O maior hospital de urgência e
emergência do Ceará atendeu pacientes no chão. No Instituto Dr. José Frota
(IJF), existem 200 macas disponíveis para acomodar quem chega à procura de
ajuda. No último fim de semana (dias 9 e 10 de maio), porém, a unidade prestou
atendimento a 696 pessoas. A superintendência do IJF afirma que o socorro prestado
no chão foi “uma falha no processo” e nega a falta de macas. Entretanto,
imagens feitas no interior da emergência exibem mais de um paciente recebendo
tratamento inadequado.
Conforme o Sindicato dos Médicos do Estado do
Ceará, o IJF lidera a lista de cinco hospitais e sete Unidades de Pronto
Atendimento (UPA) com pacientes “internados” nos corredores. Ontem, do total de
429, 124 estavam no hospital especializado em traumato-ortopedia, 113 nas UPAs,
70 no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), 62 no Hospital de Messejana, 50 no
Hospital Infantil Albert Sabin e 10 no Hospital São José. A direção do IJF
informou que o total de pacientes nos corredores durante a manhã de ontem era
de 105 e, às 15 horas, o número baixou para 69.
“Em 2013, eram 160 a 170 pacientes
nos corredores”, comparou a superintendente adjunta do hospital, Joana Maciel.
Ela reconheceu a superlotação, que se torna mais grave às segundas-feiras,
intensificada pelos acidentes de trânsito. Joana explicou que o paciente
atendido no chão “não deve ter sido trazido pelo Samu (Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência) e, na hora que chegou, a maca que deveria estar na sala de
recuperação, onde acontecia o atendimento, não estava”. “O atendimento, na
íntegra, não aconteceu daquele jeito”, garantiu.
Ainda de acordo com a
superintendente adjunta, o Núcleo de Segurança do Paciente do IJF deverá
identificar qual a falha ocorrida no processo e, apenas após o resultado de uma
análise, será possível “tomar uma decisão”.
Demanda e riscos
A superlotação causa riscos.
“Quando a demanda ultrapassa, tem dificuldade em todas as ordens, em toda a
linha de cuidado”, disse Joana. Ela ressaltou que, ao longo da semana, há
remanejamento de pacientes para leitos em outros hospitais. Cerca de 600
pacientes são transferidos do IJF para unidades de referência. “O que mais
recebe é o PSA (Pronto-Socorro dos Acidentados), são uns 400 por mês”, disse.
Programas de prevenção de acidentes também estão na lista de ações do IJF para
diminuir a superlotação.
A Defensoria Pública Geral do
Estado fará visitas ao HGF e IJF nesta semana. “Estão sendo noticiados os
atendimentos nos corredores, a falta de material e uma questão inadequada de
tratamento de resíduos. Isso pode afetar ainda mais a saúde dessas pessoas”,
afirmou o supervisor do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas do órgão,
Aluísio Jácome.
Redação O POVO Online
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