No Ceará, de outubro de 2015 a 11 de abril de
2016, foram notificados 451 casos de microcefalia. Destes, 17,7% (80) foram
confirmados, 26,0% (117) foram descartados e 56,3% (254) estão em investigação,
de acordo com boletim divulgado nesta terça-feira (12), pela Secretaria de
Saúde do Estado (Sesa).
Do total de notificados, 83,8% (378) foram
detectados no pós-parto e 16,2% (73) durante a gestação. Dos casos confirmados,
86,2% (69) foram encerrados por critério clínico-radiológico e 13,8% (11)
tiveram diagnóstico laboratorial confirmado para vírus zika.
Ocorreram 27 óbitos, sendo quatro casos de
natimortos e 24 casos que evoluíram óbito após o nascimento. Destes, 46,4% (13)
permanecem em investigação e 53,6% (15) foram confirmados sugestivos de
infecção congênita, sendo oito óbitos com identificação do vírus Zika em tecido
fetal.
Em todo o Brasil, foram registrados - no
mesmo período - 235 óbitos suspeitos de microcefalia ou alteração do sistema
nervoso central após o parto ou durante a gestação (abortamento ou natimorto).
Destes, 50 foram confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema
nervoso central. Outros 155 continuam em investigação e 30 foram descartados.
Segundo o
Ministério da Saúde, todos os casos de microcefalia e outras alterações
do sistema nervoso central, informados pelos estados, e a possível relação com
o vírus Zika e outras infecções congênitas estão sendo investigados. A
microcefalia pode ter como causa, diversos agentes infecciosos além do Zika,
como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus
e Herpes Viral.
O Ministério da Saúde orienta as gestantes
adotarem medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a
eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter
portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e
utilizar repelentes permitidos para gestantes.
De acordo com infectologista Roberto da
Justa, após o nascimento, o bebê não tem mais o vírus zika no corpo. "O
vírus esteve durante o desenvolvimento fetal, mas após dias ou semanas, ainda
no corpo da mãe, o virus é eliminado. A criança não transmite vírus pra
ninguém. Ela fica com as sequelas da infecção durante a gravidez",
explica.
"Uma parcela vai nascer com
microcefalia, outra parcela não vai nascer. O dano cerebral às vezes é tão
grave que acaba comprometendo funções vitais, principalmente respiração e
capacidade de se alimentar", relata. "Existem casos mais leves,
outros mais graves. Pode repercutir futuramente no desenvolvimento psicomotor,
fala, aprendizagem, memória, locomoção", explica o médico.
"Uma parcela vai nascer com
microcefalia, outra parcela não vai nascer. O dano cerebral às vezes é tão
grave que acaba comprometendo funções vitais, principalmente respiração e
capacidade de se alimentar", relata. "Existem casos mais leves,
outros mais graves. Pode repercutir futuramente no desenvolvimento psicomotor,
fala, aprendizagem, memória, locomoção", explica o médico.
Microcefalia
A microcefalia é uma condição rara em que o
bebê nasce com um crânio de um tamanho menor do que o normal – com perímetro
inferior ou igual a 32 centímetros (até este ano o Ministério da Saúde adotava
33 cm, mas a medida foi alterada de acordo com parâmetros da Organização
Mundial da Saúde). A condição normal é de que o crânio tenha um perímetro de
pelo menos 34 centímetros. Essas medidas, no entanto, valem apenas para bebês
nascidos após nove meses de gestação, e não são referência para prematuros.
Na maior parte dos casos, a microcefalia é
causada por infecções adquiridas pelas gestantes, especialmente no primeiro
trimestre de gravidez – que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. De
acordo com os especialistas, outros possíveis causadores da microcefalia são o
consumo excessivo de álcool e drogas ao longo da gestação e o desenvolvimento
de síndromes genéticas, como a síndrome de Down.
Pesquisas
Pesquisadores brasileiros descobriram que o
agente infeccioso que se espalhou pelo Brasil é resultado de uma mutação que
criou um tipo novo de vírus muito mais perigoso e que ataca as células dos
cérebros dos bebês. Segundo eles, esse é uma vírus diferente do que foi
identificado em Uganda, na África, em 1947.
"Foram mutações que tornou o vírus zika
capaz de entrar no sistema nervoso central das pessoas com mais facilidade. O
vírus africano infecta e destrói logo a célula. O nosso vírus opera a
diferenciação da célula". explica Amílcar Tanuri, virologista e
pesquisados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Assim, a infecção impede que as células troco
virem neurônios, que são as células do cérebro. Sem a multiplicação dos
neurônios, o cérebro dos bebês não cresce, mostra a pesquisa.
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário