Sobral. Três municípios cearenses já sofrem com o
racionamento de água no Estado. Canindé, Crateús e Caririaçu já apresentam
planos para a economia. Segundo o diretor de Operação da Companhia de Gestão
dos Recursos Hídricos (Corgerh), Ricardo Aldeodato, a última recarga
significativa dos reservatórios aconteceu em 2009 e, desde 2011, o Ceará sofre
com três secas consecutivas.
Em Caririaçu, o Açude São Domingos II, responsável pela
garantia hídrica da sede do Município, está com 11,56% de sua capacidade total.
Conforme diagnóstico do órgão estadual, o volume de água no reservatório só
deverá durar até o próximo mês de setembro.
De acordo com o diretor de Operação da Cogerh, a palavra
chave é "racionamento", e a previsão para o segundo semestre é de
dificuldades. "Estamos com média de 29% da capacidade dos reservatórios
monitorados, o que representa 5,6 bilhões de m³ de água, mas isso não é
homogêneo. Por exemplo, no Cariri, choveu razoavelmente bem, mas em Caririaçu,
a situação é difícil. O reservatório está numa área elevada, por isso estamos
fazendo um adutora de engate rápido", explica Aldeodato.
Desde o início deste ano, a população de Caririaçu é
abastecida por carros-pipas contratados pela Defesa Civil do Estado e pela
Prefeitura local. A água utilizada pelos pipeiros é captada do Açude Manoel
Balbino, popularmente conhecido por Açude dos Carneiros, onde se espera ser construída
uma adutora pelo Governo do Estado para solucionar, em definitivo, o problema.
A obra, que nem sequer foi iniciada, tem prazo de entrega de 180 dias. Até lá,
o Governo prometeu construir uma adutora emergencial, num prazo de 90 dias,
para minimizar o sofrimento da população. Os trabalhos, até o momento, também
ainda não foram iniciados.
A partir de setembro, quando não haverá mais água no Açude
São Domingos II, o Município deverá adotar um novo plano emergencial de
atendimento aos usuários. A perspectiva é de que, pelo menos, dez carros-pipa
sejam contratados para garantir o abastecimento.
Adutora
Durante os festejos de Canindé, a cidade passou por uma
situação difícil de abastecimento. "Tivemos que fazer uma adutora do Açude
Escuridão para lá, feita em 35 dias, de 26 Km. Não é mais suficiente, por isso
estamos resolvendo com complementa-ção de poços, enquanto chega uma adutora de
engate rápido de 50 Km que sai do Açude General Sampaio até Canindé",
destacou Aldeodato.
Desde abril do ano passado, a população de Canindé enfrenta
racionamento de água. Conforme o presidente do Sistema Autônomo e Água e Esgoto
(Saee), Nelson Bandeira, os três reservatórios do Município do Sertão Central -
Sousa, São Mateus e Escuridão - estão praticamente secos. No Açude Sousa, ainda
restam dois metros de lâmina d'água, ou seja, ainda há capacidade de captação.
Entretanto, será preciso uma manobra especial para realizar o bombeamento,
segundo explica Bandeira.
Atualmente, o abastecimento em Canindé está dividido em dois setores.
De um lado da cidade, está situado o bairro Alto da Guaramiranga. A rede dele
se estende para outros três bairros - Alto do Moinho, Palestina e Jubair. Eles
recebem água num dia da semana, no seguinte é a vez da outra área do Município.
No entanto, a estratégia da Saee não resolve o problema. As
partes mais altas estão recebendo o abastecimento através de carros-pipas. A
Prefeitura de Canindé distribui caixas d'água para amenizar o problema.
Na avaliação de Bandeira, o abastecimento vai melhorar quando
a adutora ligando o Açude General Sampaio à rede do Saae estiver pronta. A
estimativa de prazo da obra é de 120 dias. Os trabalhos foram iniciados no fim
do mês passado e deverão ser concluídos antes dos festejos de São Francisco, de
9 a 18 de outubro.
Mais de 500 mil pessoas estarão em Canindé nesse período. A
população atual da cidade é de 75 mil habitantes. Os municípios de Caridade e
Paramoti também devem ser beneficiados com a adutora.
Divisão
Em Crateús, o racionamento de água também é umas das medidas
emergenciais. Segundo um funcionário da Companhia de Água e Esgoto do Ceará
(Cagece) que preferiu não se identificar, a cidade está dividida em zona baixa
e zona alta, para fins de distribuição das águas. "Cada bairro compõe uma
zona. A distribuição da água é realizada através dessas área. A zona baixa tem
água nos dias de segunda, quarta e sexta-feira. Na zona alta, o abastecimento é
feito nos dias terça, quarta e sábado. Domingo é o dia que toda a cidade possui
abastecimento", diz.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Teobaldo Marques, o
racionamento é feito dentro da lei. Ele destacou também que muitos bairros são
prejudicados, pois o volume e pressão da água não é suficiente, deixando
localidades sem água mesmo em dias de abastecimento, como é o caso do bairro
Cidade 2000, o que mais sofre com a situação.
Regiões em situação crítica
Em cidades como Quixeramobim e Boa Viagem, o momento é de
campanha de conscientiza-ção para evitar desperdícios. Os reservatórios de água
desses municípios estão em nível crítico.
O Açude Fogareiro, principal fonte hídrica de Quixeramobim e
o Vieirão, de Boa Viagem, estão com 8,91% e 10,96% de sua capacidade,
respectivamente, de acordo com informações da Companhia de Gestão de Recursos
Hídricos (Cogerh).
Por esse motivo, os Sistemas Autônomos de Água e Esgoto
(Saaes) dos dois municípios alertam para o risco de racionamento. Mesmo com a
água garantida por adutoras interligadas a outros açudes, o desperdício deve
ser evitado ao extremo, orientam os gestores públicos.
Nova Russas é outra cidade bastante prejudicada com a seca. O
governo do Estado e a Prefeitura Municipal estão com trabalho intensificado
nesta região. A Adutora Araras é umas das principais ações.
A Região dos Inhamuns também não tem trabalhos de
racionamento, porém, segundo o presidente da Associação de Desenvolvimento
Ambiental, Valdemilson Veloso, a situação tende a se agravar. Para ele, até o
mês de outubro, a região só terá água disponibilizada pelo Açude Favelas, que
está com somente 7,78% de sua capacidade.
Diário do Nordeste
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