Diferentemente de outros serviços de telecomunicação, que
enfrentam dificuldades com novas tecnologias, o acesso à banda larga permanece
em expansão. Não é por menos, afinal, foi através do serviço que se estabeleceu
um novo perfil de consumo, com a utilização de aplicativos ou outras
ferramentas que podem substituir ligações fixas, móveis e até televisão por
assinatura.
Nem mesmo a crise econômica foi suficiente para reverter a
trajetória de crescimento do setor. Conforme levantamento da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), em setembro, o número de acessos de banda larga
fixa no Ceará cresceu 15,3% em relação a igual período do ano passado, mais que
o dobro da média de crescimento do País (7,28%) nesse intervalo. Naquele mês,
haviam 602.551 linhas de acesso no Estado.
Apesar do crescimento, o acesso à banda larga no Ceará ainda
é restrito quando comparado a outros estados. O serviço está presente em apenas
22,3% dos domicílios cearenses, quando, no Brasil, a média de inserção é de
38,3%. No Distrito Federal, que registrou o maior percentual de presença, cerca
de 67,7% das residências têm acesso ao serviço. Por outro lado, no Maranhão, a
média é de 10,33%.
Fortaleza é responsável por 64,5% das assinaturas no Estado,
seguida por Iguatu (8,3%), Maracanaú (3,4%) e Juazeiro do Norte (2,5%). Neste
mês, a implementação do Cinturão Digital do Ceará (CDC) pela Empresa de
Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) completou quatro anos. Segundo dados
do Governo, 90% das áreas urbanas do Ceará já estão conectadas.
Novas ferramentas
A analista industrial Carina Gonçalves, da consultoria Frost
& Sullivan, aponta que o crescimento do uso de aplicativos como o streaming
de vídeo, VoIP, IPTV, e over-the-top (OTT), bem como uma maior utilização das
redes sociais, deverão estimular o contínuo crescimento de banda larga fixa.
“Isso ocorre porque mais pessoas devem contratar planos de Internet com
velocidades mais altas”, observa.
Ela acrescenta que, no Nordeste, a expansão da banda larga
deve continuar em ritmo superior ao do País, uma vez que a penetração do
serviço é menor na região. Apesar de ser a terceira em números de acesso –
cerca de 3 milhões -, só 17,55% dos domicílios no Nordeste têm banda larga. A
região só fica a frente do Norte (17,07%).
Além disso, Carina destaca que o preço da banda larga fixa
tende a diminuir nos próximos anos com a expansão das tecnologias de banda
larga de alta capacidade – tais como FTTH, HFC, e VDSL – e com o aumento da
concorrência por novas empresas. “A estratégia de combo de banda larga fixa,
telefonia fixa, móvel, Wi-Fi, e pay-TV tende a continuar, também fortalecendo e
impactando o crescimento da banda larga”, aponta.
Já Eduardo Tude, presidente da consultoria especializada
Teleco, o aperto financeiro sofrido pelas famílias brasileiras neste momento
refletiu na redução do ritmo de crescimento da banda larga em 2015, em
comparação a anos anteriores.
“Apesar de ter reduzido um pouco o ritmo de crescimento que
vinha sendo apresentado, o setor continua crescendo”, ponderou. Ele aponta que
um dos principais desafios do setor é a necessidade de investimentos para
implantar a estrutura necessária para a transmissão de dados, em alta
velocidade, em áreas mais remotas.
Segundo Sérgio Kern, diretor do Sindicato Nacional das
Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil),
as empresas brasileiras já investiram R$ 30 bilhões no setor neste ano.
Carina também aponta que o mercado da banda larga fixa se
preocupa com a expansão da banda larga móvel 3G e 4G, com preços ainda
inacessíveis a grande parte da população e falta de competição em áreas
remotas. “Mas, os impulsionadores do mercado tendem a se sobressair. A
expectativa é que o mercado continue a crescer”, diz. (YP)
Diário do Nordeste
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