O segundo semestre escolar começará com menos professores na
rede estadual de ensino. A Secretaria da Educação (Seduc) determinou às escolas
que haja redução imediata do número de contratos temporários de docentes nos
laboratórios de Ciências e Informática, no Serviço de Assessoramento Pedagógico
e no Programa Mais Educação. A medida, conforme O POVO apurou, é justificada
pela pasta como indicação de órgãos de controle social e de gestão da
administração pública. Outras ações do tipo poderão ser executadas em 2016.
"O universo do apoio pedagógico é complementar à sala de
aula. Quando se retira professores da biblioteca, deixa-se de fortalecer a
prática da leitura. No laboratório de informática, se enfraquece um dos
principais pilares de aprendizagem do século. O campo do estudante pode se
restringir a quatro paredes", avaliou o diretor de uma das escolas
estaduais do Estado, que preferiu não se identificar. Para ele, a redução de
contratos temporários demonstra a deficiência financeira do Governo. "Em
julho, o governador anunciou o reajuste salarial equivalente ao piso. Mas agora
demonstra que não tinha capacidade financeira", avaliou o professor.
Conforme O POVO apurou, a Seduc identificou que o Sistema
Integrado de Gestão Escolar (Sige) do Estado possui uma grande proporção de
carga horária fora da regência, ou seja, fora da sala de aula. Foram
registradas 227 mil horas semanais (equivalente a 5.675 contratos temporários
de 40 horas) e, destas, 104 mil horas estão vinculadas a professores de
contrato temporário. As outras 123 mil horas são de professores efetivos que
estão em atividades fora de sala de aula, o que impacta na necessidade de
contratação.
O POVO solicitou à Seduc a quantidade de professores demitidos
e a razão da medida. Através de nota, a secretaria afirmou que está fazendo
"um ajuste de lotação" junto às Coordenadorias Regionais de
Desenvolvimento da Educação (Credes) e Superintendência das Escolas Estaduais
de Fortaleza (Sefor) e esclareceu que a ação não afeta a regência de sala de
aula e os serviços de apoio pedagógico existentes. "No momento, cada
Crede/Sefor faz um estudo de sua realidade para redimensionamento da
lotação", cita a nota.
O presidente do Sindicato dos Professores e Servidores do
Ceará (Apeoc), Anízio Melo, afirmou que, desde o início do ano, a categoria
sabia sobre uma redução de 20% no custeio da Educação. Conforme ele, o
sindicato ainda está mapeando o total de professores temporários que serão
demitidos. "Não temos um levantamento ainda, mas situações pontuais. Mas a
medida não pode afetar a continuidade dos trabalhos nos laboratórios",
destacou.
Redação O POVO Online
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