais de 70 dos açudes em alerta (nível abaixo de
30%), a solução é racionar, afirma o assessor da presidência da Companhia de
Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Yuri Castro de Oliveira. Atualmente,
conforme mapeamento divulgado por ele, 25 cidades estão em racionamento,
entraram em colapso hídrico. Entre elas, Beberibe, Canindé, Crateús,
Guaramiranga, Palmácia, Caridade, Nova Russas e Tauá. "Essa precipitação
muito abaixo da média refletiu no aporte aos reservatórios com 44% da
capacidade. A região mais críticas é em Crateús", diz. No início do ano,
os açudes estavam com 50%. Ao invés de aumentarem com a chuva, caíram.
A bacia que abastece Crateús está agora com apenas
9% da capacidade, os açudes do Curu com 18% de acumulação, no Sertão Central,
36%; em Jaguaribe, 58%, e um volume de 60% na Serra da Ibiapaba.
Para o representante da Cogerh, o racionamento é
uma das maneiras de se evitar o agravamento da crise. "É uma alternativa
para que essa reserva dure até o fim do ano", detalha Castro. Se, antes,
Crateús tinha uma vazão de 135 litros por segundo, com o racionamento, a
adutora vai disponibilizar apenas 100 litros, racionamento de 30%.
O titular da Secretaria do Desenvolvimento
Agrário, Nelson Martins, demonstrou preocupação com os próximos meses.
"Acabou a quadra chuvosa e a esperança de chuva. A situação tende a se
agravar mais caso nada não seja feito", afirma o secretário. Ele anunciou
a liberação de 104 projetos de sistemas de abastecimento do programa Água para
Todos.
Em nota, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará
(Cagece) informou que alguns desses municípios não são operados por eles.
"As ações são realizadas de acordo com a realidade de cada município. O
abastecimento em forma de rodízio é apenas uma medidas tomadas".
Nesse caso, os municípios são divididos, e o
abastecimento é feito em dias alternados, com a finalidade de preservar seus
respectivos mananciais. "O objetivo é atender com qualidade à população
dos 150 municípios cearenses cujo abastecimento de água tratada é feito pela
Cagece", aponta, em nota.
SAIBA
MAIS
Segundo
a Funceme, o ano de 2013 foi marcado principalmente pela
irregularidade temporal (veranicos) e espacial na distribuição das chuvas
durante a quadra chuvosa no Ceará
O
município de Penaforte, no Cariri, foi o que apresentou o
menor total acumulado de precipitação entre fevereiro e maio, com apenas
91,0mm, o equivalente a –79,7%
Por
outro lado, o município que apresentou o maior acumulado de
precipitações nesse igual período foi Ibiapina, na serra da Ibiapaba, com
1.049,0mm e desvio de -15,8%
A
estação chuvosa se encerrou oficialmente em maio. No
entanto, tem sido observada a ocorrência de chuvas no Centro-Norte e litoral
DIÁRIO
DO NORDESTE - IVNA GIRÃO
REPÓRTER
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