Iguatu / Fortaleza. Só a fé para
superar a expectativa de quatro anos de seca no Estado. A história da devoção a
São José, na localidade de Baú, zona rural do município de Iguatu, nasceu da fé
de um agricultor, mas teve motivo próprio, diferente dos pedidos e
agradecimentos pela chuva. Em 1896, o agricultor José Alves de Oliveira, fiel às
tradições religiosas, em um momento de muita aflição, por ocasião do nascimento
de um dos seus filhos, fez promessa e, com a graça alcançada, ergueu a capela e
dedicou o templo a São José.
> Tendência é continuar abaixo
da média em 2015
Desde então, a família e os
moradores celebram novenas ao longo do mês dedicado ao santo. No dia 19, Dia de
São José, tem a tradicional missa, rezada sob a sombra de um frondoso Juazeiro,
ao lado da capela, pela manhã, atraindo devotos dos sítios vizinhos. É dia de
muita festa na comunidade.
Os agricultores mantêm a fé e se
distanciam das explicações científicas. "Deus e São José não vão nos
abandonar porque, mesmo nos últimos anos de seca, veio chuva", disse o
agricultor, Francisco Barbosa de Oliveira, o Nena, que costuma levar para a
roça uma imagem de São José, além da enxada e de outras ferramentas de
trabalho. "Penso que o inverno será bom, tenho muita fé de que terei uma
boa safra de milho e feijão".
A aposentada Zenalda Alves de
Oliveira reafirma que os moradores expressam fé inabalável no santo, que é
patriarca da Igreja Católica. O agricultor Raimundo Vieira de Brito perdeu a
safra de grãos em 2014, mas não desiste. "Já plantei um hectare e vou
plantar mais no Dia de São José porque acredito no Santo e no Homem lá de
cima", afirmou. O agricultor Paulino Bezerra de Oliveira disse que a
tradição religiosa veio dos avós e a devoção se mantém viva até hoje. "Nós
somos pecadores, mas Deus terá piedade de nós".
O padre Afonso Queiroga, vigário
geral da Diocese de Iguatu, cujo padroeiro também é São José, separa a
ocorrência de seca e de chuva da vontade dos santos e de Deus. "Há um
forte sentimento de religiosidade popular entre os católicos, os sertanejos,
que precisa ser compreendido e respeitado", frisou. "Os mistérios de
Deus, entretanto, são incompreensíveis e cada devoto carrega a sua fé, a sua
experiência particular".
Abastecimento
Segundo informações da Companhia
de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), apesar das chuvas que banharam o Estado
entre fevereiro e março, atualmente 35 municípios ainda enfrentam algum tipo de
rodízio no abastecimento de água no Estado: Apuiarés, Ararendá, Baixio, Campos
Sales, Capistrano, Caridade, Catunda, Coreaú, Crateús, Farias Brito, Graça,
Hidrolândia, Ipaumirim, Iracema, Itatira, Jaguaretama, Martinópole, Moraújo,
Mucambo, Mulungu, Novo Oriente, Pacoti, Pacujá, Palmácia, Paracuru, Parambu,
Pentecoste, Pereiro, Quiterianópolis, São Luís do Curu, Senador Sá, Tamboril,
Tejuçuoca, Umari, Uruoca. Esse dado difere do anterior, 30, porque Trairi saiu
e entraram Apuiarés, Campos Sales, Coreaú, Moraújo, Tamboril e Tejuçuoca.
Na cidade de Jaguaretama, que
está entre as 36 áreas urbanas que enfrentam racionamento ou rodízio de água no
Ceará, a dona de casa Maria Pinheiro compra água de um carro-pipa particular,
pagando R$ 40,00 por mil litros, que são despejados na caixa elevada e em
baldes. "É o jeito comprar porque o caminhão demora a fazer a
distribuição". O aposentado Idelmar Barreto disse que a água distribuída
em carros-pipa, oriunda de açude, é imprópria para o consumo. "É suja,
barrenta e o jeito é comprar água mineral para beber e de poços para banho e
cozinhar", completa.
DIÁRIO DO NORDESTE: Honório
Barbosa / Maristela Crispim Repórter / Editora
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