segunda-feira, 6 de abril de 2015

Produção de milho irrigado em Iguatu

Iguatu. O Semiárido nordestino é complexo e tem seus contrastes. A maior parte da região depende de chuvas para produzir, mas há vales férteis e áreas irrigadas. Neste município, as várzeas dos rios Jaguaribe e Trussu são exemplos de que o verde se mantém ao longo do ano, mesmo em períodos seguidos de estiagem. Na localidade de Varzinha, a 10Km do centro urbano, um plantio de milho é modelo e atrai produtores da região.

Quem trafega pela rodovia que liga esta cidade ao distrito de Suassurana vê a diferença entre o sertão seco e as áreas irrigadas, graças à liberação de água do Açude Trussu. O verde viscoso do cultivo de milho e de outros grãos sobressai-se e encanta os moradores e agricultores. Em uma das áreas, foi realizado, na semana que passou, um dia de campo com o objetivo de multiplicar a experiência bem sucedida para outros agricultores.

O produtor rural Luís Ernani Gonçalves faz três cultivos por ano de milho geneticamente modificado para produção de forragem para o gado. O êxito do plantio irrigado despertou a atenção de técnicos de empresas públicas e privadas. A área é visitada quase que diariamente por agricultores interessados em conhecer o manejo e as tecnologias usadas na lavoura.

Na prática, a área de 20 hectares tornou-se uma "escola" aberta, no campo. "As pessoas ficam curiosas e perguntam qual o tipo de semente e o modo de cultivo, os tratos que agente emprega", explicou o produtor rural Luís Gonçalves. Resultado: foi sugerido por técnicos agrícolas e o produtor concordou em promover, na propriedade, um dia especial de campo, com o objetivo de multiplicar as técnicas ali aplicadas.

O evento atraiu cerca de 200 produtores e técnicos de 14 escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), da região Centro-Sul. "É uma área que se vê de imediato que é de boa produção, com tecnologia acessível aos produtores e semente de qualidade", frisou o gerente regional da Ematerce, Joaquim Virgulino de Oliveira Neto. "As informações aqui adquiridas e a experiência de cultivo serão repassadas para outros produtores em suas cidades, por técnicos da Ematerce", completou.

Cuidados especiais

O manejo fitossanitário, nutrição adequada, irrigação e genética a partir do cultivo de uma variedade modificada, resistente ao ataque de pragas de lagartas e que apresenta crescimento da planta elevado, em torno de 3,35 metros, resultam em uma alta produtividade: 45 toneladas por hectare. São dez mil quilos a mais do que o obtido na cultivar variedade.

Outra técnica para aumento da produção é o cultivo denso de 60 mil plantas por hectare. Há mais vantagem no uso da variedade 9308 pró transgênica: o clico de produção é de 75 a 80 dias, inferior à média de 85 dias de outros cultivares. "Isso significa menor custo e retorno mais rápido do capital empregado na lavoura", observa Gonçalves.

Empresas do setor apoiaram a produção e pretendem levar a experiência para outras cidades. "Essa é uma região estratégica, logística, que é multiplicadora de informação para outros produtores", observou o técnico, Carlos Gardel Nogueira Costa.

Há três anos, o produtor rural Gonçalves segue as recomendações técnicas e faz o cultivo de milho modificado geneticamente para a produção de forragem para o gado. Toda a planta, talos, folhas, espigas são colhidos, triturados e depositados em silos. O cultivo de três safras por ano assegura alimentação para o rebanho. Parte da produção é vendida a outros criadores.

Atualmente, Luis Ernani produz 500 litros de leite por dia e pretende investir para ampliar a bovinocultura leiteira, mas teme a escassez de água no Açude Trussu, que assegura a irrigação das várzeas ao longo do rio de mesmo nome, a partir do próximo ano. "Infelizmente não houve recarga no reservatório e penso que haverá dificuldades em 2016", disse.

Os produtores rurais que visitaram a área experimental de produção de milho ficaram encantados com a safra obtida. "Sem dúvida, a irrigação e o uso correto de tecnologias asseguram uma excelente produtividade", disse o criador Manoel Lima. Para o agricultor Francisco Costa, esse modelo de cultivo deve ser ampliado para outras áreas de cultivo tradicional de grãos. "A elevada produtividade e a redução de custos de produção asseguram lucro", frisou.

Mais informações: Escritório da Ematerce Av. Perimetral, S/N
Bairro Esplanada Iguatu Fone: (88) 3581-9478

Honório Barbosa Colaborador


Diário do Nordeste 

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