Iguatu. O prejuízo causado por uma forte ventania que
destruiu áreas de produção de banana da variedade Pacovan, na zona rural deste município,
no último dia 30, foi reavaliado na manhã de ontem e mostra um drama ainda
maior do que se estimava inicialmente. Foram afetados 285 hectares e 120
produtores, causando uma perda de mais de R$ 7 milhões. O drama dos
agricultores familiares traz preocupação mediante a perda de renda e de
trabalho no bananal.
Os pequenos produtores estão preocupados, tristes e apelam
para que os bancos favoreçam a concessão de financiamentos para o custeio de um
novo plantio.
É preciso cortar as plantas destruídas, preparar o solo e
fazer replantio de novos filhos para que possibilite a safra a partir de
novembro deste ano. O prejuízo é de R$ 25 mil por hectare, mas os agricultores
solicitam apenas empréstimo de R$ 10 mil.
O presidente da Associação dos Fruticultores de Iguatu,
Murilo Barroso, disse que a região de Quixoá foi a mais prejudicada, pois reúne
um maior número de produtores. "O que aconteceu foi uma calamidade e os
agricultores estão desesperados", frisou. Barroso disse que não há
exageros nos números. "A conta é simples: cada hectare produz 25 toneladas
de banana por ano e foram destruídos 285 hectares, totalizando 7.125 toneladas
(a safra que seria colhida). O quilo dá fruta é vendido por um real, logo o
prejuízo é superior a sete milhões de reais".
O município de Iguatu é um dos maiores produtores de banana
do Estado. O cultivo é realizado em uma área estimada em 700 hectares, nas
várzeas do Rio Jaguaribe e em outras regiões. A maioria do plantio é da
variedade nanica (casca verde) que não foi afetada pelos ventos fortes, pois
possui estrutura baixa e tronco grosso. O quilo da nanica é vendido por apenas
R$ 0,20 e o consumo é direcionado para as indústrias de doces.
A destruição ocorreu nas áreas de cultivo da variedade
Pacovan, que apresenta pés elevados, em torno de sete metros, e troncos finos.
É a banana de casca amarela, preferida pelos consumidores, ideal para a mesa.
Preocupação
O prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, mostrou-se
preocupado com a situação e solicitou do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil
a visita dos superintendentes. "Queremos que eles conheçam de perto o
drama vivenciado pelos produtores rurais e possam apressar a liberação de
financiamento para custeio", frisou. Na manhã de ontem um grupo de
produtores esteve reunido com o prefeito, secretária de Agricultura,
representantes da Ematerce, da Coiguatu e do Sebrae para avaliar a situação.
Ficou decidido que será feito um levantamento técnico das áreas com fotos e
filmagem, com pontos georreferenciados.
Alguns produtores acreditam que há um corredor que facilita a
propagação de ventos nas localidades de Quixoá e Cardoso, nas duas margens do
Rio Jaguaribe. O bananal fica nas várzeas do rio. Fenômenos semelhantes já
ocorreram em janeiro de 2009 e em dezembro de 2013, mas com menor intensidade
de destruição. O agrônomo Paulo Maciel chamou a atenção para a necessidade de
adoção de práticas ecológicas, de plantio sustentável. "É preciso adotar
medidas preventivas", disse. "Os desastres naturais vão continuar
cada vez mais intensos". O representante do Sebrae, Tales Oliveira, disse
que os bananicultores precisam se organizar para colher informações técnicas,
adoção de modelos modernos de produção, como redução de custos. "A gente
não pode se reunir apenas nos momentos de tragédia, de perda
generalizada", argumentou.
Cada produtor de um lado e outro do Rio Jaguaribe tem um
drama comum e uma dor a relatar. Os mais afetados são os pequenos, mas há meia
dúzia de médios agricultores que amargam maiores prejuízos.
"Estava rico e fiquei pobre da noite para o dia",
disse Francisco Lopes, que perdeu mais de 80% do plantio em uma área estimada
em 10 hectares. O maior deles é Armando Souza (Maninho) que cultiva banana
pacovan há mais de duas décadas, numa área de 18 hectares. Somente o prejuízo
dele é estimado em mais de R$ 200 mil.
O agricultor José Rodrigues Neto produz um hectare e meio de
banana. "Perdi quase tudo, um hectare foi abaixo, destruído pelo
vento", contou. A agricultora Maria Iza de Carvalho Menezes e os dois
filhos, Wesley e Wêber, vivem da produção de banana há mais de 20 anos, numa
área de um hectare. "A renda da nossa família vem dessas bananeiras",
disse a mãe dos jovens agricultores. "O nosso prejuízo é de mais de dez
mil reais".
Mais informações:
Escritório da Ematerce em Iguatu
(88) 3581. 9478
Secretaria de Agricultura do Município
(88) 3581. 6527
DIÁRIO DO NORDESTE - Honório Barbosa Colaborador
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