A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme) prevê que as chuvas nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, na
maior parte do Ceará, devem ficar em torno da “normalidade climática”. A
informação foi divulgada ontem. Segundo nota da Funceme enviada ao O POVO, apenas na região noroeste do Estado, onde está a
Serra da Ibiapaba, a maior probabilidade é de “chuvas acima do normal”.
O texto da fundação ressalta, porém, que a normalidade deste
período não deve corresponder à chuva que o cearense espera (e, em muitos
casos, precisa). A média normal de dezembro para o Estado é de apenas 29,2
milímetros e a de janeiro, 98,7. Só fevereiro, que já compõe a quadra chuvosa,
tem média mais alta: 127,1 milímetros.
O prognóstico da estação de chuvas deve ser divulgado pela
Funceme em janeiro. É o dado que definirá ações a serem tomadas em 2014 pelo
Governo para garantir o abastecimento em regiões que hoje já são atingidas pela
falta de água. Segundo levantamento feito pelo O POVO a partir de dados do
Portal Hidrológico do Estado, 49 dos 144 açudes monitorados no Ceará estão com
menos de 10% da capacidade. Um mês atrás, eram 47. Além disso, 106 reservatórios
(20,4% a mais que em outubro) têm menos de 30% de água.
“Realmente, os volumes estão em situação praticamente
crítica. A gente precisa de um inverno bom pra evitar agravamento da crise”,
frisa o assistente da Diretoria de Operações da Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima.
“Como no segundo semestre, normalmente, não tem chuva, é
natural que os açudes estejam sempre (com nível) mais baixo a cada dia”, avalia
Lima, que representa a Cogerh no Comitê Integrado de Combate à Seca. Ele
destaca ainda que um açude ter menos de 10% de capacidade não necessariamente
representa falta d’água. Grandes açudes podem garantir abastecimento mesmo
quando o nível fica baixo, ele lembra.
“Preocupação é grande”
“O quadro de acumulação hídrica é crítico, um dos mais
críticos da década, mas houve grande reação do Estado, em um esforço comum para
evitar colapso - principalmente nas grandes cidades ameaçadas. A gente espera
que tenhamos chuva dentro média para comemorar que o Estado conseguiu sair
dessa sem grandes traumas”, diz Gianni Lima.
O secretário dos Recursos Hídricos do Ceará, César Pinheiro,
destaca que “a esperança é que chova” para a recuperação do volume de água
acumulado no Ceará - que ontem chegava a 33,3%. O gestor reforça que o Governo
tem tomados medidas para garantir o abastecimento nos municípios afetados pela
seca. “O que não podemos fazer é a chuva. O momento é de apreensão e a
preocupação é grande”, confidencia.
(colaborou Bruno de Castro)
Fonte: O POVO ONLINE
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