O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou o
Supremo Tribunal Federal que a citação à presidente Dilma Rousseff não é
passível de investigação no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga o
esquema de desvios na Petrobras. A reportagem apurou que Janot diz no despacho
ao Supremo que a Constituição não permite que o chefe do Executivo seja
investigado por qualquer ato que não seja relacionado com o exercício do cargo
da Presidência, posto assumido por Dilma em 2011.
Com isso, o caso da presidente não se trata de pedido de
arquivamento, como foi o do senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves
(MG), citado em delação premiada do doleiro Alberto Youssef por suposto
envolvimento em um esquema de propinas na estatal de energia Furnas. No caso do
tucano, Janot encaminhou um pedido de arquivamento ao STF argumentando que a
delação não traz elementos suficientes para se dar continuidade às
investigações. O pedido ainda será analisado pelo ministro Teori Zavascki.
A justificativa do caso de Dilma foi adotada por opção de
Janot. Ele poderia, simplesmente, não ter incluído o nome dela no despacho ao
Supremo. O texto que cita a presidente encaminhado à Corte acompanha o pedido
feito por Janot nessa terça-feira, 3, de abertura de inquérito contra 54
pessoas suspeitas de envolvimento na Lava Jato. Além deles, o procurador
apresentou sete pedidos de arquivamento - entre eles o do senador Aécio Neves
(PSDB-MG).
Pela citação de Janot, as referências feitas sobre Dilma nas
investigações da Lava Jato aconteceram antes de ela assumir a Presidência da
República, em 2011. No governo Lula, a petista chefiou o Ministério de Minas e
Energia e comandou a Casa Civil. Nesse período também presidiu o Conselho de
Administração da Petrobras, entre 2003 e 2010. Nesse ano, deixou a Casa Civil
para disputar sua primeira eleição presidencial.
A referência a Dilma na Lava Jato amplia sua exposição
política, justamente num momento em que o cenário dentro do Congresso é de
conflito aberto com o PMDB, principal partido aliado do governo e do PT. Além
disso, Dilma também enfrenta enormes dificuldades com deputados e senadores
para conseguir aprovar suas propostas de ajuste fiscal na busca pela
recuperação da economia. O material enviado por Janot ao STF está em regime de
segredo de Justiça. O sigilo deve ser aberto pelo ministro do Supremo Teori
Zavascki, relator do caso.
DIÁRIO DO Nordeste
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