Uma experiência pioneira no Ceará, que O POVO conferiu de
perto: a implementação do Programa Jogue Tênis nas Escolas em vigor na escola
pública Raimundo Gomes de Carvalho, no bairro Dom Lustosa, em Fortaleza. Se o
esporte tem a fama de inacessível ou impopular, o programa, desenvolvido pela
Confederação Brasileira de Tênis (CBT), quer mudar essa concepção.
Implementado em março por iniciativa do professor de educação
física, Emerson Lucas, a escola promove duas vezes na semana, em dois horários
diários, aulas de iniciação ao esporte aos alunos da periferia da cidade que
estudam na instituição. Ao todo, cerca de 40 crianças entre oito e doze anos de
idade experimentam pela primeira vez a prática do tênis de forma totalmente
gratuita.
Com a chancela da CBT, Emerson buscou a iniciativa privada
para colocar o programa em prática no Ceará. Com a ausência de incentivo do
poder público, empresas parceiras disponibilizaram o material necessário para a
prática esportiva: rede, bolas, raquete, equipamentos complementares e
fardamento. “Não é caro. Compra uma vez e o material tem boa durabilidade e vai
ser utilizado por muitos alunos por muito tempo. Falta é vontade do poder público”,
diz o professor.
O piloto do programa foi posto em prática pela Confederação
inicialmente em 2008 em municípios de São Paulo. Hoje, após algumas
reformulações, o projeto chegou a um modelo padrão que pretende se instalar no
restante do País, em escolas públicas e particulares. A difusão do Programa em
diferentes Estados vai depender, por enquanto, de iniciativas pontuais como a
de Emerson. De acordo com o Airton Santos, coordenador nacional do programa na
CBT, o Jogue Tênis nas Escolas poderá alcançar cerca de 6 mil crianças daqui a
alguns anos.
Ele afirma que a Confederação tem feito um trabalho intenso
na formação pedagógica de professores para abraçar o projeto em seus
municípios. “Há talentos no Brasil que precisam ser buscados. Nós criamos
mecanismos para identificar esses talentos, que são as crianças acima da
curva”, afirma. Airton diz que o principal intuito é a formação do aluno e que
a prática profissional futura é uma consequência do trabalho desenvolvido.
EDUCAÇÃO PELO ESPORTE
De acordo com Emerson, o objetivo é ter o projeto como meio
educador no sentido de promover a cidadania a quem pouco tem. Falta de
estrutura familiar a crianças que participam do programa é um desafio a mais
para a manutenção das aulas. Diante das dificuldades, alguns faltam às
práticas, mas não desistem do projeto.
Qualificado pela CBT para ministrar as aulas e identificar
talentos, o professor já viu na aluna Raíssa de Castro, de 10 anos, um possível
talento. Interessada e com o sonho de ser jogadora profissional, ela é uma das
primeiras alunas do grupo a iniciar uma preparação para disputar pequenos
torneios em Fortaleza. “Quero disputar e ganhar”, diz. É que crianças que
demonstram um interesse maior pelo tênis, e tenham boas aptidões, terão a
chance de serem lapidadas na chamada célula receptora, um local mais apropriado
para o desenvolvimento do esporte à medida em que elas forem evoluindo.
Igor Santos, de 11 anos, é um dos alunos do projeto. O
interesse no esporte veio por influência do tio que praticou há alguns anos.
Ele lamenta não poder acompanhar os jogos na televisão por não ser assinante de
canais fechados. Mas diz que gosta das aulas do projeto e que as notas
melhoraram depois que começou a praticar o esporte.
O POVO
Nenhum comentário:
Postar um comentário