Um dia 13 de julho de 64 anos atrás faria o Brasil chorar seu drama maior, o Maracanazo. Pois este 8 de julho de 2014 faz ele jorrar lágrimas para a maior das suas humilhações. De joelhos! A derrota mais vexatória do país celebrado mundialmente por ser o do futebol. O estádio do Mineirão viu o triste capítulo de 50 ficar esmaecido, ao menos por ora, na história. Vai ser difícil lembrar daquele 2 a 1 para o Uruguai diante do que fez a Alemanha nesta semifinal. Uma tortura incomparável para os apaixonados pela equipe canarinho.
Os germânicos, em 45 minutos, tornaram picadinho o sonho nacional de, enfim, conquistar o troféu em seu território. Um 7 a 1 que não dar margem a senões, ressalvas e paliativos. Não há razões possíveis para explicar tamanho resultado. As ausências de Thiago Silva e Neymar, que seriam motivos razoáveis para justificar uma derrota, não cabem para explicar o que se viu. A pior derrota dos pentacampeões em toda sua gloriosa história!
Depois de muito mistério na véspera, Felipão surpreendeu e escalou Bernard na vaga de Neymar. O menino com alegria nas pernas, na definição do próprio treinador, entrou para atuar pela direita, com Hulk na esquerda e Fred pelo meio. A ideia de ter um meio de campo mais fortalecido, com Paulinho ao lado de Luiz Gustavo e Fernandinho, tentando assim neutralizar o setor mais criativo dos alemães, foi abortada em nome de tentar abafar a saída de bola rival. No início até parecia que a tática poderia dar resultado e o jogo seria disputado, com cara de uma semifinal entre as duas potências. Que nada. Bastou uma jogada de bola parada, arma letal dos europeus, para a filosofia derreter-se. Em um lance de perdição total da defesa aos 10 minutos, Daviz Luiz deixou Thomas Müller livre para fazer seu quinto gol neste Mundial.
A partir daí a Seleção sofreu um colapso inédito em seus mais de cem anos de história. A Alemanha fez seu toque de bola parecer fácil, ludibriando a marcação brasileira. No imaginário coletivo mundial os tedescos jogaram como Brasil, com técnica apurada. Na zaga, Dante, que tanto foi celebrado como conhecedor das virtudes e defeitos do adversário por jogar no Bayern de Munique, foi presa fácil, assim como todo o sistema defensivo. Aos 22, Klose fez seu 16º em Mundiais e isolou-se como goleador máximo nessas 20 edições de Copa. E uma espécie de Carrossel em vermelho e preto passou a desfilar, com um gol atrás do outro.
O desencontro brasileiro no gramado ficou evidente no go, de Khedira, aos 28 minutos. após linha de passe que mais parecia a tão brasileira "roda de bobinho". Antes, Kross fizera dois. Assim, Felipão e seus comandados foram inertes para o vestiário, com um 5 a 0 inimaginável.
No segundo tempo, Felipão fez o que muitos esperavam que fizesse no início. Povoou o meio, com Paulinho e Ramires, na tentativa de ao menos reduzir o vexame. Não houve trégua. Além de dois gols de Schürrle, que entrou no lugar de Klose, teve a eficiência do goleiro Neuer, que evitou que o Brasil descontasse com duas defesas imponentes.
A Alemanha vai para a decisão após esbarrar duas vezes na sequência nas semifinais e tentará, no domingo, dar a uma exuberante geração uma glória que ainda não veio. Espera pelo seu adversário, que pode ser a Argentina pela terceira vez ou a Holanda pela segunda. Já o Brasil tenta recolher os infindáveis cacos para defender seu orgulho no sábado, no Mané Garrincha, em Brasília, na disputa de terceiro e quarto.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 1 x 7 ALEMANHA
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data/Horário: 8/7/2014, às 17h
Árbitro: Marco Rodríguez (MEX)
Assistentes: Marvin Torrentera (MEX) e Marcos Quintero (MEX)
Cartão amarelo: Dante (BRA)
Cartão vermelho: -
Gols: Muller, aos 10'/1ºT (0-1); Klose, aos 22'/1ºT (0-2); Kroos, aos 24'/1ºT (0-3); Kroos, aos 25'/1ºT (0-4); Khedira, aos 28'/1ºT (0-5); Schurrle, aos 23'/2ºT (0-6); Schurrle, aos 33'/2ºT (0-7) e Oscar, aos 44'/2ºT (1-7)
BRASIL: Julio Cesar; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho - Intervalo) e Oscar; Bernard, Hulk (Ramires - Intervalo) e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.
ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker - Intervalo) e Howedes; Khedira (Draxler - 23'/2ºT), Shweinsteiger, Ozil, Kroos e Muller; Klose (Schurrle - 12'/2ºT): Técnico: Joachim Low.
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