Iguatu. Em meio às dificuldades
financeiras de manutenção e a queda na qualidade de atendimento no Hospital
Regional de Iguatu, o prefeito Aderilo Alcântara propôs o repasse da
administração da unidade ao governo do Estado. A proposta foi apresentada por
meio de ofício entregue pessoalmente ao secretário de Saúde do Estado, Carlile
Lavor. O gestor também vai solicitar o cancelamento do contrato de gestão da
unidade entre a Fundação de Saúde Pública do Município e a Sociedade
Beneficente São Camilo.
Alcântara se reuniu com o
secretário Carlile Lavor, na cidade de Jucás. O gestor apresentou duas
propostas: o Estado assumir a administração do Hospital Regional ou ampliar o
repasse de recursos para a unidade que atualmente é em torno de R$ 390 mil por
mês. "Estamos aguardando uma decisão, pois o secretário ficou de conversar
com o governador. "A situação está insuportável".
Na tarde de anteontem, houve
audiência no Ministério Público Estadual (MPE), nesta cidade, com a
participação de prefeitos, secretários de Saúde e assessores dos nove
municípios que mantêm referência com o Hospital Regional de Iguatu. Mais uma
vez a questão da crise financeira foi discutida, com a mediação do promotor de
Justiça Flávio Corte Pinheiro de Souza.
Prefeitos e secretários de Saúde
mostraram a impossibilidade de aumentar o repasse de recursos para a unidade. O
prefeito Aderilo Alcântara disse que o município de Iguatu repassa cerca de R$
700 mil por mês. "Chegamos a um ponto de estrangulamento", frisou o
gestor. O governo do Estado repassa R$ 390 mil e o governo federal, cerca de R$
400 mil, mensalmente. "A situação ficou insustentável", disse.
Espera
Para se ter uma ideia do caos na
saúde pública local, há uma fila de espera de 46 pacientes com traumas,
aguardando cirurgia. São pacientes que estão em casa, na suas cidades da
região, correndo risco de infecção e de morte. "Infelizmente, há um ano e
meio solicitei da Secretária de Saúde do Estado a contratação de um
traumatologista e de um anestesista por pelo menos três dias por semana, mas
não fomos atendidos", lamentou Aderilo Alcântara.
Já houve pelo menos três
encontros com o secretário Carlile Lavor sobre a crise financeira que afeta o
Hospital Regional de Iguatu. A unidade foi construída pelo governo do Estado no
início da década de 1990 e é mantido em sua maior parte com recursos do
município.
"A Prefeitura não tem
condições de ficar bancando um montante de recursos tão significativo, enquanto
que, em Sobral e Juazeiro do Norte, o custeio dos hospitais regionais é mantido
pelo Estado", ressaltou. "Queremos acreditar que alguma coisa deverá
ser feita nesses próximos dois meses", afirmou Aderilo Alcântara.
Para os prefeitos, a saída seria
o Estado assumir o custeio e a administração da unidade, que pode ser reformada
e ampliada. O prefeito de Piquet Carneiro e presidente da Aprece, Expedito José
do Nascimento, participou da reunião e disse que vem sofrendo cobranças de
outras regiões sobre problemas semelhantes no setor de Saúde. "O governo
precisa tratar todas as cidades e regiões com igualdade, sem privilégios",
defendeu. "Estou tentando uma audiência com o governador para tratar desse
tema".
Pressão
A prefeita de Quixelô, Fátima
Gomes, defendeu que já é tempo de os prefeitos da região procurarem o
governador Camilo Santana. "Não dá mais para ficar nessas discussões sem
resposta concreta. Precisamos pressionar o governo a nos atender, de forma
rápida, nem que seja para dizer não", disse.
Nos últimos meses, gestores das
cidades de Quixeramobim e de Limoeiro do Norte também já anunciaram o desejo de
repassar para o Estado a administração e o custeio de hospitais polos em vista
da falta de condições financeiras de manter o custeio das unidades.
O ex-governador Cid Gomes optou
por construir hospitais regionais em cidades estratégicas, como Juazeiro do
Norte e Sobral. A Prefeitura de Juazeiro do Norte fechou, logo após a
inauguração do hospital regional, uma unidade municipal, acarretando superlotação
do novo hospital. Para Sobral, médicos são levados de avião, semanalmente, e a
Prefeitura ficou fora do custeio do Hospital Regional Norte. "É preciso
acabar com esse tratamento desigual", defendeu o presidente da Aprece,
Expedito José do Nascimento.
Contrato
O gestor Aderilo Alcântara
anunciou que pediu o fim do cancelamento do contrato com a Sociedade
Beneficente São Camilo, que desde 2013 administra o Hospital Regional. "O
custeio está elevado e a qualidade do atendimento piorou por falta de médicos",
justificou. A diretora administrativa da unidade, Taís Lavor, disse que até
ontem ainda não havia recebido formalmente o pedido de cancelamento do
contrato.
"Quando o documento chegar
às nossas mãos, vamos analisá-lo e buscar o Ministério Público, pois há
despesas de verbas rescisórias com os funcionários e o pagamento de débitos, em
vinte parcelas, que foi estabelecido por meio de um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC)", disse. O atraso gerou uma dívida de R$ 2,2 milhões.
A falta de recursos também atinge
outros municípios cearenses, como atestou a Associação dos Prefeitos e
Municípios do Ceará
Mais informações:
Hospital Regional de Iguatu Fone:
(88) 3510.1250
Secretaria de Saúde do Estado Fone:
(85) 3110.5220
DIÁRIO DO NORDESTE
Honório Barbosa Colaborador
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