Durante celebração de missa na Sé Catedral de Crato, em
júbilo pela passagem do Ano Santo, o Bispo Dom Fernando Panico leu decreto de
reconciliação da Igreja com o Padre Cícero.
Um documento emitido pelo Papa Francisco onde a Igreja Católica
Apostólica Romana pede perdão ao Santo Popular dos nordestinos.
De acordo com o documento divulgado o Padre Cícero está
oficialmente anistiado de todas as punições que lhe foram impostas pelo bispo e
o papa da época.
Suspenso de ordens, e não excomungado, o Padre Cícero
encerrou seus últimos dias de vida, em 20 de julho de 1934.
Agora em pleno Ano Santo (2015) a Igreja se reconcilia com o
Padre Cícero, pondo fim ao martírio que ele suportou até morrer.
Saiba mais
Ordem cronológica dos acontecimentos segundo pesquisa do
professor e memorialista Daniel Walker.
- 4 de novembro de 1889. Inconformado com as notícias
veiculadas na imprensa sobre os milagres o Bispo Dom Joaquim envia carta a
Padre Cícero na qual o proíbe expressamente de fazer qualquer manifestação
pública sobre o assunto.
- 6 de agosto de 1892. Através de Portaria o bispo D. Joaquim
suspende o Padre Cícero das faculdades de confessar, pregar e administrar
sacramentos. Esta foi a primeira pena grave imposta oficialmente a ele como
desdobramento das investigações dos fenômenos ocorridos no povoado de Juazeiro
a partir de 1º de março 1889, denominados popularmente de Milagres da Hóstia.
- 13 de abril de 1896. O bispo dom Joaquim aumenta a punição
ao Padre Cícero e o proíbe de celebrar Missa.
- 10 de fevereiro de 1897. O Santo Ofício emite um novo Decreto, agora proibindo a
permanência de Padre Cícero em Juazeiro, sob pena de excomunhão. Temeroso de
incorrer na pena de excomunhão, em 29 de
junho de 1897 ele resolve sair do povoado e vai para Salgueiro.
- 22 de junho de 1898. Após cinco interrogatórios os cardeais
do Santo Ofício decidem absolver o Padre Cícero das censuras até então
impostas, mas ele permanece com a proibição de pregar, confessar e dirigir as
almas e é aconselhando a procurar outra diocese.
- 5 de setembro de 1898. Após vários requerimentos enviados
ao Santo Ofício para regularizar sua situação ele consegue autorização e com
muita alegria celebra Missa na Capela de São Carlos em Roma. E os cardeais
foram mais benevolentes ainda, pois lhe concederam também permissão para
celebrar durante a viagem de volta ao Brasil.
- 15 de novembro de 1898. Padre Cícero se apresenta a Dom
Joaquim em Fortaleza e lhe informa que fora absolvido em Roma. Mas o bispo,
certamente insatisfeito com a decisão do Santo Ofício, foi implicante mais uma
vez e não permite que ele celebre em Juazeiro.
- 12 de julho de 1916. O Santo Ofício declara o Padre Cícero
incurso na excomunhão latae sententiate.
- 27 de julho de 1916.
O cardeal Merry Del Val comunica o fato oficialmente ao Núncio
Apostólico, Dom José Anversa. D. Quintino, bispo do Crato, só tomou
conhecimento desse documento no dia 14 de abril de 1917, portanto nove meses
depois da sua publicação. E só resolveu comunicar por carta ao Padre Cícero no
dia 29 de abril de 1920, portanto três anos depois. Padre Cícero não chegou a
receber essa carta porque Dr. Floro foi quem a viu primeiro e diante do
conteúdo exposto achou por bem não lhe entregar, pois achava que em face da
avançada idade Padre Cícero não estava em condições de saúde e psicológicas
para suportar tamanho baque. E foi isso mesmo que Dr. Floro informou ao bispo,
conseguindo convencê-lo a não dar conhecimento da gravíssima pena de excomunhão
a que padre Cícero incorreu. Dom Quintino tinha, então, um documento provando
que Padre Cícero estava excomungado, mas mesmo assim deixou que ele continuasse
celebrando missa fora de Juazeiro. Ele celebrava no sítio Saquinho, município
do Crato.
- 1º de janeiro de 1917, estando excomungado, mas sem saber,
Padre Cícero recebe autorização do bispo para celebrar Missa na capela de Nossa
Senhora das Dores, onde deixara de celebrar desde o dia 6 de agosto de 1892.
- 3 de junho de 1926. Como Padre Cícero adotou a opção de
permanecer em Juazeiro Dom Quintino acatando determinação do Santo Ofício o
suspende novamente, retirando-lhe o uso
de ordens. Foi esta a última e definitiva punição.
- 20 de outubro. O Papa Francisco emite decreto onde a Igreja
Católica Apostólica Romana pede perdão ao Padre Cícero anistiado de todas as
punições que lhe foram impostas anteriormente.
MISÉRIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário