Um homem que se passava por servidor da Secretaria da Fazenda
(Sefaz) e aplicava golpes em proprietários de empresas, em nome do órgão, foi
preso na tarde da última terçafeira (20), pela equipe da Delegacia de
Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE).
Segundo as investigações, depois de se apresentar como fiscal, o suspeito pedia
contribuições financeiras aos empresários para uma instituição de caridade ou
uma falsa colega.
O delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, titular da DDF, disse
que desde 2013 Rafael dos Santos Barros colocava o golpe em prática. O dinheiro
que conseguia das vítimas era arrecadado por um mototaxista, que confessou à
Polícia que há anos fazia corridas para Barros.
"Era uma estratégia muito boa a dele, porque evitava um
possível encontro com a Polícia. Raramente ia até a empresa pegar o dinheiro.
Tinha apenas o primeiro contato com o dono para pedir uma certa quantia. Na
hora de receber, mandava o mototaxista.
O rapaz disse, em depoimento, que perdeu as contas de quantas
vezes recebeu dinheiro de outras pessoas e entregou ao Rafael", disse o
delegado.
Na tarde de terçafeira, o suspeito foi até uma oficina, no
bairro Parangaba, e pediu R$ 250 ao dono do estabelecimento. O homem estranhou
a conduta e ligou para a Sefaz.
A corregedoria da Secretaria informou que não havia este tipo
de procedimento por parte dos servidores e entrou em contato imediatamente com
a DDF, que mandou uma equipe de policiais para acompanhar o desenrolar da trama
de Barros e prendêlo em flagrante.
"Os policiais foram até lá e acompanharam o mototaxista
até a Rua Mimosa, no Montese, onde seria feita a entrega do dinheiro. Neste
momento ele foi abordado e preso. Ao chegar na Delegacia não se intimidou e
contou com detalhes o que fazia", disse Jaime Paula Pessoa.
Ajuda
Segundo o delegado, Rafael Barros enganava as vítimas pedindo
ajuda para uma falsa funcionária terceirizada da Sefaz que precisava fazer uma
cirurgia, mas estava em uma situação financeira difícil; ou para uma
instituição de caridade chamada 'Pequeno Coração'. "As pessoas davam o dinheiro, porque
não queriam se indispor com o homem que dizia ser da Coordenadoria de
Fiscalização da Sefaz. Preferiam dar o que ele pedia sem colocar
dificuldades", afirmou.
O auditor por quem o suspeito se passava existe de fato. Ele
disse que há dois anos 22/10/2015 Homem usava nome de auditor fiscal em golpe
Polícia Diário do Nordeste recebe queixas e denúncias sobre este suposto comportamento.
Algumas vítimas já tinham entrado em contato coma Sefaz, que já havia tentado
descobrir quem era o impostor.
Barros não tinha antecedentes criminais. Ele está preso por
estelionato e sua fiança só poderá ser arbitrada em juízo. O titular da DDF
disse que as investigações continuam e que muitas outras vítimas devem
aparecer.
"Ainda não sabemos precisar quantas pessoas ele enganou,
mas certamente são muitas. Em um só dia ele fazia quatro, cinco ligações. Com a
identificação das vítimas teremos também a estimativa de quanto ele conseguiu
lucrar aplicando este golpe", declarou Linhares.
Alerta
O delegado da DDF lembra que é preciso que a sociedade fique
em alerta aos golpes aplicados em nome de instituições. "Já temos
denúncias de pessoas que se passam até por juízes e ligam para casa de
presidiários dizendo que eles terão direito à fiança e informando um conta para
que o dinheiro seja depositado. Infelizmente, na hora do desespero, muita gente
deposita".
Jaime Paula Pessoa diz que o golpe do sequestro pelo telefone
é outro que ainda está em alta. "É preciso manter a calma e avaliar se
aquela situação pode estar acontecendo de verdade. Nunca agir por impulso e
fazer logo os depósitos", explicou.
Linhares disse que, mesmo que a quantia seja pequena, as vítimas
devem denunciar. "Pode parecer um crime de pequena monta, quando uma
pessoa te engana e consegue levar R$ 100, R$ 200 seus. Porém, o que deve ser
levado em conta é que eles fazem várias vítimas por dia".
DIÁRIO DO NORDESTE
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