O cenário político estadual, com a decisão de Cid Gomes de
permanecer no Governo até o fim do seu mandato, em 31 de dezembro deste ano,
além de fazer voltar a expectativa de um rearrumar das oposições, registra a
exclusão do nome do vice-governador Domingos Filho da relação de pretensos
candidatos do PROS ao Governo do Estado no pleito de 2014, não por sua
iniciativa, mas pela cúpula do comando partidário, irresignada pelo fato de ele
insistir em permanecer no cargo.
Está sendo atribuído a Domingos o desmoronar de um projeto
estratégico da estrutura governista, para facilitar a disputa sucessória de outubro
vindouro, ao se recusar a renunciar à sua expectativa de poder juntamente com o
governador, como lhe foi sugerido pelo próprio Cid Gomes, na última
terça-feira, e por outros líderes do seu partido, no célebre encontro da
pretérita quarta-feira. Essa posição do vice, por sinal, nós comentamos na
publicação do dia 23 de março, neste mesmo espaço.
Sem dúvida, havia interesse do governador em ter o irmão,
Ciro, candidato ao Senado. É um dos poucos políticos deste Estado com projeção
nacional e perspectivas mais reais, sendo detentor de uma cadeira no Senado, de
postular, como já o fez, a cargo de presidente da República. Mas existia,
também, no cerne do objetivo da renúncia ao mandato, a tentativa de
inviabilizar uma forte chapa concorrente que lhe viesse exigir bem mais
esforços na campanha.
Diferente
Desincompatibilizados, tanto ele Cid, quanto Ciro poderiam
ficar bem a cavalheiros até o fim de junho, quando termina o prazo de
realização das convenções para homologação das candidaturas, deixando pairar a
dúvida se entrariam ou não na disputa da vaga de senador, inibindo adversários,
tanto pelo potencial eleitoral de que são possuidores, como pela estrutura de
poder sob o comando deles, sem esquecermos o fato de que também afastariam
fantasmas, hoje acostados à coligação, mas indesejáveis na chapa majoritária.
Se o PROS tem quadros com condições competitivas para
postular o Governo, da aliança com os demais partidos os nomes oferecidos para
o Senado, como os de Inácio Arruda e José Guimarães, sofrem restrições, por
razões diferentes, tanto de políticos quanto do marqueteiro Manoel Canabarro,
já escolhido para orientar a próxima campanha comandada por Cid. Para um seleto
grupo reunido no Palácio da Abolição, na última quarta-feira, ele foi
peremptório ao afirmar que o candidato ao Senado pode contaminar a chapa e
levá-la à derrota.
A situação de elegibilidade de Cid e Ciro se houvesse sido
concretizada, mostraria diferente a realidade de hoje. Domingos Filho está
sendo responsabilizado por ter proporcionado esse estado diferente. Retraído, o
vice não fala em público sobre o assunto, mas, segundo amigos seus, já está
sentindo ter sido distanciado do grupo de elite do Governo. Embora o governador
tenha permanecido recluso, em casa, por recomendação médica, desde a noite da
quinta-feira passada, as conversas comandadas por Ciro, na última sexta-feira,
sobre as desincompatibilizações de servidores do Estado, passaram à margem do
vice.
Reflexão
Experiente, Domingos também sabe que vai sofrer as
consequências de sua decisão. E, por certo, está recolhido para momentos de
reflexão sobre o seu futuro político pessoal e o dos familiares, o filho
deputado federal, Domingos Neto e a mulher prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar.
Não está descartada a possibilidade de o vice vir a disputar uma cadeira de
deputado estadual para evitar o ostracismo, a partir de 2015.
Se Domingos Neto já não mais teria a expressiva votação que o
elegeu no primeiro mandato, em 2010, totalizando 246.591, as investidas que
serão feitas nos municípios em que foi votado, sobretudo em razão do que
aconteceu, na última semana, contribuirão, sem dúvida, para reduzi-la ainda
mais.
A propósito, por interferência do pai, o deputado acordou
sair do Município de Camocim para que lá fosse votado, como candidato a
deputado federal, o ex-ministro Leônidas Cristino, que já era considerado fora
do quadro de postulantes ao Governo, mas deve estar de volta em razão da
exclusão do nome do vice.
Cargos
O senador Eunício Oliveira (PMDB) conversou, demoradamente, na
última segunda-feira, com o deputado estadual Heitor Férrer (PDT), sobre sua
candidatura ao Governo do Estado, as potencialidades e perspectivas dela, ao
fim da qual formalizou o convite ao pedetista de com ele participar da disputa.
Heitor não esconde a satisfação da deferência, mas deixou
claro para o senador que o partido dele é aliado do Governo e, portanto, não
teria condições de fazer parte da chapa do senador. Também, acrescentou Heitor,
a disputa política entre ele e o senador, no Município de Lavras da Mangabeira,
moralmente o impedia de estar aliado com o peemedebista no cenário estadual.
Sem vislumbrarem alteração do cenário estabelecido após o
encontro de Cid e Eunício, no dia 28 de março, quando ficou bem definida a
posição dos dois em relação à disputa pelo Governo do Estado, os governistas
estão esperando, agora, que os três secretários peemedebistas: Bruno Vale
Sarmento de Menezes, do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente; César
Augusto Pinheiro, dos Recursos Hídricos e João Alves Melo, da Controladoria e
Ouvidoria Geral do Estado, bem como os indicados para a Prefeitura de
Fortaleza, entreguem os cargos que ocupam.
Diário do nordeste - Edison Silva (Editor de política)
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