segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

CHUVA DE GRANIZO EM BARBALHA

Moradores do município de Barbalha presenciaram uma chuva de granizo na tarde da última desta sexta­-feira (25). O fenômeno que ocorre por fatores de contraste no clima quente e frio em nuvens de cúmulo­nimbo (que se desenvolvem verticalmente), durou apenas meia hora.

Outro fator que contribui para formação de granizo, que não é comum na região do Nordeste, são os ventos fortes. No dia anterior, uma forte ventania derrubou uma torre de telefonia móvel na cidade vizinha de Missão Velha.

Funceme

Segundo Raul Fritz, Supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as chuvas de granizo foram resultado da atuação de um sistema meteorológico chamado vórtice ciclônico, que facilita a formação de nuvens com grande desenvolvimento vertical, desde a base até o topo.

Essas nuvens são chamados cumulusnimbus e estão geralmente associadas a pancadas de chuvas rápidas e intensas. Elas também podem ser acompanhadas de rajadas de vento, podem provocar relâmpagos, raios, trovoadas. O fenômeno ocorre mais frequentemente em regiões como o Sul do Brasil e pode vir acompanhado de chuva de granizo. Aqui no Ceará é raro, e é difícil acontecer por causa das altas temperaturas, já que estamos próximos a Linha do Equador.

“A parte superior dessas nuvens contém cristais de gelo e eles podem crescer e virar a pedra de gelo que forma o granizo. Durante a queda, a pedra vai derretendo, porque a temperatura do ar é quente. Aí ela chega pequena, não cresce muito em regiões próximas do Equador. Mas algumas vezes elas chegam sem derreter, com algum tamanho. A existência das montanhas facilita a formação desse tipo de nuvem e também da queda de granizo”, afirmou.

Além disso, Fritz informou que existe menor possibilidade de acontecer o fenômeno nos próximos dias porque ele está se deslocando. “O movimento indica que ele está se deslocando para o Sul do Nordeste, o que tende a diminuir as chuvas, mas ainda existe instabilidade e influência do fenômeno. Ainda é possível, mas menos provável”, garantiu o supervisor.

Já para o início da semana, é possível que venham novas chuvas para o Ceará, com o refortalecimento deste fenômeno. Pode voltar a chover segunda e terça. “O vórtice ciclônico é específico dessa época, mas é mais comum em janeiro. Também pode acontecer em fevereiro”, disse.

Nesse período, que chamamos de pré­estação, é bem frequente acontecerem algumas chuvas no Ceará. “A gente só consegue prever como os fenômenos vão atuar dois ou três dias antes. Esperamos que o vórtice venha com frequência para compensar o efeito negativo que o El Niño está realizando no Pacífico e que tende a escassear as chuvas. Quanto mais o vórtice atuar, melhor para as chuvas no próximo ano”, afirmou Fritz.

De acordo com o supervisor da Funceme, em Iracema choveu 116 milímetros e até já recarregou um açude. “No início da segunda quinzena a gente vai ter uma ideia melhor porque vai entrar com mais precisão as informações sobre o Oceano Atlântico, que tem muita importância nas chuvas daqui”, finalizou.


Com Diário do Nordeste

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