Impactada por fatores como o
aumento dos preços de itens básicos, a taxa de inadimplência entre os fortalezenses
cresceu neste mês e atingiu o maior patamar desde abril do ano passado. Da
mesma forma, o comprometimento da renda familiar e o número de pessoas
endividadas também registraram alta, de acordo com o Perfil de Endividamento do
Consumidor de Fortaleza, divulgado ontem pela Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE).
Conforme o levantamento, 6,5% dos
consumidores da Capital estão em situação de inadimplência. É considerado
inadimplente pela pesquisa quem está com contas em atraso por não ter condições
de pagar e não tem previsão de quando poderá quitar os débitos. A taxa de abril
supera em 0,7 ponto percentual o índice de março, que foi de 5,8%.
O estudo também mostra que os
consumidores com dívidas em atraso, mas que preveem realizar o pagamento no
curto prazo, somam 18,5% dos fortalezenses. A taxa foi a maior registrada neste
ano, ficando abaixo do índice de 19,2% apresentado em dezembro último.
Por sua vez, os consumidores com
algum tipo de dívida - ainda que em dia - somam 68,6% do total. Em relação a
março deste ano, o índice permaneceu estável, mas continuou sendo o maior
percentual registrado desde abril último.
Renda comprometida
Outro índice que superou os
números dos últimos 12 meses foi o comprometimento da renda familiar, que
atingiu 31,8%. O segundo maior percentual registrado nesse intervalo foi
apontado em novembro do ano passado, com 31,3%.
Para o presidente da Fecomércio-CE,
Luiz Gastão Bittencourt, o aumento no preço de itens básicos foi o principal
responsável para o crescimento nas taxas de endividamento dos fortalezenses.
"Esse é o efeito retardado de uma coisa que já aconteceu. Por exemplo, o
consumidor sente primeiro o aumento nos postos (de gasolina), mas, num segundo
momento, sente isso no preço da mercadoria, por conta do aumento do custo da
produção", afirma, referindo-se à elevação do preço do combustível.
Para Bittencourt, a tendência,
para os próximos meses, é que o consumidor consiga reduzir o comprometimento da
renda e tornar-se menos endividado. "Acredito que o pior já passou e que a
gente deve ter uma estabilização ou um ligeiro crescimento das vendas",
projeta.
Alimentação pesou mais
Conforme a pesquisa divulgada
ontem pela Fecomércio-CE, produtos ligados à alimentação foram o principal item
adquirido a prazo pelos fortalezenses. Em seguida, estiveram vestuário,
eletrodomésticos e eletrônicos. Entre os endividados com atrasos, 36,9% possuem
dívidas cujo pagamento venceu até 30 dias atrás. Já aqueles que possuem dívidas
com mais de 90 dias de atraso somam 36,6% do total. Os débitos ainda não pagos
entre 31 e 60 dias após o vencimento são 17,2%, enquanto 9,3% têm atraso de 61
a 90 dias.
Causas
O principal motivo apontado pelos
fortalezenses para estar com dívidas em atraso foi o desequilíbrio financeiro,
com 71,2% do total. Outras razões foram o adiamento do pagamento, para aplicar
os recursos disponíveis em outras finalidades (21,6%) e esquecimento (4,8%).
Outros 4% afirmaram estar contestando as dívidas. As causas principais para o
desequilíbrio financeiro foram a ausência de orçamento e as compras por
impulso.
A maior fatia dos endividados
(26,2%) possui débitos entre R$ 501 e R$ 1.000. Já 19,7% dos consumidores têm
dívidas de até R$ 500, enquanto os débitos de mais de R$ 5.000 se referem a
15,9% do total.
O levantamento mostra ainda como
os consumidores tentam controlar os gastos mensais. A maior parte (80,8%)
afirma fazer orçamento e controle eficaz de rendimentos e gastos. Já 10,9% não
fazem nem orçamento nem controle dos gastos, enquanto 8,3% dizem se planejar,
mas não conseguir fazer efetivo controle dos custos.
Índice de Confiança do Consumidor
cai em abril
Enquanto o nível de inadimplência
dos fortalezenses alcançou o maior patamar nos últimos 12 meses, o Índice de
Confiança do Consumidor (ICC) atingiu o menor dado no mesmo intervalo, de
acordo com levantamento divulgado ontem pela Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE).
Conforme a pesquisa, o índice
deste mês é de 106,8 pontos. Em março último, a taxa foi de 115,2 pontos. O
documento mostra que a faixa etária de 18 a 24 anos foi aquela com mais elevado
índice neste mês: 121,7 pontos.
Apesar da queda do índice de
confiança, o estudo aponta que 62,8% dos consumidores preveem que a situação
financeira de suas famílias será boa ao longo dos próximos 12 meses. Outros
20,6%, porém, acreditam que o cenário será ruim, enquanto 2,7% consideram que
estarão em situação péssima. Os que preveem uma condição ótima são 13,8% do
total.
Quanto às expectativas para a
situação econômica do País, entretanto, a maioria (53,3%) acredita que o Brasil
viverá um momento ruim nos próximos 12 meses. Um cenário péssimo é previsto por
11,2% dos consumidores, enquanto 32,2% consideram que o período será bom e 3,3%
apostam em uma situação ótima para o Brasil.
Já para os próximos cinco anos,
as previsões são mais otimistas, com 43% dos entrevistados apostando em uma
situação boa, enquanto 4,9% acreditam em um cenário ótimo. Já 39,9% dos
consumidores projetam situação ruim, e outros 12,2% preveem um cenário péssimo.
Principais itens
Entre os principais itens que os
fortalezenses pretendem comprar neste mês estão vestuário, celular, televisão,
geladeira, máquina de lavar roupas, móveis, calçados e fogão.
Do total de consumidores da
Capital, 75,8% têm a intenção de comprar até R$ 250 no próximo mês. Já 3,2%
preveem adquirir produtos entre R$ 251 e R$ 499. As compras entre R$ 500 e R$
1.000 são planejadas por 6,5% dos fortalezenses. Os 14,4% restantes preveem
compras de mais de R$ 1.000. (JM)
Diário do Nordeste - João Moura Repórter
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