Hospitais referências para o Cariri e municípios de estados
vizinhos passam por dificuldades com superlotação constante dos leitos das
Unidades de Terapia Intensiva (UTI), nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e
Barbalha. A crise faz com que os pedidos para a ampliação desses espaços e
aumento no número de leitos estejam parados há vários anos. Há unidades
hospitalares que estão mantendo leitos com os próprios recursos para não deixar
pacientes morrerem.
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, dos 109 leitos
disponibilizados na região, 11 são privados. São 70 leitos destinados aos
adultos nos hospitais das cidades dos três principais municípios da região,
além dos neonatais e pediátricos. Segundo portaria do Ministério da Saúde, 93
leitos atendem à quantidade mínima exigida.
A dificuldade de manter esses espaços tem sido um desafio
para os gestores. Segundo o diretor do Hospital São Vicente de Paulo, em
Barbalha, Antônio Ernani Freitas, essa realidade tem sido difícil de ser
enfrentada, já que o local recebe pacientes de várias localidades, além da
demanda voltada para os casos específicos atendidos no complexo de saúde, como
atendimentos de maternidade de alto risco. Ele afirma que há sempre alguém na
espera, até porque no hospital também há os casos antes atendidos pelo Centro
de Oncologia do Cariri, que nos últimos dias deixou de receber pacientes
vítimas de câncer por falta dos repasses nos recursos de R$ 250 mil referentes
aos meses de março e abril, do Ministério da Saúde. São quase 400 doentes na fila
de espera. Cerca de 90% dos casos atendidos são do Cariri.
A situação se agrava com as UTIs neonatais e pediátrica. O
São Vicente é o único da região a possuir unidades pediátricas, com seis leitos
sempre lotados, para atendimentos de crianças de 2 a 12 anos. Nos leitos para
paciente neonatal há uma solicitação de ampliação que já faz três anos e que
ainda não foi atendida. O hospital, que disponibiliza atendimentos para
gestantes de alto risco, conta com sete vagas, uma a mais funciona por conta do
hospital. A meta é chegar a 10 leitos, mas a realidade se configura de forma
diferenciada. Somente na última semana, o berçário teve que ser ocupado por 21
crianças, que necessitam de uma atenção especial dos profissionais de saúde.
Atualmente o Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro
do Norte, conta com 35 leitos de UTI, que vieram no tempo certo, para os
atendimentos de urgência e emergência. A cidade possui mais de 263 mil
habitantes, segundo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). É a mais populosa da região e nos últimos anos tem passado por uma
grave crise na saúde. O Hospital Regional é estadual e acabou absorvendo boa
parte da demanda de Juazeiro do Norte, mas é referência de atendimento para
municípios da região do Cariri até Centro-sul. O problema de atendimentos se
agrava com o fechamento de hospitais como o Santo Inácio, além do Estefânia
Rocha Lima, que funcionava como Pronto Socorro e passou a restringir o maior
número de atendimentos, pela situação precária do equipamento. Essa realidade
perpassa pelo atendimento precário do Maria Amélia, único hospital pediátrico
da região, com carência de infraestrutura.
Em 2006, os problemas relacionados aos atendimentos na UTI
neonatal foram minimizados em Juazeiro do Norte, com a inauguração de uma UTI
com 10 leitos, além de 15 leitos de médio risco. Os maiores problemas estão
relacionados às licitações, com prazos que às vezes dificultam a compra de
novos medicamentos, conforme a direção do hospital. Desde que foi inaugurada, a
UTI recebeu mais dois leitos, além de cinco voltados para atendimentos de médio
risco. Os casos de adultos são transferidos, conforme a central de regulação,
para o HRC ou para o São Vicente, em Barbalha.
O São Francisco, em Crato, foi credenciado recentemente com
cinco leitos de berçário de médio risco e se encontra com seis leitos de UTI,
constantemente lotados. O Município tem amargado nos últimos anos o fechamento
de hospitais como o Manuel de Abreu e há vários anos foi desativado o Hospital
Pediátrico Monsenhor Rocha.
Para o médico e diretor do Hospital Santo Antônio e Hospital
do Coração, também em Barbalha, José Correia Saraiva, a situação na saúde tem
se tornado praticamente insustentável. O Santo Antônio é referência no
atendimento de casos de traumas, e a UTI com 10 leitos, oito deles credenciados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) está sempre lotada, com pacientes não apenas
da região, mas que se deslocam até de estados vizinhos para serem atendidos no
local.
São dois anos buscando o credenciamento de novos leitos. Dos
10 existentes no Hospital do Coração, sete são credenciados pelo SUS.
Mais informações: Ministério Público Juazeiro do Norte
Avenida Padre Cícero, 1751 – Centro Telefone: (88) 3512. 5252
Fonte: Diário do Nordeste
MISÉRIA
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