Icó. Nesta cidade,
cerca de 500 agricultores, sindicalistas, representantes de movimentos sociais
e servidores públicos federais participaram, na manhã de ontem, da tradicional
manifestação de 1º de Maio. Os manifestantes percorreram ruas do Centro
Histórico e realizaram ato em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
A manifestação assinala
as comemorações ao Dia do Trabalho e neste cidade o ato público é realizado há
42 anos. Neste ano, o evento teve como lema "Cidadania e Respeito" e
como tema "Icó clama por Justiça, saúde e educação". O tempo nublado
no início da caminhada afastou um pouco o calor, mas na hora da concentração o
sol voltou a incomodar e afastou os manifestantes do meio da rua.
Os líderes do movimento
apresentaram reivindicações ao governo do Estado e à Prefeitura: distribuição
de água por meio de carro-pipa, maior oferta de milho do programa Venda Balcão
da Conab, construção de cisternas de placas, melhoria no atendimento de Saúde,
Educação e da infraestrutura do Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos e ações
para redução dos indicadores de violência.
O ato público é
promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Icó, Sindicato dos
Servidores Públicos Federais, MST, Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP)
e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Igreja Católica.
Foram apresentadas
reivindicações dos trabalhadores rurais relacionadas com a seca que castiga o
sertão desde 2012. Abastecimento de água, construção de cisternas de placas e
apoio à agricultura familiar foram discutidos pelas lideranças comunitárias e
dos movimentos sociais.
Seca
O presidente da
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Luiz
Carlos Ribeiro, participou do evento. "Houve ações governamentais em
socorro aos agricultores nesse período de estiagem, mas ainda há muito o que se
fazer, como a ampliação do crédito rural, apoio à produção, assistência técnica
e melhoria da infraestrutura do Perímetro Irrigado", disse Ribeiro.
"A seca é uma preocupação de todos nós", disse em tom crítico o presidente
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó, Lourival Teixeira. "O
governo precisa apressar a liberação de recursos para crédito aos pequenos
produtores rurais e o apoio às vítimas da estiagem com ações concretas e mais
rápidas". Teixeira disse que apesar da redução do número de manifestantes,
os trabalhadores estão unidos em na luta pelas suas reivindicações.
Antes da caminhada, foi
servido um café da manhã comunitário aos manifestantes. O grupo percorreu
algumas ruas do Centro Histórico de Icó, tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e fez manifestação em frente à sede da
Câmara de Vereadores e da Prefeitura. Violeiros (João Paulo, Fernando Miguel e
Heleno Oliveira) e músicos do grupo Francisco Bitônio e seu Regional animaram o
ato público, intercalado com apresentações de teatro de rua composto por
integrantes da Pastoral da Juventude do Meio Popular.
Violência
A diretora do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais, Edith Pitombeira, falou sobre a violência crescente
contra as mulheres. "Infelizmente, os dados são crescentes", disse.
"A criminalidade aumenta no centro urbano e também nas áreas rurais e
precisamos de políticas públicas para a redução desses índices".
A falta de assistência
adequada de atendimento básico de saúde na zona rural foi uma reclamação geral
nos protestos deste ano. "Não há médicos e nem dentistas", disse a
agricultora, Marciana de Souza, moradora da localidade de Cruzeirinho. "Os
moradores também enfrentam dificuldades de deslocamento para a cidade".
No mês passado, um
grupo de trabalhadores rurais do MST ocupou a sede da Prefeitura de Icó e
apresentou uma lista de reivindicações que foi novamente discutida ontem.
"As comunidades rurais continuam com saúde precária, falta estrada, e
escolas foram fechadas", disse o agricultor Manoel Lima.
O agricultor Francisco
Silva Pereira da localidade de Cruzeiro disse que as chuvas chegaram tarde e só
favoreceram a pastagem para o gado. "Pouca gente plantou e a safra é
pequena neste ano", disse. "Tivemos meio inverno". O produtor
rural Serafim Rodrigues de Oliveira, da localidade de Poço da Pedra, reclamou
conta a falta de abastecimento de água para as famílias. "O açude está
seco e vamos ter mais dificuldades no segundo semestre", disse.
Para o presidente da
Associação do Distrito de Irrigação Icó - Lima Campos (Adicol), Rui Teixeira,
as dificuldades maiores é a manutenção do Perímetro, pois falta máquinas e
equipamentos necessários. "Apenas 30% da área agricultável estão
produzindo", observou Teixeira. No ano passado, trabalhadores rurais
também ocuparam em Icó a sede do Dnocs reivindicando recursos para obras de
infraestrutura.
Diário do Nordeste - Honório Barbosa (Repórter)
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