Canindé. A fé move montanhas, une pessoas e, dependendo da
intensidade, pode até fazer chover. Pensando e rezando, que moradores católicos
do bairro da Palestina, na região urbana de Canindé, e recriam a velha tradição
e rogam aos céus pedindo água para acabar com a seca dos rios, recuperar o
volume dos reservatórios e garantir o abastecimento da cidade, em um terço com
a participação de moradores do bairro em solo rachado do reservatório outrora
responsável pelo abastecimento da cidade.
"Minha avó sempre fazia isso e me ensinou, na época da
estiagem, a rezar para pedir chuvas. Sempre deu certo", disse Sérgio
Mariano, agente comunitário que idealizou o terço na tarde de ontem.
Flávia, residente no distrito de Bonito, a 20 quilômetros do
Centro de Canindé, também foi ao açude São Matheus pedir ajuda divina. Ela
rezou baixinho durante toda a procissão, que começou ao lado do sangradouro e
encerrou na galeria do reservatório". Ao mesmo tempo, integrantes do
Terço, usavam rosários e imagens de São Francisco nas mãos, para pedir a Deus a
bênção em forma de chuva.
"Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito
Santo, estamos aqui para louvar e agradecer?", cantou um dos coordenadores
do terço, o aposentado Francisco Assis Santos, de 71 anos. "Esta é uma
tradição antiga do Nordeste. Estamos preocupados com a falta de água e, então,
estamos rezando sempre que podemos", disse ele, ao lado de Maria Machado,
de 67 anos.
Poucos minutos antes de começar o ritual, Sérgio Mariano
lembrou da seca na nascente do Rio Canindé. "É um rio tão importante.
Queira Deus que nada aconteça de mal e que as águas venham logo".
O açude São Matheus foi concluído em 1957 e secou pela
primeira vez no dia 22 de novembro de 1997. Foi preciso muita reza para que ele
voltasse a sangrar. Na tentativa de amenizar a angústia da escassez de água, os
sertanejos oraram pela chuva.
"Clamamos nesse momento pela ajuda de Deus e protestamos
pela ajuda do Governo. É um cenário devastador de miséria". Apesar da
pouca água, mesmo em meio à lama e ao solo ressecado, o agricultor Sebastião
Silva dos Santos ainda continua indo ao reservatório pescar. "O importante
é que tem alguns peixes ainda. Melhor pegar logo. Venho quase todo dia, porque
logo eles vão morrer todos. Aqui só tem lama. É melhor pescar para gente comer
alguma coisa do que deixar que eles morram assim'',disse.
O olhar de triste de dona Edileida Pinto Maciel, de 52 anos,
denunciava o que ela nunca tinha visto na sua vida: o açude São Matheus
agonizando. "É um sentimento de muita tristeza. Estou aqui para rezar e
pedir muito a Deus e São Francisco que as chuvas cheguem logo para acabar com
tudo isso'', falou.
DIÁRIO DO NORDESTE - Antônio Carlos Alves Colaborador
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