quarta-feira, 28 de maio de 2014

Em uma década, taxa de homicídios cresce 136%

Entre 2002 e 2012, a taxa de homicídios no Ceará mais que dobrou. Dados prévios do Mapa da Violência 2014 divulgados ontem mostram que a taxa (assassinatos por 100 mil habitantes) cresceu 136,7% na década. O índice faz do Ceará o quarto estado com maior variação. Quando comparadas as taxas de 2011 e 2012, o crescimento de 36,5% deixa o Estado em segundo no ranking das taxas de homicídios - mesma posição na análise da variação (37,7%) dos números absolutos.
  
As estatísticas do Mapa da Violência se baseiam em números do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. O documento é produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil). A prévia divulgada ontem integra o “Mapa da Violência 2014. Os Jovens do Brasil”, que, segundo a instituição, está sendo finalizado.

Os estados que lideram as estatísticas de homicídios estão no Nordeste. Esse é um fato “enigmático”, aponta a pesquisadora do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do Conselho Consultivo de Leitores do O POVO, Jânia Perla Aquino. “É enigmático porque nesse período houve políticas sociais nessa região, houve uma considerável melhora na renda”.

A política de premiação de profissionais da segurança lançada pelo Governo do Estado através do programa Em Defesa da Vida só deve mostrar resultados, diz Jânia, em pelo menos um ano. “É uma medida interessante. No entanto, uma medida isolada diante do cenário que temos possivelmente não terá condições de reverter a tendência de aumento dos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais”.
  
Para Geovani Jacó, coordenador do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e da Violência da Universidade Estadual do Ceará (Uece), uma das razões para o Ceará e outros estados nordestinos terem sofrido um “boom” nas taxas homicídios e outros crimes foi um movimento nacional de “interiorização da violência”. Enquanto regiões que lideravam as listas, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm apresentado reduções, as cidades de médio porte passaram a ser uma rota atraente para o crime organizado - explica o professor.

“No Ceará, especificamente, foram fortalecidas estratégias repressivas e uma militarização excessiva da Polícia. Ao invés de serem construídas políticas de prevenção, redução de conflitos e equalização social. Além das ações para lazer e escolarização”, afirma Geovani.
  
SSPDS

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse não comentar pesquisas às quais não teve acesso à base de dados.
  
Em nota, a SSPDS informou somente que “vem trabalhando no desenvolvimento do Programa Em Defesa da Vida, como o objetivo de reduzir os índices de criminalidade do Estado. O Programa é baseado na territorialidade, responsabilidade e meritocracia. No novo sistema de gestão, que passou a valer no dia 1º de janeiro deste ano, o Ceará foi dividido em 18 Áreas Integradas de Segurança (AISs), sendo seis delas em Fortaleza, três na Região Metropolitana e nove no Interior.
  
Cada uma das áreas tem como responsáveis um oficial da Polícia Militar, um delegado da Polícia Civil e um oficial do Corpo de Bombeiros. Foram estabelecidas metas de redução de criminalidade, por trimestre, cujo alcance resultam no pagamento de compensações financeiras aos profissionais de segurança.”


Serviço SSPDS

Estatísticas sobre crimes violentos letais intencionais, furtos, indicadores criminais e apreensão de armas e entorpecentes:

www.sspds.ce.gov.br

O POVO

Nenhum comentário:

Postar um comentário