Iguatu. Mais uma vez os
produtores rurais no Estado reclamam contra a falta de milho do programa Venda
Balcão por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A oferta do
grão é insuficiente para atender a demanda e em pelo menos dois armazéns da Companhia,
no Interior, o estoque acabou há mais de 90 dias. Em outras unidades, está no
fim e não dá para atender a necessidade dos criadores e pecuaristas.
A irregularidade e a reduzida
pluviometria no sertão do Ceará trazem enormes dificuldades para os produtores
rurais alimentarem o rebanho. Esse tem sido o quadro nos últimos três anos de
seca que castiga o semiárido. Os criadores necessitam de forragem (capim e
sorgo) e de grãos. A demanda por esses produtos aumenta entre julho e dezembro,
quando a pastagem nativa fica escassa. Sem chuva no período, os produtores
sofrem para manter o gado alimentado.
De acordo com o presidente da
Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, se não
houver mudança, o produto faltará nos próximos meses. "Não tivemos milho
no primeiro semestre, mas com um pouco de chuva deu para superar, mas agora a
necessidade vai aumentar", observou. "O problema é que o governo
federal deixou vencer a portaria ministerial, atrasou a compra do produto e o
pior é que autorizou somente aquisição de 180 mil toneladas para o Nordeste.
Essa é a necessidade do Ceará para o período", disse.
Flávio Saboya lembra que havia um
acordo entre a Casa Civil da Presidência da República, o governo do Estado e a
Faec para aquisição de 30 mil toneladas de milho por mês para o Ceará.
"Estava ontem em Brasília e soube que para o Ceará serão destinadas 5 mil
toneladas por mês, uma quantidade insuficiente. Precisamos nos mobilizar para
mudar essa realidade", defendeu. "Os políticos precisam fazer
pressão", recomendou.
Alternativa
A comercialização do milho por
meio do programa Venda Balcão da Conab é uma das principais alternativas para
os criadores adquirem o grão, que compõem a alimentação do rebanho, como fonte
de proteína e energia, associado à forragem (capim ou volumoso). O preço é
subsidiado. A saca de 60 quilos é vendida por R$ 23,10, bem abaixo do preço
praticado no comércio, que é cerca de R$ 40,00.
A Portaria Interministerial mudou
a regra no programa Venda Balcão. Antes, havia uma cota máxima de até 3 mil
quilos para o setor da agricultura familiar e de até seis mil quilos para os
pequenos e médios produtores rurais. A cota máxima agora é de três mil quilos
para todos.
A Faec defende a volta da cota
para 6 mil quilos e o aumento da saca de 60 kg do grão para R$ 28,00 para
atender os pequenos criadores. "Essa é a nossa briga, abrir a Venda Balcão
por um preço mais elevado, ampliar a cota e trazer mais milho para o
Nordeste", afirmou. "Para o setor da agricultura familiar as regras
permaneceriam".
O Diário do Nordeste entrou em
contato com a superintendência da Conab no Ceará, anteontem, mas foi orientado
a obter informações por meio da Assessoria de Imprensa em Brasília. As
perguntas foram encaminhadas por endereço eletrônico, mas não foram respondidas
até o fechamento desta edição.
Falta
A Conab dispõe de oito armazéns
no Interior (Crateús, Icó, Iguatu, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Russas,
Senador Pompeu, Sobral) e de um posto avançado em Tauá. Nas unidades de Crateús
e de Senador Pompeu o estoque está zerado. Na maioria, houve falta do produto
desde o mês de março passado. Em Maracanaú, por exemplo, o grão está estocado,
mas passa por processo de classificação e somente vai ser vendido a partir de
agosto próximo.
"Não adianta ter um preço
bom, se não tem o milho", reclamou o agricultor Francisco Timóteo de
Souza, do município de Crateús. "Isso é um absurdo". A reclamação é
geral e atinge a ampla maioria dos municípios do Ceará. "Infelizmente é um
problema recorrente que vem se arrastando nos últimos três anos", lembrou
o vereador Aliromar Pereira, da cidade de Crateús, na região Centro-Sul do
Ceará, que em 2013 passou mais de nove meses sem o produto.
No armazém de Crateús, o estoque
está zerado desde a primeira quinzena de junho passado. Neste ano veio reduzida
remessa e o estoque foi acabando. Em Icó, o estoque atual está em 200
toneladas, quase no fim. Para atender a demanda da região, precisa de 2 mil
toneladas por mês. Na unidade de Juazeiro do Norte não havia milho desde o mês
de março passado, mas agora chegou uma remessa.
Em Maracanaú há bastante milho
estocado, mas o produto ficou em falta durante três meses. Está em processo de
classificação e a partir de agosto próximo começa a ser vendido. Em Russas, o
milho já chegou e atualmente atende produtores de Limoeiro do Norte.
Em Senador Pompeu, o armazém está
sem estoque há um mês. A expectativa é que em agosto próximo cheguem duas mil
toneladas. Em Sobral, houve escassez do produto desde março. Chegou uma nova
remessa que já está acabando e atualmente atende os criadores de Forquilha,
Coreaú e Moraújo.
Em Iguatu, há estoque reduzido de
cerca de mil toneladas e o calendário de atendimento recomeçou ontem com os
criadores de Jucás e depois será a vez de Quixelô. Há previsão de chegada de 2
mil toneladas ainda em agosto. O estoque atual deve ainda atender Cedro,
Catarina, Acopiara e Saboeiro, além de intercalar com Iguatu.
Mais informações:
Faec
Telefone: (85) 3535.8023
Conab
Telefone: (85) 3252. 1384
Fortaleza
Diário do Nordeste - Honório
Barbosa Repórter
Nenhum comentário:
Postar um comentário