“Essa é a cara dos bandidos que estão sequestrando e matando
nossas crianças pra traficar os órgãos”, diz o texto da mensagem amplamente
compartilhada nas redes sociais, nos últimos meses, em Fortaleza. Mas ela não é
a única. Há também o suposto casal vindo de Manaus, os dois homens em um Fiat
preto, os dois jovens em uma motocicleta, a Kombi do Castelão e a criança
levada do interior de uma loja. São várias as denúncias que circulam alertando
para o risco de rapto de crianças na Capital. Entretanto, não há registro de
ações do tipo confirmadas em 2015.
De acordo com a titular da Delegacia de Combate à Exploração
da Criança e do Adolescente (Dececa), Ivana Timbó, foram registrados três
Boletins de Ocorrência (B.Os) por tentativa de rapto na Capital, recentemente.
Os documentos foram lavrados nas delegacias distritais dos bairros Parangaba,
Conjunto Ceará e Pan Americano. Todos envolviam crianças de colo. Entretanto,
ela informou que nenhum dos casos continha elementos suficientes para dar
início a uma investigação.
“As ocorrências não tinham base. E é isso que nos causa
estranheza, já que os suspeitos se expuseram, em todos os casos, mas não
concluíram seus objetivos. Porque não é um crime de difícil execução. Não
podemos fazer juízo de valor, mas isso é estranho. Chegamos a pedir que essas
mães nos procurassem, para que pudéssemos averiguar as denúncias, mas ninguém
apareceu”, disse Ivana.
A delegada contou que, há três meses, denúncia recebida pela
Dececa informava que uma criança havia sido levada dentro de um carro, durante
um assalto à residência, no Antônio Bezerra. Entretanto, após se deslocarem até
o local, os policiais descobriram que se tratava apenas de um boato. Denúncias
do tipo também foram recebidas pelo O POVO e negadas pela Polícia.
Boataria é crime
Apesar dos casos não terem sido confirmados ou concretizados,
a delegada destacou que a Polícia está atenta às informações compartilhadas nas
redes e costuma apurá-las preliminarmente. “Não estamos alheios ao assunto”.
Na maioria das vezes, as mensagens vêm acompanhadas de fotos
dos supostos sequestradores e, até mesmo, das vítimas. Sobre essa situação,
Ivana informou que, além de prestar um desserviço à sociedade, as pessoas que
encaminham as denúncias sem confirmação, mesmo que seja com o viés da
prevenção, podem responder por crimes contra a administração da Justiça.
“O ideal é que, independentemente desses casos estarem
acontecendo ou não, o cuidado com crianças seja permanente. Elas devem estar
sempre supervisionadas por, pelo menos, um adulto”, indicou.
Serviço
Crimes que envolvam crianças podem ser registrados na
Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa):
Endereço: rua Tabelião Fabião, 114, Presidente Kennedy
Telefones: (85) 3101 2044 / 3101 2045 / 190
Saiba mais
Um dos últimos casos de sequestro de criança registrado no
Ceará aconteceu em junho de 2013, quando um bebê foi levado de uma clínica do
bairro Presidente Kennedy. A criança foi encontrada e a suspeita presa em
flagrante.
Já em junho de 2014, houve um caso semelhante, no bairro Vila
Velha. Entretanto, daquela vez, a Polícia descobriu que a criança raptada, na
verdade, havia sido dada pela mãe.
O que diz a lei
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Artigo 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
O POVO
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