Moradores do município de
Barbalha presenciaram uma chuva de granizo na tarde da última desta
sexta-feira (25). O fenômeno que ocorre por fatores de contraste no clima
quente e frio em nuvens de cúmulonimbo (que se desenvolvem verticalmente),
durou apenas meia hora.
Outro fator que contribui para
formação de granizo, que não é comum na região do Nordeste, são os ventos
fortes. No dia anterior, uma forte ventania derrubou uma torre de telefonia
móvel na cidade vizinha de Missão Velha.
Funceme
Segundo Raul Fritz, Supervisor da
Unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), as chuvas de granizo foram resultado da atuação de um
sistema meteorológico chamado vórtice ciclônico, que facilita a formação de
nuvens com grande desenvolvimento vertical, desde a base até o topo.
Essas nuvens são chamados
cumulusnimbus e estão geralmente associadas a pancadas de chuvas rápidas e
intensas. Elas também podem ser acompanhadas de rajadas de vento, podem
provocar relâmpagos, raios, trovoadas. O fenômeno ocorre mais frequentemente em
regiões como o Sul do Brasil e pode vir acompanhado de chuva de granizo. Aqui
no Ceará é raro, e é difícil acontecer por causa das altas temperaturas, já que
estamos próximos a Linha do Equador.
“A parte superior dessas nuvens
contém cristais de gelo e eles podem crescer e virar a pedra de gelo que forma
o granizo. Durante a queda, a pedra vai derretendo, porque a temperatura do ar
é quente. Aí ela chega pequena, não cresce muito em regiões próximas do
Equador. Mas algumas vezes elas chegam sem derreter, com algum tamanho. A
existência das montanhas facilita a formação desse tipo de nuvem e também da
queda de granizo”, afirmou.
Além disso, Fritz informou que
existe menor possibilidade de acontecer o fenômeno nos próximos dias porque ele
está se deslocando. “O movimento indica que ele está se deslocando para o Sul
do Nordeste, o que tende a diminuir as chuvas, mas ainda existe instabilidade e
influência do fenômeno. Ainda é possível, mas menos provável”, garantiu o
supervisor.
Já para o início da semana, é
possível que venham novas chuvas para o Ceará, com o refortalecimento deste
fenômeno. Pode voltar a chover segunda e terça. “O vórtice ciclônico é
específico dessa época, mas é mais comum em janeiro. Também pode acontecer em
fevereiro”, disse.
Nesse período, que chamamos de
préestação, é bem frequente acontecerem algumas chuvas no Ceará. “A gente só
consegue prever como os fenômenos vão atuar dois ou três dias antes. Esperamos
que o vórtice venha com frequência para compensar o efeito negativo que o El
Niño está realizando no Pacífico e que tende a escassear as chuvas. Quanto mais
o vórtice atuar, melhor para as chuvas no próximo ano”, afirmou Fritz.
De acordo com o supervisor da Funceme,
em Iracema choveu 116 milímetros e até já recarregou um açude. “No início da
segunda quinzena a gente vai ter uma ideia melhor porque vai entrar com mais
precisão as informações sobre o Oceano Atlântico, que tem muita importância nas
chuvas daqui”, finalizou.
Com Diário do Nordeste
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