Um empresário decidiu, neste município, agir
por conta própria para combater o mosquito vetor da dengue, chikungunya e zika
vírus. A ação inovadora conta com a "ajudinha" de um peixe de apenas
quatro centímetros. A ação, realizada em Caririaçu, vem se repetindo de
maneiras diferentes em outros municípios, considerando o interesse comum de conter
a proliferação do mosquito.
Este município da região do Cariri, no
entanto, se destaca por uma novidade. O empresário Jefferson Pereira,
preocupado com os altos índices das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti,
começou a pesquisar sobre o ciclo de vida do mosquito e encontrou, no site da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), informações sobre um
agente natural que se alimenta de ovos e larvas de mosquitos transmissores de
doenças, o peixe Poecilia reticulata, conhecido popularmente como "Barrigudinho".
Apesar de ser bem pequeno, o
"barrigudinho" pode desempenhar um papel fundamental na eliminação de
criadouros do mosquito Aedes aegypti. Ele é de rápida reprodução e capaz de
sobreviver em locais com pouca oxigenação, conforme explica o agente de
endemias Lindomar Cavalcante.
"Tanque, caixa d´água e até tambores são
locais em que o peixe consegue sobreviver. Eles se alimentam de matéria
orgânica e conseguem eliminar o desenvolvimento das larvas do mosquito". O
profissional ressalta, no entanto, que o peixe não evita que o Aedes ponha os
ovos, mas sua contém a reprodução.
"O mosquito continua se reproduzindo
normalmente, mas o peixe vem e come ovos e larvas, evitando a proliferação. É
um peixe pequeno, bonito mas muito faminto", acrescenta o agente de
endemias.
Jefferson explica que há uma semana tem
trabalhado nessa iniciativa. "Como minha empresa possui aquários para a
comercialização de peixes ornamentais, decidi coletar o barrigudinho em seu
ambiente natural e distribuí-lo para a população colocar nas caixas d´água,
cisternas ou qualquer outro reservatório de água", detalha o diretor
comercial da Casa da Pesca.
Distribuição
O empreendedor compra os peixes de uma
colônia de pescadores e os doa em sua loja. "É um investimento financeiro
pequeno frente ao grande benefício que ele pode gerar à população",
acrescenta. Para potencializar a ação, o empresário apresentou a ideia aos
agentes de endemias do município, que passaram a ajudar na distribuição.
"Em uma semana, já distribuímos quase 900 peixes", disse Pereira.
Vantagens
Segundo Lindomar, durante as visitas
domiciliares, os próprios agentes aconselham os moradores a irem até a empresa
pegar os peixes, de preferência, um casal. "Outra vantagem é que ele se
reproduz muito rapidamente, bastam um macho e uma fêmea para que, em um mês, a
população aumente quase 30 vezes", explica.
A única restrição que se deve tomar, é não
jogar cloro na água. O peixe não sobrevive ao tratamento químico. "Em
locais onde a água é tratada quimicamente não é necessário colocar os peixes,
já que nem ele e nem as larvas do mosquitos sobrevivem", finaliza
Lindomar.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)
orienta que a melhor forma de evitar a dengue é eliminar os criadouros do
mosquito. É importante vedar caixas d´água, tanques e cisternas, lavar e cobrir
potes e não acumular água em latas, copos plásticos, tampinhas de
refrigerantes, pneus usados, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas.
No Ceará, 87 municípios estão em estado de alerta
em vista da alta incidência de vítimas da dengue, zika ou chikungunya. Nos
meses de março, abril e maio a atenção será redobrada pelo poder público, em
decorrência da estação chuvosa que ocorre no Estado.
Fonte: Diário do Nordeste
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