Pelo menos três presidiários que estariam em uma mesma Casa
de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) do Ceará teriam ordenado a maioria
dos 13 atentados registrados na Grande Fortaleza, desde a última quarta-feira,
2. O POVO apurou que os detentos seriam ligados a facções criminosas como o
Primeiro Comando da Capital (PCC), organização paulista com atuação no Ceará. A
descoberta se deu no último domingo, 6, após as prisões de três pessoas que
teriam participado diretamente dos ataques.
O assunto foi tratado em reunião entre a cúpula da Segurança
e o governador Camilo Santana (PT), ontem, no Palácio da Abolição. Os ataques
teriam sido ordenados, conforme as investigações, por revolta dos internos, que
alegam maus-tratos nas prisões. Essa era uma das cinco linhas de investigação
trabalhadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSPDS) até o momento das
prisões.
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Grupos em "atitude suspeita" serão abordados
“Sem sombra de dúvidas, os ataques, principalmente às
delegacias, ocorreram por ordem de bandidos de dentro dos presídios. Esses
mandantes já foram identificados e serão interrogados. Eles tinham o objetivo
de chamar atenção para as más condições no ambiente carcerário”, afirmou
Andrade Júnior, delegado-geral da Polícia Civil.
Até o fechamento desta página, foram registrados 13 ataques:
cinco delegacias e um prédio da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) foram
alvejados com disparos de armas de fogo e seis ônibus e uma topique foram
incendiados. Ao todo, nove pessoas foram presas e três adolescentes
apreendidos, suspeitos de participação nos atentados.
Prisões de domingo
As prisões de três pessoas envolvidas nos ataques a prédios
públicos aconteceram na tarde de domingo, no bairro Ancuri, em Fortaleza, e no
município de Pacajus. Por meio de nota, a SSPDS informou que a ação teve início
após policiais militares abordarem dois suspeitos em um carro clonado de modelo
HB20 e placa PMH 5438, no Ancuri. No veículo, os policiais encontraram uma
carta de agradecimento pelos ataques contra as delegacias, supostamente
assinada pelo PCC. Mesmo com a apreensão da carta, o delegado considera que
“ainda é prematuro atribuir a ocorrência dos atentados a uma organização
criminosa específica”.
A dupla foi levada à Delegacia de Roubos e Furtos (DRF).
Foram presos Francisco Rafael Pereira Almeida, 23, e Lucas Pessoa de Almeida,
38. A partir da prisão, a Polícia chegou a Ana Klaudya Fernandes de Oliveira,
26, que é companheira de um presidiário. Na casa dela, em Pacajus, foram
apreendidas duas espingardas de calibres 12 e 44, usadas nos ataques.
Na noite de ontem, foram presos mais dois suspeitos. Até o
fechamento desta matéria, não foram divulgados os nomes dos capturados ou se
eles estão envolvidos nos ataques às delegacias ou ao transporte público.
Segundo Andrade Junior, os presos responderão por porte ilegal de arma, tráfico
de drogas, dano ao patrimônio público, tentativa de homicídio e formação de
quadrilha.
A SSPDS, por sua vez, informou, em nota, que a morte de um
adolescente em troca de tiros com policiais do BPRaio teria sido a motivação
para os ataques.
Saiba mais
Prisões
Na última quarta-feira, 2, quatro homens foram presos em
flagrante por equipe do Raio, por volta das 19h40min, na BR-116, na altura do
Km-24, em Itaitinga. Eles estavam com um revólver, uma espingarda e utilizavam
um automóvel Gol que teria sido usado no ataque ocorrido na Aerolândia.
No mesmo dia, às 21h15min, três adolescentes foram
apreendidos, também por homens do Raio, numa parada de ônibus da avenida
Sargento Hermínio, no Presidente Kennedy. Eles estavam com um revólver calibre
32 e um galão com 5 litros de gasolina, e estariam esperando para incendiar
outro ônibus.
Segundo a Polícia, os adolescentes atacaram ônibus no
Presidente Kennedy, para vingar a morte de José Neir Moura Neto, 16. O jovem
trocou tiros com a Polícia e morreu.
Linhas descartadas
As outras possibilidades eram que os ataques fossem:
retaliação pela tentativa de suborno, negada por policiais, feita por uma
mulher, presa por tráfico; retaliação pela discussão sobre o uso de
bloqueadores de sinal de celular nas penitenciárias; e uma reação à
transferência de um detento de alta periculosidade para um presídio federal.
O POVO
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