Seja em esfera municipal,
estadual ou federal, sempre que um grande empreendimento tem a construção
iniciada, o cumprimento do prazo de execução logo é posto em dúvida. Em tom de
brincadeira ou de desabafo, é hábito do brasileiro tecer comentários sobre o provável
atraso de obras públicas, ainda que não haja motivo aparente para prever
paralisações ou adiamentos.
Essa postura por parte daqueles
que aguardam a concretização de promessas - muitas vezes carros-chefes de
campanhas eleitorais - não se manifesta à toa. Nas mais diversas áreas, é comum
empreendimentos se arrastarem por anos, durante os quais adiamentos consecutivos
frustram as expectativas daqueles que se beneficiariam com a conclusão dos
serviços. Longe de gerar apenas descontentamento, esses atrasos causam impactos
graves à economia de estados ou da União.
No caso das obras realizadas no
Ceará, há diversos exemplos de morosidade na execução de serviços públicas,
sendo o Aeroporto Pinto Martins, o Acquario Ceará e a Transnordestina alguns
dos principais exemplos.
Prováveis motivos
Segundo o vice-presidente da
Associação Brasileira de Tecnologia para a Construção e Mineração (Sobratema),
Mário Marques, um dos principais motivos para a grande ocorrência de atrasos é
o fato de os editais de licitações contemplarem apenas o projeto básico dos
empreendimentos, deixando o planejamento da execução a cargo das construtoras,
após o processo licitatório ser concluído. Após essa etapa, acrescenta,
diversos obstáculos costumam surgir, a exemplo da intervenção de órgãos
ambientais, problemas ligados a desapropriações ou necessidade de emitir novas
licenças.
Ele destaca que as paralisações
tornam mais caros os projetos, devido aos gastos inesperados ligados a
transporte, alimentação, alugueis e outros custos. "Uma obra que atrasa
dois ou três anos nunca dará o resultado esperado no estudo original",
aponta. Conforme o professor de finanças da Pós-Graduação em Economia (Caen) da
UFC Paulo Matos, as falhas na interação entre as diferentes esferas do poder
público são outra razão para grande parte dos atrasos. Ele ressalta que esse
tipo de situação também afasta investidores. "Isso gera um choque de
expectativas e mostra para os investidores estrangeiros como o País é
bagunçado", aponta.
DIÁRIO DO NORDESTE - João Moura Repórter
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