Crato. Em dois dias de chuvas quase ininterruptas no Cariri,
o Crato registrou a maior precipitação de anteontem para ontem no Ceará, com 108mm.
Choveu em 170 municípios, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme). Como resultado desses dias, ontem os açudes
monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
apresentaram uma elevação no nível de 11,9% para 12,1%.
A região teve as maiores chuvas dessa sexta-feira, deixando desabrigados,
áreas alegadas e transtornos para os moradores. Pelo segundo dia consecutivo, o
Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes teve voo cancelado e pessoas que
aguardavam familiares e amigos reclamavam a falta de informações no local.
Segundo informações da Defesa Civil do Crato, por conta da
chuva de ontem, quatro famílias ficaram desabrigadas. Duas do bairro Mirandão,
e as outras da Vila Lobo. Nenhuma das áreas está dentro das nove classificadas
como de risco. As moradias eram de taipa e já estavam bastante deterioradas.
Segundo o integrante da Defesa Civil, Charles Gaudino, foi realizada reunião
para realocar os desabrigados. Na Baixada Fluminense, área periférica do bairro
Seminário, chegou a acontecer alagamento. Famílias foram para a paróquia São
João Batista, no bairro Mirandão.
Outra área de risco que está sob constante atenção, conforme
Gaudino, é o Centro, nas proximidades do Canal do Rio Granjeiro. Neste ano não
houve cheia. Mas alguns pontos estão com problemas, como na área próxima ao
mercado Walter Peixoto, que quebrou no ano passado e, com as chuvas deste ano,
poderá ter a situação agravada. Em Juazeiro do Norte, não foram registradas
ocorrências maiores, mas alguns pontos de alagamentos, como na Avenida Padre
Cícero, que, por algumas horas da manhã de ontem, ficou interditada. A chuva na
cidade foi de 69mm.
No bairro Lagoa Seca, uma área está interditada e um ônibus
escolar que tentou fazer a travessia da Avenida Plácido Aderaldo Castelo, parou
no meio, no fim da manhã de ontem. A área tem problema de drenagem. Uma obra
chegou a ser iniciada, mas não foi concluída. A reportagem tentou contato com o
secretário de Infraestrutura do Município, Rogers Macedo, mas o telefone dele
estava fora de área. Moradores utilizam um barco a remo para atravessar a
lagoa. Um restaurante, ficou praticamente submerso. Os carros tiveram que
desviar por outras ruas. A via é a de maior fluxo no local, com acesso a
universidades, restaurantes, bares e áreas residenciais.
Quiterianópolis, na região dos Inhamuns, teve o segundo maior
volume, 104mm. Segundo o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, está ocorrendo
um fenômeno semelhante ao verificado em fins de janeiro de 2004, quando houve
intensas chuvas no Ceará, arrombamento de estradas, queda de pontes, cheia do
Açude Castanhão, arrombamento do Açude Arneiroz II. Apesar das fortes chuvas
nos últimos dias, ele observa que os prognósticos para a quadra chuvosa
(fevereiro a maio) apontam maior tendência de chuvas abaixo da média por causa
do El Niño, que permanece muito intenso. O Instituto de Meteorologia dos
Estados Unidos confirma essa tendência.
As chuvas neste primeiro mês de 2016 ajudam a estabilizar o
nível dos reservatórios. Hoje, a média geral de volume d'água nos 153 açudes
monitorados pela Cogerh se mantém em 12,1%. "A importância dessas chuvas é
garantir que não se tenha perda, o que já nos ajuda nesse começo de ano. Isso,
juntamente com a série de ações que vêm sendo planejadas e desenvolvidas desde
2015, fazem com que não tenhamos nenhum município em colapso de
abastecimento", explica o secretário de Recursos Hídricos, Francisco
Teixeira.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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