Brasília. O plenário do Senado aprovou ontem, por 50 votos a
favor e 18 contra a Medida Provisória 664, que restringe as regras de acesso à
pensão por morte e ao auxílio-doença. Os senadores mantiveram a proposta vinda
da Câmara, que flexibilizou o fator previdenciário.
A segunda MP do ajuste fiscal segue agora para a sanção da
presidente Dilma Rousseff (PT). Ela deve vetar a proposta.
Ao mesmo tempo, porém, na tentativa de evitar novo desgaste
político, apresentará um projeto alternativo sobre o assunto.
A intenção do Palácio do Planalto é enviar uma proposta para
fazer um contraponto à fórmula que passou pelo crivo do Senado, contando até
mesmo com o apoio de petistas descontentes com o governo.
Editada no final do ano passado, a MP 664 tinha como
objetivo, segundo o governo, evitar "fraudes e distorções" no
pagamento da pensão por morte quanto do auxílio-doença.
Entre as mudanças propostas, está, por exemplo, a exigência
de ao menos dois anos de casamento ou união estável para ter direito a pensão
por morte.
A expectativa da equipe econômica era economizar cerca de R$
2 bilhões com as mudanças, mas, como texto foi modificado durante sua
tramitação no Congresso, esse valor praticamente caiu à metade.
Apesar de na última semana terem surgido rumores de que o
governo trabalharia para deixar a MP expirar e, assim, a presidente não ter de
arcar com ônus político de vetar uma fórmula que beneficia os trabalhadores, o
líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), orientou os aliados a
votarem a favor da MP 664 da forma como veio da Câmara. As bancadas do PT e do
PMDB do Senado votaram "fechadas" a favor da MP. Foi uma mudança em
relação ao posicionamento dos dois partidos na terça (26) durante a votação da
MP 665, a primeira medida do ajuste fiscal a passar pela Casa que alterou a
concessão do seguro-desemprego e do abono salarial. Foram 50 votos a favor, 18
contra e três abstenções.
Todos os 13 senadores do PT votaram ontem a favor. Os
petistas Paulo Paim (RS), Walter Pinheiro (BA) e Lindbergh Farias (RJ) - votos
contrários na terça-feira - concordaram em apoiar a MP 664 por serem favoráveis
à inclusão, feita pela Câmara, da proposta alternativa ao fator previdenciário,
a fórmula 85/95.
No PMDB, todos os 15 votantes foram a favor da MP 664. Um dos
peemedebistas que foram contra na primeira votação, Ricardo Ferraço (ES), não
participou da votação de ontem e Roberto Requião (PR), outro que havia sido
contrário à MP 665, agora foi a favor dessa outra medida provisória. PSDB e DEM
votaram em peso contra a MP 664 na oposição.
Abstiveram-se na votação, além de Antonio Carlos Rodrigues
(PSB-SE), os senadores Eduardo Amorim (PSC-SE) e Randolfe Rodrigues (PSol-AP)
Com essa derrota embutida para o Palácio do Planalto em
relação ao fator, a situação foi bem diferente da noite anterior, quando o
governo obteve uma vitória apertada na votação da medida provisória que
alterava regras do seguro-desemprego e do abono salarial.
Apesar de serem a favor da mudança no fator previdenciário,
os partidos de oposição, como PSDB e DEM, orientaram as suas bancadas a votarem
contra a medida, já que tudo indicava que a presidente iria vetar essa parte.
Durante a votação, senadores da base e da oposição cobraram
do governo o compromisso de não vetar a alternativa ao fator, a começar pelo
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que afirmou que o Congresso
iria derrubar o veto.
Mudança
O fator previdenciário atualmente em vigor reduz o valor do
benefício de quem se aposenta por tempo de contribuição antes de atingir 65
anos (no caso de homens) ou 60 anos (mulheres).
O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35
anos para homens e de 30 para mulheres. Essa regra, que acaba por adiar a
concessão de uma aposentadoria integral, foi criada no ano de 1999 pelo governo
Fernando Henrique Cardoso.
A eventual adoção da fórmula de aposentadoria 85/95 (soma da
idade e do tempo de contribuição, respectivamente para mulheres e homens) foi a
principal matéria discutida na MP.
DIÁRIO DO NORDESTE
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