Deficientes visuais podem encontrar dificuldades para se inscrever no Enem 2014. O estudante Lucas Lima relata que teve problemas com o tempo para realizar a inscrição. "Temos um tempo para realizar a inscrição. Se não for feita nesse prazo, osite é bloqueado." O POVO Online fez o teste e também teve dificuldade.
Lucas, que tentará ingressar num curso superior de Direito ou Fisioterapia, disse que precisou da ajuda de pessoas que enxergam. "Tentei me inscrever várias vezes, mas, como não consegui, pedi a um amigo para me ajudar", diz.
Essa é a terceira vez que Lucas faz a prova do Enem. Ele afirma que "as dificuldades para realizar a inscrição sempre estiveram presentes." Outro problema apontado por Lucas é o fato do leitor de tela, programa que ele utiliza para sonorizar as informações disponíveis na tela, não ler os botões do site.
O POVO Online testou, com o estudante de jornalismo Carlos Viana, que também é cego, a acessibilidade da inscrição no Enem. Carlos começou a ter dificuldades no primeiro momento, quando é solicitada uma captcha (solicitação de repetição de letras que estão numa imagem fornecida pelo site), e o leitor de telas não consegue ler a imagem. Outro problema identificado por Carlos foi a falta de informações das páginas percorridas (para ter acessibilidade para cegos, os sites têm de informar ao usuário em que página ele se encontra) e, no final, não há mensagem indicando se a inscrição foi feita com êxito.
A pedido do O POVO Online, o Núcleo de Tecnologia Assistiva do Instituto Federal do Ceara (IFCE) realizou testes técnicos no site do Enem. Segundo eles, "as imagens não estão com descrição e não há barra de acessibilidade e atalhos de teclado". A barra de acessibilidade é fundamental para as pessoas com baixa visão, porque elas podem mudar o tamanho e contraste das letras.
As inscrições do Enem podem ser realizadas até as 23h59min desta sexta-feira, 23.
Na última quinta-feira, 22, O POVO Online procurou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais (Inep), responsável pelo exame, mas não foi respondido até o momento.
Carlos Viana, especial para O POVO Online
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