O estudo foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e elaborado a partir de
entrevistas com professores do 6º ao 9º ano. Os brasileiros são os que
declararam entre os 34 países da pesquisa, passar mais tempo tentando manter a
ordem da sala. No mundo, a média de gasto é de 12,9%.
O professor tem em média 50 minutos para apresentar conteúdos
aos alunos, explicar a matéria, resolver exercícios, fazer dinâmicas, ler
textos. Além disso, precisa cumprir tarefas administrativas como fazer a
chamada e garantir a organização da sala - atividades que consomem minutos
preciosos.
No Ceará, os docentes da rede pública gastam 17% do tempo
letivo para a manutenção da ordem da sala. É o menor percentual do País, onde,
em média, o tempo perdido com organização da turma é de 19,8%. Assim, minutos
que poderiam ser usados para explorar um conteúdo novo são desperdiçados com
pedidos de atenção e tentativas de fazer os estudantes pararem para ouvir.
Comparado aos outros estados, o Ceará tem o maior período
dedicado a ensino e aprendizagem de fato – 70,7% do tempo em sala. Nas tarefas
administrativas, como fazer a chamada, os docentes cearenses levam 11,8% do
tempo.
Segundo o pesquisador de Educação Jacques Therrien, para o
bom desenvolvimento das aulas é necessário ter família, gestão escolar,
disponibilidade do docente e cooperação dos alunos. “Em turmas de 50 estudantes
não é possível atender todos individualmente. Mas é preciso procurar maneiras
para fazer o aluno se sentir entendido e sentir que o professor está se
dirigindo para ele como pessoa”, defende.
Esse trabalho com a afetividade e a sensibilidade é apontado
como caminho para alcançar a boa convivência. Para lecionar, explica Jacques,
não basta dominar o conteúdo. Se um aluno tem problemas familiares, é natural
que ele se manifeste. Mais do que condenar as situações de indisciplina,
geradoras de desordem, é necessário dialogar.
Professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edvard
Teixeira Férrer (em Juazeiro do Norte), disse utilizar o diálogo para manter a
organização e, com isso, não perder tempo de aula. Mas As vezes o diálogo não é
possível. “Conversamos sobre a importância de respeitar o outro. Mas tem
aqueles alunos que não querer aceitar. Isso se deve ao fato de serem
adolescentes e está em uma fase especial, uma fase de mudanças. É nesse momento
que entra a conversa e a afetividade”, ponderou a professora que aderiu ao
movimento grevista e achou por bem não se identificar.
*O estudo pode ser visualizado no Portal do INEP - http://portal.inep.gov.br/
Miséria
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