Até a próxima terça-feira, 14, a Polícia Civil deverá apontar
o nome de quem as investigações indicam ser o assassino do garoto Lewdo
Ricardo, de 9 anos. Ontem, na segunda reconstituição do crime, a Perícia
Forense esclareceu as últimas dúvidas sobre o caso. De acordo com a Polícia, a
primeira análise feita pelos peritos no aparelho celular da mãe da criança,
Cristiane Renata Coelho, apontou dúvidas, esclarecidas com a nova reprodução
simulada dos fatos. A defesa do pai, Francilewdo Bezerra - primeiro suspeito
apontado –, afirma que, objetivamente, a descoberta pericial foi que Cristiane
teria sido a autora da mensagem divulgada em uma rede social no perfil de
Francilewdo, onde ele confessava o assassinato.
Quando questionado sobre a mensagem, o delegado responsável
pelas investigações, Hilder Brito, afirmou que havia uma série de pontos a
serem entendidos. Em seguida, comentou que o celular de Cristiane só foi
entregue à Polícia após o envio dos autos à Justiça, no dia 27 de janeiro deste
ano. “Quando colocamos o celular do Francilewdo para ser analisado, pedimos o
dela e ela protelou. Encaminhamos à Perícia (o telefone de Cristiane) e, nessas
análises, verificamos alguns pontos que haveriam de ser respondidos como foram,
para nós, agora”, detalhou.
Conforme o delegado, havia pontos obscuros que exibiam apenas
indícios, dificultando que os fatos fossem relatados por completo. “A Perícia,
depois que vários materiais foram submetidos à ela, como a análise dos
aparelhos celulares apreendidos, nos apresentou alguns dados novos. E esses
dados, com essa nova reprodução simulada dos fatos, foram satisfatórios, porque
respondem nossas dúvidas”, explicou.
O perito forense Luiz Rodrigues destacou que todo o material
necessário para confecção do relatório foi apurado, “sem nenhuma dúvida”. “Com
relação à dúvida que ainda restava, esclarecemos agora. Ela será esclarecida em
laudo e vamos entregá-la ao delegado. Me comprometi a entregar o relatório até
terça-feira (14), no máximo”, frisou. Luiz lembrou que todos os procedimentos
administrativos e criminais estão sob segredo de Justiça.
Computador e HD
Após a reconstituição, que durou pouco mais de uma hora e
aconteceu com atraso de quatro horas, Francilewdo contou que pouca coisa foi
diferente da última simulação, no dia 23 de dezembro. “Apenas a identificação
de algum material que estava no local, que eles (os peritos) não tinham certeza
de como e por quem era utilizado”, disse. O material referido por ele eram um
computador e um HD externo (dispositivo de armazenamento de dados).
O advogado de Francilewdo, Valdemar Menezes, que acompanhou o
processo de reconstituição, disse que os peritos perguntavam à Cristiane sobre
como ela usava o computador e qual era o acesso ao aparelho. “Os peritos não
disseram, mas foi ela quem postou aquela mensagem no Facebook. Deu para ver a
felicidade dos peritos quando eles disseram que tiraram as dúvidas. Muito
provavelmente chegaram à conclusão de que ela não estava dormindo, mas usando o
computador”, opinou.
Saiba Mais
Cristiane chegou ao 16º DP, no Dias Macedo, acompanhada de
uma mulher e o advogado, Paulo Quezado. Francilewdo chegou depois, acompanhado
do advogado, Valdemar Menezes, da irmã e do pai. Por volta do meio-dia,
Francilewdo, familiares e o advogado seguiram para o local do crime. Às 14
horas, Cristiane chega escoltada à residência.
Primeira ação da reprodução simulada foi acompanhada pela
população. Cristiane refez o trajeto de casa até a residência vizinha, onde
teria tocado a campainha para pedir ajuda na noite do crime. A vizinha, a
perita Sônia Lima, nega ter ouvido qualquer movimentação naquela noite.
A reconstituição durou pouco mais de uma hora e, por volta
das 15h30min, chegou ao fim. Cristiane saiu no mesmo carro que o advogado, sem
falar com a imprensa. Mais uma vez, ela é hostilizada pela população.
Memória
11/11/2014. O subtenente é autuado em flagrante, pela morte
do próprio filho, após agredir a esposa. Ele teria obrigado a mulher a ingerir
overdose de medicamentos, fazendo o mesmo em seguida, numa tentativa de
suicídio. Ele é mantido sob escolta no Hospital Geral do Exército Brasileiro.
12/11/2014. Polícia descobre que a página do militar no
Facebook, onde ele teria publicado depoimento informando que cometeria os
crimes, foi atualizada quando ele já estava em coma. Celular do subtenente
estava com a esposa, que viajou para Recife (PE), onde o filho Lewdo foi
enterrado.
18/11/2014. Polícia descobre que o garoto teria ingerido
veneno para ratos,em vez de remédios.
24/11/2014. Francilewdo começa a recuperar a consciência.
Polícia aguarda laudo médico para ouvir o militar.
28/11/2014. Subtenente presta depoimento à Polícia no
hospital e nega acusações.
3/12/2014. O militar tem prisão preventiva revogada pela
Justiça.
12/12/2014. Internado há mais de um mês após ingestão de
veneno para ratos, subtenente recebe alta.
22/12/2014. Francilewdo e Cristiane trocam acusações durante
acareação no 16° DP. Primeira reconstituição do crime é realizada na casa do
casal, no Dias Macedo.
27/3/2014. Segunda reconstituição é cancelada após mãe da
criança alegar repouso médico.
O POVO
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