A crise financeira que vinha sendo observada no Hospital
Regional Manuel de Abreu nos últimos anos levou a unidade a encerrar as
atividades de atendimento à população no início desta semana. O hospital
funcionava no Crato desde 1970 e, atualmente, se mantinha, exclusivamente, dos
recursos de internamentos custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A unidade dispunha de 23 leitos para internamento feminino e
22 leitos para internações masculinas. Em épocas de maior lastro financeiro, a
capacidade para internamentos chegava a ser de até 100 pacientes. Hoje, no
entanto, um cálculo preliminar realizado pela direção do hospital aponta a
existência de uma dívida superior a R$ 400 mil junto a fornecedores,
funcionários e impostos atrasados.
Nos últimos meses, o valor mensal capitaneado através das
internações do SUS chegava a cerca de R$ 70 mil, enquanto as despesas
ultrapassavam os R$ 110 mil. Desde o mês de janeiro, os sócios do equipamento
vinham injetando recursos próprios na unidade, objetivando o pagamento de
algumas dívidas. A estrutura física do hospital oferecia salas cirúrgicas,
enfermarias, consultórios médicos, ambulatórios e uma Unidade de Terapia Intensiva
(UTI).
Desativado
Grande parte destes setores, no entanto, acabou sendo
desativada com o passar dos anos por conta das dificuldades financeiras. Desde
o início deste ano, apenas o setor clínico continuava disponibilizado. A
situação se agravou nos últimos meses, levando os proprietários a decidirem
pelo fechamento.
A unidade era recebia, além de moradores do Crato, pacientes
de Farias Brito, Nova Olinda, Santana do Cariri e Exu (PE). Com o fechamento, a
perspectiva é que os pacientes destes municípios passem a buscar atendimento no
Hospital Regional do Cariri (HRC), o que pode ocasionar sobrecarga no
equipamento.
Conforme informou a diretora administrativa do equipamento
recém-fechado, Fabíola Alencar, a problemática da unidade vinha sendo discutida
há algum tempo, sendo realizadas audiências públicas pela Câmara Municipal e
encaminhados ofícios por setores da sociedade civil organizada ao governo do
Estado. "No ano passado, vários encontros aconteceram entre a direção do
hospital e a Secretaria de Saúde do Município. Fizeram promessas de ajudar, mas
nenhuma ação foi concretizada", afirmou.
Fabíola Alencar disse, ainda, que esteve reunida com o
prefeito do Município, Ronaldo Sampaio Gomes de Mattos, ocasião em que o gestor
teria se mostrado indiferente à situação do hospital. Ela disse também não
compreender os motivos da falta de posicionamento do Estado em relação ao
ofício encaminhado.
Conforme a secretária de Saúde do Crato, Aline Alencar, o
Município jamais se negou a prestar auxílio ao Hospital Manuel de Abreu. A
proposta apresentada à diretoria, no ano passado, seria referente à contratação
de profissionais para dar suporte ao setor ambulatorial do equipamento. As
contratações, no entanto, não teriam acontecido porque surgiram dúvidas em relação
à legalidade do processo.
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou que,
devido à importância do Hospital Manuel de Abreu para a população do Crato, o
órgão estadual está analisando todas as possibilidades de cooperação
financeira. Afirma que está mantendo contato com a Secretaria de Saúde do Crato
que, com base na Constituição Federal, é que faz a gestão da saúde do
Município, para manter o hospital funcionando. A Sesa também informou que
mantém no Crato convênios com dois Hospitais Polos, o Hospital São Francisco e
o Hospital São Raimundo.
Fonte: Diário do Nordeste
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