Mais mulheres estão sendo recrutadas pelo tráfico de drogas
no Ceará. Segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), 71,4% da
população carcerária feminina no Estado está detida por crime de tráfico. O
percentual mostra como a prática se tornou a principal forma de inserção
feminina no crime.
Na tarde da última terça-feira, 19, Maria Célia Gonçalves da
Silva, 55 anos, foi executada a tiros no Centro. Conhecida como “Célia do Oitão
Preto”, ela era uma das mais renomadas traficantes da comunidade. Nesta
sexta-feira, 22, operação prendeu 11 pessoas por tráfico em Chorozinho. eram
seis homens e cinco mulheres.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS), o número de mulheres presas por comércio ilegal de entorpecentes em
2015 aumentou 12,6% em relação a 2014. O número de adolescentes apreendidas
teve acréscimo 15,6%, em relação ao ano anterior.
Inserção no crime
Em regra, a entrada das mulheres no tráfico ocorre por
influência dos companheiros. O diretor da Delegacia de Combate ao Tráfico de
Drogas (DCTD), Sérgio Pereira, informa que esse é o caminho de 98% das presas
pela delegacia especializada. As demais são contratadas como “soldadas do
tráfico”.
Pereira explica que há diferentes estágios na inserção.
Algumas nem têm conhecimento das práticas dos parceiros. Outras, além de
tolerar, ajudam o marido em papel secundário: desde ajuda na contabilidade até
checar se há policiais nas proximidades.
A etapa seguinte ocorre quando o marido é preso ou morto.
Nesse caso, já acostumadas ao sustento vindo do tráfico, muitas assumem o comando
direto do ponto de vendas.
Vínculos afetivos e familiares são determinantes na estrutura
de organização do tráfico porque a confiança é questão de vida ou morte. “Se
perder a confiança, paga com a vida. Todos são pessoas de confiança do
traficante, até o olheiro que fica na esquina e avisa com o celular. Esse, por
exemplo, é um papel principal. Se a Polícia conseguir chegar e ele não avisar,
paga com a vida. Inclusive as mulheres que entram nisso”, relata o diretor da
DCTD.
Perfil
Atualmente, há 750 presas no Instituto Penal Feminino
Desembargadora Auri Moura Costa. As detidas por tráfico são 536. Segundo
Cristiane Gadelha, que coordena a área de Inclusão Social do Preso e do
Egresso, as detentas em geral têm ensino fundamental incompleto e são cada vez
mais jovens quando presas.
Cerca de 70% das presas são mães e buscam o tráfico para o
sustento da família. Conforme o último censo penitenciário (2013/2014), 37% das
mulheres detidas são reincidentes e voltam à penitenciária. Uma das
dificuldades, segundo Cristiane, é superar o preconceito e conseguir empregos
para ex-detentas.
Fonte: O Povo
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