Entre 2002 e 2012, a taxa de
homicídios no Ceará mais que dobrou. Dados prévios do Mapa da Violência 2014
divulgados ontem mostram que a taxa (assassinatos por 100 mil habitantes)
cresceu 136,7% na década. O índice faz do Ceará o quarto estado com maior variação.
Quando comparadas as taxas de 2011 e 2012, o crescimento de 36,5% deixa o
Estado em segundo no ranking das taxas de homicídios - mesma posição na análise
da variação (37,7%) dos números absolutos.
As estatísticas do Mapa da
Violência se baseiam em números do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM)
do Ministério da Saúde. O documento é produzido pela Faculdade Latino-Americana
de Ciências Sociais (Flacso Brasil). A prévia divulgada ontem integra o “Mapa
da Violência 2014. Os Jovens do Brasil”, que, segundo a instituição, está sendo
finalizado.
Os estados que lideram as
estatísticas de homicídios estão no Nordeste. Esse é um fato “enigmático”,
aponta a pesquisadora do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade
Federal do Ceará (UFC) e integrante do Conselho Consultivo de Leitores do O
POVO, Jânia Perla Aquino. “É enigmático porque nesse período houve políticas
sociais nessa região, houve uma considerável melhora na renda”.
A política de premiação de
profissionais da segurança lançada pelo Governo do Estado através do programa
Em Defesa da Vida só deve mostrar resultados, diz Jânia, em pelo menos um ano.
“É uma medida interessante. No entanto, uma medida isolada diante do cenário
que temos possivelmente não terá condições de reverter a tendência de aumento
dos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais”.
Para Geovani Jacó, coordenador do
Laboratório de Estudos da Conflitualidade e da Violência da Universidade
Estadual do Ceará (Uece), uma das razões para o Ceará e outros estados
nordestinos terem sofrido um “boom” nas taxas homicídios e outros crimes foi um
movimento nacional de “interiorização da violência”. Enquanto regiões que
lideravam as listas, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm apresentado reduções,
as cidades de médio porte passaram a ser uma rota atraente para o crime
organizado - explica o professor.
“No Ceará, especificamente, foram
fortalecidas estratégias repressivas e uma militarização excessiva da Polícia.
Ao invés de serem construídas políticas de prevenção, redução de conflitos e
equalização social. Além das ações para lazer e escolarização”, afirma Geovani.
SSPDS
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse não
comentar pesquisas às quais não teve acesso à base de dados.
Em nota, a SSPDS informou somente
que “vem trabalhando no desenvolvimento do Programa Em Defesa da Vida, como o
objetivo de reduzir os índices de criminalidade do Estado. O Programa é baseado
na territorialidade, responsabilidade e meritocracia. No novo sistema de
gestão, que passou a valer no dia 1º de janeiro deste ano, o Ceará foi dividido
em 18 Áreas Integradas de Segurança (AISs), sendo seis delas em Fortaleza, três
na Região Metropolitana e nove no Interior.
Cada uma das áreas tem como
responsáveis um oficial da Polícia Militar, um delegado da Polícia Civil e um
oficial do Corpo de Bombeiros. Foram estabelecidas metas de redução de
criminalidade, por trimestre, cujo alcance resultam no pagamento de
compensações financeiras aos profissionais de segurança.”
Serviço SSPDS
Estatísticas sobre crimes
violentos letais intencionais, furtos, indicadores criminais e apreensão de
armas e entorpecentes:
www.sspds.ce.gov.br
O POVO
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