quinta-feira, 9 de abril de 2015

IGUATU QUER MUDANÇAS NA GESTÃO DE HOSPITAIS

Iguatu. Em meio às dificuldades financeiras de manutenção e a queda na qualidade de atendimento no Hospital Regional de Iguatu, o prefeito Aderilo Alcântara propôs o repasse da administração da unidade ao governo do Estado. A proposta foi apresentada por meio de ofício entregue pessoalmente ao secretário de Saúde do Estado, Carlile Lavor. O gestor também vai solicitar o cancelamento do contrato de gestão da unidade entre a Fundação de Saúde Pública do Município e a Sociedade Beneficente São Camilo.

Alcântara se reuniu com o secretário Carlile Lavor, na cidade de Jucás. O gestor apresentou duas propostas: o Estado assumir a administração do Hospital Regional ou ampliar o repasse de recursos para a unidade que atualmente é em torno de R$ 390 mil por mês. "Estamos aguardando uma decisão, pois o secretário ficou de conversar com o governador. "A situação está insuportável".

Na tarde de anteontem, houve audiência no Ministério Público Estadual (MPE), nesta cidade, com a participação de prefeitos, secretários de Saúde e assessores dos nove municípios que mantêm referência com o Hospital Regional de Iguatu. Mais uma vez a questão da crise financeira foi discutida, com a mediação do promotor de Justiça Flávio Corte Pinheiro de Souza.

Prefeitos e secretários de Saúde mostraram a impossibilidade de aumentar o repasse de recursos para a unidade. O prefeito Aderilo Alcântara disse que o município de Iguatu repassa cerca de R$ 700 mil por mês. "Chegamos a um ponto de estrangulamento", frisou o gestor. O governo do Estado repassa R$ 390 mil e o governo federal, cerca de R$ 400 mil, mensalmente. "A situação ficou insustentável", disse.

Espera

Para se ter uma ideia do caos na saúde pública local, há uma fila de espera de 46 pacientes com traumas, aguardando cirurgia. São pacientes que estão em casa, na suas cidades da região, correndo risco de infecção e de morte. "Infelizmente, há um ano e meio solicitei da Secretária de Saúde do Estado a contratação de um traumatologista e de um anestesista por pelo menos três dias por semana, mas não fomos atendidos", lamentou Aderilo Alcântara.

Já houve pelo menos três encontros com o secretário Carlile Lavor sobre a crise financeira que afeta o Hospital Regional de Iguatu. A unidade foi construída pelo governo do Estado no início da década de 1990 e é mantido em sua maior parte com recursos do município.

"A Prefeitura não tem condições de ficar bancando um montante de recursos tão significativo, enquanto que, em Sobral e Juazeiro do Norte, o custeio dos hospitais regionais é mantido pelo Estado", ressaltou. "Queremos acreditar que alguma coisa deverá ser feita nesses próximos dois meses", afirmou Aderilo Alcântara.

Para os prefeitos, a saída seria o Estado assumir o custeio e a administração da unidade, que pode ser reformada e ampliada. O prefeito de Piquet Carneiro e presidente da Aprece, Expedito José do Nascimento, participou da reunião e disse que vem sofrendo cobranças de outras regiões sobre problemas semelhantes no setor de Saúde. "O governo precisa tratar todas as cidades e regiões com igualdade, sem privilégios", defendeu. "Estou tentando uma audiência com o governador para tratar desse tema".

Pressão

A prefeita de Quixelô, Fátima Gomes, defendeu que já é tempo de os prefeitos da região procurarem o governador Camilo Santana. "Não dá mais para ficar nessas discussões sem resposta concreta. Precisamos pressionar o governo a nos atender, de forma rápida, nem que seja para dizer não", disse.

Nos últimos meses, gestores das cidades de Quixeramobim e de Limoeiro do Norte também já anunciaram o desejo de repassar para o Estado a administração e o custeio de hospitais polos em vista da falta de condições financeiras de manter o custeio das unidades.

O ex-governador Cid Gomes optou por construir hospitais regionais em cidades estratégicas, como Juazeiro do Norte e Sobral. A Prefeitura de Juazeiro do Norte fechou, logo após a inauguração do hospital regional, uma unidade municipal, acarretando superlotação do novo hospital. Para Sobral, médicos são levados de avião, semanalmente, e a Prefeitura ficou fora do custeio do Hospital Regional Norte. "É preciso acabar com esse tratamento desigual", defendeu o presidente da Aprece, Expedito José do Nascimento.

Contrato

O gestor Aderilo Alcântara anunciou que pediu o fim do cancelamento do contrato com a Sociedade Beneficente São Camilo, que desde 2013 administra o Hospital Regional. "O custeio está elevado e a qualidade do atendimento piorou por falta de médicos", justificou. A diretora administrativa da unidade, Taís Lavor, disse que até ontem ainda não havia recebido formalmente o pedido de cancelamento do contrato.

"Quando o documento chegar às nossas mãos, vamos analisá-lo e buscar o Ministério Público, pois há despesas de verbas rescisórias com os funcionários e o pagamento de débitos, em vinte parcelas, que foi estabelecido por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)", disse. O atraso gerou uma dívida de R$ 2,2 milhões.

A falta de recursos também atinge outros municípios cearenses, como atestou a Associação dos Prefeitos e Municípios do Ceará

Mais informações:
Hospital Regional de Iguatu Fone: (88) 3510.1250
Secretaria de Saúde do Estado Fone: (85) 3110.5220

DIÁRIO DO NORDESTE

Honório Barbosa Colaborador

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