segunda-feira, 8 de julho de 2013

Festa da cultura movimenta distrito de Santarém


Orós. A 4ª Mostra de Arte e Cultura do Sertão mais uma vez movimentou o distrito de Santarém, zona rural de Orós, na região Centro-Sul do Ceará. Neste ano, o evento teve como tema central ´Asa Branca vem, canta e encanta os vaqueiros do sertão´.

Apresentações foram realizadas nas ruas da comunidade do distrito de Santarém e findaram com diversas atrações culturais. Todos os anos, a Mostra de Arte e Cultura do Sertão atrai milhares de pessoas ao município.

Promovido pela Organização Não governamental (ONG) Realeza Nordestina, as atividades artísticas e culturais têm por objetivo resgatar a tradição local, valorizar artistas e moradores em um espaço de reencontro das famílias. São gerados centenas de empregos diretos e mais de 100 técnicos e músicos participam do evento.

Neste ano, a mostra cultural começou na quinta-feira, dia 4, e terminou, sábado. Foram três dias de festividades. O vaqueiro é o personagem central da festa com destaque para a valorização da sua musicalidade, canções de vaquejada, repentes e aboios que retratam em poemas a luta diária no sertão, nas pegas de boi, seu trabalho, os amores, a fé e a sua vida em contato direto com a natureza da Caatinga.

As apresentações foram realizadas nas ruas da comunidade e findando com diversas atrações culturais de artistas locais e regionais. A programação inclui dança, dramatização, canto coral, feira livre de artesanato e relatos de vaqueiros. José Roque, 64, apresentou depoimento sobre sua vida como agricultor e vaqueiro. São narrativas que prendem a atenção de crianças e adolescentes sobre o trabalho bravio, no sertão, para reunir, alimentar, e, no tempo, certo abater o gado. Vestido com gibão, chapéu de couro, peitoril, perneiras e chicote, José Roque representa um personagem vivo na memória dos moradores.

"É bem verdade que hoje se tange o gado pelas estradas em cima de uma moto, mas até um passado recente o serviço era feito no meio das matas fechadas, em montaria de cavalo", comparou. "Muitas coisas mudaram no sertão, nas pequenas localidades, mas a cultura e a sua história precisam ser preservados pelas futuras gerações".

A mostra traz também exposição de fotos, quadros e textos sobre o vaqueiro, o sertão e a luta diária nas fazendas.

A ONG Realeza Nordestina desenvolve atividades de arte e cultura para um grupo de 180 crianças e adolescentes. Quem já chegou também à terceira idade é assistido e participa das ações. É o caso da aposentada, Francisca Andradeno, 85 anos. "O distrito fica movimentado, muitas pessoas vêm de outras cidades para o reencontro com os amigos e a família", disse. "Mesmo com a seca, esse é um tempo bom de celebração da vida", contou.

A Mostra de Arte e Cultura do Sertão atrai milhares de pessoas do distrito de Santarém e de localidades vizinhas. A programação sempre faz uma homenagem a um personagem histórico e de relevância para cultura tradicional. No ano passado, as ações comemoraram o centenário de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que em parceria com o compositor Humberto Teixeira, criou o baião e abriu as portas para que o conhecido forró (música e ritmo) conquistasse o Nordeste e o Brasil.

As composições musicais da dupla ainda hoje são executadas e estão vivas na memória de sua gente ao falar da natureza , da vida, do amor, do sofrimento, da alegria do povo sertanejo.

"A energia da arte emana para cada um que povoa o distrito de Santarém e todos nós estamos mobilizados com o objetivo de resgatar a cultura regional, promover ações artísticas e festivas na comunidade", disse o presidente da ONG, Realeza Nordestina, Antonio Jorge. "Abraçamos os visitantes dos sítios e das cidades de Orós, Icó, Iguatu e Fortaleza".

Resgate cultural

As crenças, hábitos, tradições, a fé, gastronomia regional, danças folclóricas e a música integram o rico e variado acervo do patrimônio material e imaterial da cultural nordestina.

Esse conjunto de bens é resgatado e valorizado durante a mostra. Além das apresentações, anualmente, o evento abre espaço ações sociais em atendimento na comunidade.

Há capacitação para artistas locais, estudantes, produtores culturais, professores das escolas municipais e estaduais e interessados na cultura popular e nas artes integradas. Aproximando o ato de criar nas suas diversas linguagens, numa região que nos últimos dois anos enfrenta grande estiagem que assola mais de 170 municípios do Estado entre eles, Orós, a mostra representa um espaço de alento para os moradores, homens e mulheres, cuja vida depende das atividades agropecuárias.

Mais informações

ONG Realeza Nordestina
Distrito Santarém - Orós
Telefones: (85) 97185506 e (88) 97387997



DIÁRIO DO NORDESTE

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