Orós. A 4ª Mostra de Arte e Cultura do Sertão mais uma vez movimentou o
distrito de Santarém, zona rural de Orós, na região Centro-Sul do Ceará. Neste
ano, o evento teve como tema central ´Asa Branca vem, canta e encanta os
vaqueiros do sertão´.
Apresentações foram realizadas
nas ruas da comunidade do distrito de Santarém e findaram com diversas atrações
culturais. Todos os anos, a Mostra de Arte e Cultura do Sertão atrai milhares
de pessoas ao município.
Promovido pela Organização Não governamental (ONG)
Realeza Nordestina, as atividades artísticas e culturais têm por objetivo
resgatar a tradição local, valorizar artistas e moradores em um espaço de
reencontro das famílias. São gerados centenas de empregos diretos e mais de 100
técnicos e músicos participam do evento.
Neste ano, a mostra cultural começou na
quinta-feira, dia 4, e terminou, sábado. Foram três dias de festividades.
O vaqueiro é o personagem central da festa com destaque para a valorização da
sua musicalidade, canções de vaquejada, repentes e aboios que retratam em
poemas a luta diária no sertão, nas pegas de boi, seu trabalho, os amores, a fé
e a sua vida em contato direto com a natureza da Caatinga.
As apresentações foram realizadas nas ruas da
comunidade e findando com diversas atrações culturais de artistas locais e
regionais. A programação inclui dança, dramatização, canto coral, feira livre
de artesanato e relatos de vaqueiros. José Roque, 64, apresentou depoimento
sobre sua vida como agricultor e vaqueiro. São narrativas que prendem a atenção
de crianças e adolescentes sobre o trabalho bravio, no sertão, para reunir,
alimentar, e, no tempo, certo abater o gado. Vestido com gibão, chapéu de
couro, peitoril, perneiras e chicote, José Roque representa um personagem vivo
na memória dos moradores.
"É bem verdade que hoje se tange o gado pelas
estradas em cima de uma moto, mas até um passado recente o serviço era feito no
meio das matas fechadas, em montaria de cavalo", comparou. "Muitas
coisas mudaram no sertão, nas pequenas localidades, mas a cultura e a sua
história precisam ser preservados pelas futuras gerações".
A mostra traz também exposição de fotos,
quadros e textos sobre o vaqueiro, o sertão e a luta diária nas fazendas.
A ONG Realeza Nordestina desenvolve atividades de
arte e cultura para um grupo de 180 crianças e adolescentes. Quem já chegou
também à terceira idade é assistido e participa das ações. É o caso da
aposentada, Francisca Andradeno, 85 anos. "O distrito fica movimentado,
muitas pessoas vêm de outras cidades para o reencontro com os amigos e a
família", disse. "Mesmo com a seca, esse é um tempo bom de celebração
da vida", contou.
A Mostra de Arte e Cultura do Sertão atrai
milhares de pessoas do distrito de Santarém e de localidades vizinhas. A
programação sempre faz uma homenagem a um personagem histórico e de relevância
para cultura tradicional. No ano passado, as ações comemoraram o centenário de
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que em parceria com o compositor Humberto
Teixeira, criou o baião e abriu as portas para que o conhecido forró (música e
ritmo) conquistasse o Nordeste e o Brasil.
As composições musicais da dupla ainda hoje são
executadas e estão vivas na memória de sua gente ao falar da natureza , da
vida, do amor, do sofrimento, da alegria do povo sertanejo.
"A energia da arte emana para cada um que
povoa o distrito de Santarém e todos nós estamos mobilizados com o objetivo de
resgatar a cultura regional, promover ações artísticas e festivas na
comunidade", disse o presidente da ONG, Realeza Nordestina, Antonio Jorge.
"Abraçamos os visitantes dos sítios e das cidades de Orós, Icó, Iguatu e
Fortaleza".
Resgate cultural
As crenças, hábitos, tradições, a fé, gastronomia
regional, danças folclóricas e a música integram o rico e variado acervo do
patrimônio material e imaterial da cultural nordestina.
Esse conjunto de bens é resgatado e valorizado
durante a mostra. Além das apresentações, anualmente, o evento abre espaço
ações sociais em atendimento na comunidade.
Há capacitação para artistas locais, estudantes,
produtores culturais, professores das escolas municipais e estaduais e
interessados na cultura popular e nas artes integradas. Aproximando o ato de
criar nas suas diversas linguagens, numa região que nos últimos dois anos
enfrenta grande estiagem que assola mais de 170 municípios do Estado entre
eles, Orós, a mostra representa um espaço de alento para os moradores, homens e
mulheres, cuja vida depende das atividades agropecuárias.
Mais informações
ONG Realeza Nordestina
Distrito Santarém - Orós
Telefones: (85) 97185506 e (88) 97387997
DIÁRIO DO
NORDESTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário