Icó. Os produtores rurais do
Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos (PIILC), localizado neste município, vivem a
expectativa de construção das obras do canal de transferência de água por
gravidade do Açude Lima Campos para a unidade produtora. O projeto é um sonho
de mais de três décadas e que começa a ser realizado, após muitos anos de luta
e reivindicação.
Em março passado, foi assinada
ordem de serviço para a construção do canal em solenidade realizado no
auditório da Escola Técnica, nesta cidade, por representantes do Dnocs, através
de sua diretoria estadual. A obra está orçada em R$ 16 milhões.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Icó, Lourival Teixeira, disse por ocasião da
tradicional manifestação no Dia do Trabalhador, que transcorreu ontem, que os
agricultores estão cansados de promessas não cumpridas e que espera que as
obras anunciadas sejam realmente concluídas em sua totalidade.
O presidente da Associação do
Distrito de Irrigação Icó – Lima Campos (Adicol), Rui Teixeira, esclareceu que
a obra já foi iniciada com o serviço de limpeza da área e ampliação de canal
por gravidade já existente no setor Sul. “Essa obra é a realização de um sonho
antigo e que vai assegurar a irrigação de 70% do Perímetro que estão ociosos”,
disse. “Além do canal, precisamos de máquinas e equipamentos para o serviço de
manutenção do Perímetro”.
Quando o canal estiver
funcionando serão liberados cinco metros cúbicos de água por segundo. O
deputado estadual Neto Nunes ressaltou a importância da construção do canal
para a revitalização do Perímetro que há mais de duas décadas permanece com
dois terços de suas terras improdutivas por escassez de água. “Essa obra é um
verdadeiro sonho para a região”, frisou. “Atualmente, o perímetro irrigado
atende apenas 30% da região e, com o canal vai chegar aos 70% restantes”.
O Perímetro Irrigado de Lima
Campos foi implantado em 1969 e começou a operar em 1973. “Com o canal, ele vai
atender aos produtores rurais, possibilitando aos agricultores a chance de
garantir o sustento da sua família, tirando da terra o necessário”, afirmou
Nunes.
No ano passado, o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra, assegurou o repasse de R$ 24 milhões
para obras de infraestrutura no Perímetro, além de R$ 1 milhão para obras de
urbanização na área urbana de Icó. O vereador Víctor Luiz Monteiro Pontes,
disse que a obra do canal vai assegurar a retomada do crescimento do setor
agropecuário no município.
“Acreditamos que Icó vai alcançar
impulso no desenvolvimento com a chegada do campus da Universidade Federal do
Cariri e a retomada da produção com a irrigação do Perímetro”, disse o
parlamentar.
A ideia da implantação do
Perímetro no início da década de 1970, era transformar a economia agrícola da
região Centro-Sul do Ceará. Seria a redenção para centenas de pequenos
produtores. Após três décadas e meia, o quadro é totalmente adverso. Hoje os
colonos enfrentam a paralisação das atividades. A infraestrutura é precária,
canais quebrados, vazamentos, dívida com a Coelce e apenas 30% das áreas de
produção são irrigadas.
Na década passada, os problemas
de infraestrutura se agravaram. Houve investimentos na recuperação de parte dos
canais, mas não foram suficientes para garantir a retomada da produção. Diques
de proteção, parte dos canais e áreas de plantio foram quase todos destruídos.
Os dirigentes da Associação do Distrito de Irrigação Icó – Lima Campos (Adicol)
confirmam as dificuldades dos colonos.
O perímetro foi implantado pelo
Dnocs com o objetivo de produzir arroz, feijão, milho, hortaliças e frutas,
além da criação de bovinos. Tem uma área de 10,5 mil hectares (ha). Desse total,
2,7 mil ha foram destinados para os lotes de produção, ficando o restante para
reserva florestal, terras extras, canais, estradas internas, diques e áreas de
moradia.
Há 13 anos que apenas 30% estão
produzindo, cerca de 800ha, e de forma reduzida com o cultivo de arroz, feijão,
banana e pequena área de goiaba. Essa área é beneficiada por receber água por
gravidade do Açude Lima Campos, pois fica localizada acima do Rio Salgado.
O sistema de bombeamento está
obsoleto e paralisado em face de defeito das bombas e da dívida com a Coelce.
Em outras ocasiões, o problema foi resolvido com convênio da Prefeitura,
Governo do Estado e do próprio Dnocs, mas mostrou-se insustentável. Os colonos
da margem direita do Rio Salgado são os mais prejudicados. Ocupam quase dois
terços do perímetro e, sem irrigação os lotes estão improdutivos. Há 13 anos,
os agricultores vivem ociosos e sem renda.
DIÁRIO DO NORDESTE - Honório
Barbosa (Repórter)
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