O Ceará fechou o primeiro trimestre de 2015 com 4.553 casos
confirmados de dengue. Número 29,53% maior do que igual período do ano passado,
quando o Estado registrou 3.515 ocorrências. No entanto, o que chama mais
atenção é o aumento de 176,3% do total dos casos graves da doença em relação à
janeiro, fevereiro e março de 2014, quando foram contabilizadas 38 comprovações
por exame de laboratório. Nos primeiros três meses deste ano, esse número
chegou a 105.
De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde
do Estado (Sesa), Fortaleza é responsável por 54,7% dos casos de dengue com
sinais de alarme (DCSA) e o Interior com 67% dos casos graves. Esse avanço preocupa
infectologistas e poder público. Em razão das complicações que podem levar a
óbito. Até agora, cinco pessoas morreram em decorrência da doença no Estado.
Até o último boletim da Sesa, divulgado na última sexta-feira, 4.648 casos da
doença haviam sido confirmados.
Na avaliação do médico e professor da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal do Ceará (UFC), Anastácio Queiroz, a situação pode
piorar em razão de o Estado enfrentar o mosquito transmissor da doença, o Aedes
aegypti, desde 1986, passando por vários anos com epidemia, como em 2011,
quando foram 56,8 mil registros e incidência de 673,61 casos por cada 100 mil
habitantes. "Quando a pessoa é acometida pela segunda ou terceira vez, a
chance de vir mais agressiva é maior, pois temos os quatro tipos em
circulação".
O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Márcio
Garcia, confirma que o aumento das ocorrências graves é motivo de preocupação.
Para ele, é um alerta não só à população, que não deve banalizar a doença, já
que pode levar a óbito, mas para todas as unidades e profissionais de saúde,
que deverão estar atentos aos sinais graves evitando que o paciente evolua para
complicação.
Riscos
Márcio orienta a população para que baldes, potes,
quartinhas, bacias, camburões e outros recipientes que guardam a água de beber
e para outros usos domésticos, assim como a caixa d'água, devem ser mantidos
limpos e vedados para evitar o risco de proliferação do Aedes aegypti, que
deposita os ovos em criadouros com água limpa e parada. A fim de impedir a
desova, é fundamental eliminar todos os potenciais focos do mosquito
transmissor. Se isso não for possível, frisa, é necessário que todos os locais
de armazenamento de água sejam mantidos bem fechados e protegidos com telas e
tampas adequadas. "É importante ressaltar que o tratamento da água não
substitui a necessidade de remoção e proteção dos potenciais criadouros do
mosquito". A fêmea do mosquito transmissor deposita ovos em criadouros com
água limpa e parada. Para impedir a desova, é fundamental eliminar os
potenciais focos.
Neste ano, o Estado do Ceará tem, até o dia 17 de abril,
4.648 registrados positivos em 21 (95,4%) diferentes Coordenadorias Regionais
de Saúde (CRES), em 100 (61%) municípios. Destacam-se os municípios de
Arneiroz, Barbalha, Coreaú, Hidrolândia, Ipu, Jucás, Piquet Carneiro, Pires
Ferreira e Porteiras com incidência acima de 300 por 100 mil habitantes.
Lêda Gonçalves Repórter
DIÁRIO DO NORDESTE
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