Limoeiro do Norte. Acidentes envolvendo motocicletas e
motonetas correspondem a quase 35% do total de ocorrências no Estado. Os dados
são do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) registrados até agosto do ano
passado. No período de 2003 a 2012, o número de vítimas fatais neste tipo de
acidente cresceu 187%.
Para a coordenadoria de fiscalização do Departamento, as
estatísticas são preocupantes. A principal causa desses acidentes, de acordo
com o órgão, é a imprudência. Segundo o Detran, é no interior do Estado que há
maior concentração de condutores de motocicleta sem habilitação. A frota de
veículos de duas rodas é de pouco mais de 1,1 milhão, havendo registros de
aproximadamente 600 mil pessoas habilitadas com a Carneira Nacional de
Habilitação (CNH) na categoria A (exigida para conduzir moto).
Até agosto de 2013 foram contabilizados, em todo o Ceará, 6.164
acidentes envolvendo apenas motocicletas, contra 17.617 envolvendo outros
veículos, como carros, caminhões etc. Esse valor representa 34,75% do total de
acidentes ocorridos em apenas oito meses. Da última estatística até o momento,
o Departamento não atualizou os números, não sendo possível saber se as
ocorrências cresceram ou diminuíram no último ano.
De janeiro a agosto de 2013, 448 pessoas foram vítimas fatais
de acidentes com motocicletas, representando 25,34% do total de mortes no
trânsito, que foram de 1.768 mortes. Em todo o ano de 2012, foram 887 mortes de
motociclistas, de um total de 2.403 óbitos em acidentes com todos os veículos.
O Departamento tem cadastrados no seu sistema aproximadamente
1,5 milhão de condutores portadores de CNH. Desse total, quase a metade é
habilitada na categoria A. Destes, cerca de 600 mil estão no interior e 200 mil
na capital.
Álcool
Entre os principais exemplos de imprudência identificados
pelo órgão está o consumo de álcool por quem vai conduzir o veículo. O
resultado disso são os acidentes constantes e as ocorrências registradas nos
finais de semana no Instituto Dr. José Frota, em Fortaleza, para onde são
levados grande parte dos acidentados.
O coordenador de equipe de fiscalização do Detran, Ribamar
Diniz Bacelar, avalia que as estatísticas preocupantes de vítimas de acidentes
de trânsito envolvendo motocicleta resultam da falta de responsabilidade de uma
parcela dos motociclistas. "Nas cidades de médio e grande portes, essa
parcela ainda não atentou para os cuidados que se deve ter ao conduzir moto na
via pública. Há motociclistas que fazem das ruas e avenidas verdadeiras pistas
de corrida. Parece até mesmo que estão disputando algum campeonato. Fazem
zigue-zague nas vias, ultrapassam pelo lado direito dos outros veículos, fazem
ultrapassagem por um estreito espaço entre dois veículos de quatro rodas em
movimento. Não respeitam ônibus e caminhões em subida ou descida de alça de
viaduto ou mesmo na conversão à direita ou à esquerda de um cruzamento",
contou o coordenador.
Além disso, ele ressalta que os moradores das cidades
distantes da Capital substituíram o animal ou mesmo a bicicleta pela moto.
"A exigência da habilidade para conduzir motocicleta é inúmeras vezes
maior que a de um condutor de bicicleta ou um montador de cavalo ou
jumento", acrescentou.
A falta de órgãos municipais de transito também é apontada
como um dos fatores que contribuem para o aumento de acidentes. Segundo o
Detran, apenas 55 dos 184 municípios cearenses possuem departamento municipal
de trânsito. De acordo com o órgão estadual, o número de acidentes seria
reduzido se houvesse participação maior dos municípios na fiscalização.
Efetividade
Limoeiro do Norte é uma das cidades que possuem o trânsito
municipalizado. Para o diretor da unidade, Osmar Oliveira, o número de agentes
está reduzido e o trabalho de fiscalização não é realizado como deveria.
"Nós só podemos realizar blitz com o apoio da polícia,
que também tem seu efetivo reduzido aqui no município. O que fazemos é um
trabalho pontual de trânsito, em alguns locais. Sem dúvida a blitz constante
impactaria mais e consequentemente o número de acidentes estaria
reduzido", afirmou.
Sobre números do município, Oliveira informou que somente
após 60 dias da solicitação os dados poderiam ser divulgados. De acordo com
ele, o trabalho de levantamento em comparação com os anos anteriores ainda está
sendo realizado pelo órgãos.
DIÁRIO DO NORDESTE - Ellen Freitas Colaboradora
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